AO ACASO | MORRO

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🔷️REI

 
 
Eu não posso culpá-la por desconfiar, eu no lugar dela com certeza nunca mais confiaria, na verdade, eu em seu lugar já teria me matado.
Mas não posso evitar estar desapontado por confirmar minhas suspeitas de que mesmo fazendo de tudo pra conseguir sua confiança e provar a minha mudança, ela ainda assim não confia em mim.
 
Desligo o chuveiro e abro a porta do box, pego uma toalha azul e enrolo na minha cintura, saindo do banheiro logo em seguida.
Taila esta sentada na ponta da cama olhando pra mim, com as mãos entrelaçadas uma na outra.
 
Rei – Eu te desculpo. – Falo enquanto abro o guarda roupa à procura de uma roupa para vestir.
 
Taila – Eu não vou me desculpar, não vejo motivo pra isso. – Ouço a sua voz baixa e calma e me viro para olhá-la.
 
Taila – Eu confio em você, se não confiasse não ameaçaria ela com uma arma sem munição. – Ela respira fundo. – Mas eu não posso negar que não confio totalmente e eu tenho motivos pra isso, eu senti na pele a sua rejeição e eu não saberia lidar com algo desse tipo de novo, mesmo que fosse com outra pessoa. Você assumiu o risco de rejeitar a Paula, confiando no seu instinto de que o filho não era seu, mas a partir do momento em que vocês transaram por anos, esse risco era muito mais que alto, mesmo você tomando as precauções que você tomou. – Ela permanece sentada na cama, plena, com certeza em cada palavra que sai da sua boca. – Estou orgulhosa de você, da atitude que tomou mesmo depois dela assumir que não era seu filho e de ter nos colocado em uma situação de desconforto entre nós dois. – Ela se levanta da cama, mas permanece no mesmo lugar.
 
Taila – Eu te pedi paciência, mas isso não estava relacionado só ao que aconteceu a mim, isso englobava a nossa relação num todo. – Me viro para o guarda roupa e volto a procurar uma das poucas roupas que eu tenho deixado na casa dela.
 
Rei – Tudo bem. – Digo, vestindo uma bermuda jeans.
Realmente está tudo bem, ela entendeu a situação e não me julgou e eu entendi o lado dela e também não irei julgá-la.
Sinto suas mãos encostarem em minhas costas e rodearem a minha cintura por trás, me abraçando, forte e quente.
 
Taila – Obrigada por compreender. – Ela fala baixinho. – Acho que você agiu muito bem em fornecer ajuda a Paula, eu amo você um pouco mais por isso.
Aperto seus braços que estão em volta de mim e inclino minha cabeça pra trás, apoiando a mesma em sua testa.
Rei – É, cada dia fica mais difícil você não me amar. – Ela ri alto e morde minhas costas forte.
Eu adoro essa risada dela, adoro a forma como ela tem se soltado perto de mim, o quanto eu me sinto bem em finalmente tratar ela como eu quero e não como eu achava que deveria.
A porta do quarto bate contra a parede com força e um latido alto ecoa por nossos ouvidos.
 
Analu – Ai que nojinho, agora vocês não sabem mais se desgrudar? Não gosto disso. – Ela fala bocejando e vindo até mim, rodeia os braços em minha cintura por cima dos braços da mãe e me aperta.
 
Rei – Não gosta é? Então me solta sua nojenta. – Digo alisando sua cabeça
 
Analu – Eu só faço o que eu quero e eu não quero te soltar.
 
Taila – Ai lide com isso, eu to cansada de vocês. – Ela ri baixinho e me solta, indo para o banheiro – Analu, para o banho agora, você tem mais dois dias de aula até as férias. – Ela entra no banheiro e fecha a porta.
 
Analu – Que tal você me levar pra comer batata frita e a noite me trazer pra casa sem eu ir à escola? Seria nosso segredinho, os pais legais fazem isso. – Ela sussurra ainda agarrada a mim.
 
Rei – Você já viu como sua mãe é brava né? Ela tem uma arma e eu não quero morrer ainda, eu sou um pai legal, mas serei mais se eu estiver vivo. –Afasto Analu de mim e seguro seus braços, enquanto ela faz uma cara de choro sem choro. – Vai logo, você ta com bafo pior que Josué. – Ela assopra minha cara e sai correndo, rindo e com Josué atrás dela.
 
Meu celular vibra na bancada ao lado da cama pela terceira vez.
Eu vou até ele e pego o mesmo com o nome de Mauricio na tela do celular, eu passo o dedo para atender a ligação, levando ao ouvido.