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Entro no complexo, deixando as duas crianças a conversar. O local está quase vazio, e o silêncio prolonga-se até chegar ao enorme compartimento que normalmente está desocupado. Hoje tem uma van no meio, e alguns dispositivos estranhos ligados à mesma.

O Bruce está atrás da máquina a tentar conecar alguns cabos, e sinceramente, depois que ele se uniu ao Hulk, ele ficou só mais desastrado do que já era.

Os meus passos ecoam no silêncio, atraindo a atenção dos 3 para mim. O Scott tem uma sandes na mão, e está literalmente boquiaberto por me ver. - Elizabeth, vieste-nos salvar? - exclama em voz alta, e cheio de entusiasmo. Parece que as ideias do Banner não estão a fazer muito sucesso.

- Ei! - reclama o verde. Eu não respondo, não vá eu ofender o Bruce.

A Natasha está totalmente entedidada e aborrecida em cima de uma mesa, parece prestes a perder a paciência. Suspira de alívio ao me ver. - O Steve saiu, mas deve estar a voltar para falar contigo. Acho que foi arejar, não estamos a ter resultados.

Abro a boca para responder, mas sou interrompida pelo Scott. - Não nos vieste ajudar? - pergunta decepcionado, e de boca cheia.

Ignoro-o. - Eu encontrei-me com ele lá fora. Ele está com o Tony. - explico. - Acho que se estão a entender, ou sei lá o que.

- Então o Stark está cá? - volta a perguntar, e desta vez decido responder-lhe.

- Eu sou Stark, e estou cá, mas sim, o meu pai, Anthony está cá, e sim, viémos ajudar. - dou-lhe um sorriso nada voluntário.

- Não eras tu que não eras...

- Scott, não vás por aí, tu estás a sentir a dor da perda da Hope à pouco mais de um dia, enquanto que eu tinha 15 anos quando tudo aconteceu. Eu estava no meio de tudo, eu fui esmagada pelo Thanos, e eu venho a sofrer por 3 anos, portanto não vamos mencionar o que eu digo, apenas agradece que eu esteja aqui. - suspiro totalmente exausta de estar já a esgotar a minha paciência, e apenas acabei de chegar.

- Desculpa. - murmura baixo, mas não baixo o suficiente para que eu não oiça.

- Nat, diz ao Steve que estou... - viro-me para a ruiva, que está simplesmente a escutar as coisas, mas apercebo-me que o loiro acaba de chegar ao lado Tony. - Steve! - chamo. - Podemos ir? - peço num tom mais baixo.

Ele sorri gentil. - Claro.

Entramos na sala de reuniões, onde ele se senta numa cadeira, e eu permito-me deitar-me na mesa. Não seria a opção dele, mas sinto que se olhar para a cara dele muito tempo seguido, ainda acabo às gargalhadas.

- Vamos começar por como te sentiste quando soubeste, quando o Tony chegou, e soubeste que ele não sobreviveu. - começa ele, e estou já confusa.

- Porque é que o assunto é apenas o Peter? - questiono.

- A Natasha tomou a liberdade de me informar que...

- Não vamos falar sobre o Peter, não já. - peço olhando fixamente para o teto. Ele concorda.

- Então vamos falar sobre como foi quando já tinham passado tantos dias, e começaste a pensar se tinhas perdido o Tony. Pode ser? - pergunta gentilmente, e ouço-o a remexer-se na cadeira.

- Senti-me mal, senti que não podia estar a acontecer outra vez.

- Com o outra vez, refereste a teres perdido os teus pais biológicos? - pergunta de forma cautelosa.

- Eu não os perdi, eu matei-os. - exclareço, e ele endireita-se na cadeira, o que demonstra que ele ficou muito interessado. - Não foi intencional, eu quero acreditar nisso. Foi tudo um acidente. Eles vinham a experimentar em mim desde que eu estava no útero da minha mãe, e os meus poderes decidiram manifestar-se durante uma enorme discussão que explodiu o prédio. - explico.

Ele tosse de leve. - Então sentiste que a possível morte do Tony era tua culpa?

- Nunca disse isso. - digo, mas agora que penso nisso, será que não foi isso mesmo que senti? - Eu estaria a perder outra vez alguém, e retomando ao Peter, quando soubeste que ias "morrer" - faço os gestos das aspas, e de seguida, levanto-me, ficando sentada na mesa, de olhos postos nele. - e sabias que ias ficar separado do amor da tua vida, como te sentiste?

Ele não responde de forma imediata, então eu continuo. - Foi como eu me senti. No meu caso, eu precisei de o perder, para me aperceber que o amava tanto, que estava a confundir tudo, e isso ainda dói tanto em mim, pois eu nunca disse que o amava, em nenhuma circunstância. Acredito que tu tiveste as tuas oportunidades. Pensa no Bucky, eu perdi o meu Bucky e a minha Peggy, tudo num dia.

- Sentiste-te sozinha. - conclui.

- Sim! - levo as mãos ao ar de forma dramática. - Como nunca. Tudo mudou num insatante, e eu odiei. Passei onze anos da minha vida a ser inferiorizada, usada e controlada. Depois eu finalmente tinha o amor que eu merecia, podia ser estanho, mas era a minha família. E eu quase perdi tudo. - o meu rosto está molhado, o que significa que eu estou a chorar de forma compulsiva. - O Thanos esmagou-me, fisicamente e psicológicamente.

- Ele fez isso com todos. Sinto que estás a reprimida alguma coisa. - comenta, e não sei ao que se está a referir.

Esfrego os olhos com as palmas das mãos, limpando as lágrimas, e sorrio. - Na altura que tu e Tony tiveram os vossos desacordos, eu vi o lado do Bucky, pelos olhos do Tony, e pelos olhos do mundo, mas não julguei. Em Wakanda eu vi o teu Bucky. - ele olha curioso para mim, à espera que eu continue. Levanto-me para esticar as pernas, e começo a caminhar à volta da mesa. - Vi um homem simpático, uma alma de uma criança. O oposto. Sinto que com Thanos foi o mesmo, até ele chegar, eu estava num dos momentos mais felizes da minha vida, não que alguns dos acontecimentos após o estalo não me preencham o coração, amo a Morgan, como nunca pensei que a fosse amar, mas tudo virou um caos, passei a ver o mundo com outros olhos. Outra perspectiva.

Econsto-me à janela, sentido o frescor do contacto dos meus braços com o vidro. - A minha ansiedade piorou, os ataques de pânico não melhoraram e claro que a incapacidade de dormir direto também não é favorecedora, mas a pior parte, era ver as pessoas a seguirem em frente, e eu não ser capaz disso. - expiro fundo, sentido um enorme peso sair de mim.

- Eu ajudo todos os dias pessoas em situações semelhantes, e eu entendo, nós não superamos. - ele diz no seu tom de voz fundo que de certa forma é relaxante nesta situação. - Isso é o que faz de ti especial.

- Tenho medo de o esquecer, medo de esquecer a voz dele.

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Olá meus amores, tudo bem com vocês? Espero que simmmmm!

Espero que gostem e beijos. ^^




A Stark but not a Stark | 2Onde histórias criam vida. Descubra agora