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Ele olha distraído para o holograma que está ao meu lado. - O que estás a ler? - questiona à mulher.

- Um livro sobre compostagem. - ela responde.

- O que há de novo com a compostagem? - pergunta, contudo o olhar dele não está focado nela, ou na resposta que ela vai dar, e sim no modelo que está ao meu lado e à frente dele.

- Ciência interessante.

- Eu descobri. - interrompe. - falando nisso. - e pelo rumo da conversa, sinto que estou a mais.

- Sabes, só para falarmos a mesma coisa... - ela tenta entender o que se está a passar, e sinceramente, não sei qual vai ser a opinião dela no assunto.

- Viagem no tempo. - esclarece.

- O quê? - ela baixa a cabeça, sinto que o momento é íntimo, mas já nem tenho forças para me importar. - É incrível, e aterrorizante.

- É verdade. - ele senta-se ao lado dela, e tem a mão dela pousada sobre o seu ombro. Realmente estou a mais, mas não consigo ao ouvir a conversa.

- Nós tivemos muita sorte. - temos opiniões diferentes, mas pode-se dizer que sim.

- É, eu sei.

- Muita gente não teve.

- Não, eu não posso ajudar todas. - replica rápido.

- Parece-me a mim que podes. - diz com um sorriso delicado.

- Não se eu parar. Eu posso dar um tempo nisto agora, e parar.

- Tony, tentar fazer-te parar, foi um dos poucos fracassos da minha vida. - rio internamente, pois é uma das maiores características do Tony. Necessitar de ajuda, e não a aceitar. Mesmo não partilhando sangue, é uma característica que partilhamos.

- Algo me diz que eu deveria colocar isto num cofre, ou atirá-lo ao lago e ir dormir.

- Mas achas que ias conseguir descansar? - pergunta e encaram-se, mas em poucos segundos, ela levanta-se e pousa um beijo na testa dele.

Vira-se para mim. - Boa noite, Elizabeth.

- Boa noite, Pepper. - mal ela sai, ponho-me de pé, e viro-me para o Tony.

- Como tiveste a ideia de inverter? - pergunto, realmente curiosa.

- O pirralho deu-me a ideia. Estiveste a chorar? - pergunta pousando a mão no meu ombro tendo os seus olhos alterados para um olhar atento, entrando em modo pai.

- Pois claro. Nós vamos fazê-lo, não vamos? - olho fixamente para ele, pela pouca relevância que eu dou às minhas lágrimas, ele ignora-as também, ou finge ignorá-las.

Ele não responde, apenas tira a mão do ombro e vira-me as costas. - Nós precisamos, não é mesmo?

- Eu vou mesmo precisar de terapia. - concluo.

- Eu saio amanhã cedo. - informa, apoiando todo o peso do corpo nos braços, que estão consecutivamente apoiados na mesa. Aparentemente eu não estou incluída. - A não ser que te sintas capaz de me acompanhar. - suspiro de alívio, certamente eu não seria capaz de ficar para trás, sabendo de tudo que vai acontecer.

- Fisicamente, nunca me senti tão bem. - o que é totalmente verdade. Tive um aumento no conhecimento do treinamento que vim a receber.

Até Thanos, a única pessoa que me tinha treinado de forma intensiva tinha sido certamente a Natasha, mesmo que de vez em quando tivesse momentos em que outros Vingadores me ensinavam uns truques. Contudo, após o estalo, tive a oportunidade de conhecer novas pessoas, que certamente me ajudaram a aliviar o stress.

A Stark but not a Stark | 2Onde histórias criam vida. Descubra agora