𝙸𝚗 𝚃𝚑𝚎 𝚁𝚊𝚒𝚗 | 𝚉.𝙹 (𝙲𝙽𝙲𝙾)⁽ᶠᶦⁿᵃˡᶦᶻᵃᵈᵃ⁾

25

- COMO ASSIM VOCÊS NÃO COMEMORAM AÇÃO DE GRAÇAS?  - Zabdiel pergunta gritando, altamente indignado ao outro lado da tela.

Ele e Gio estavam em uma chamada de vídeo.

- Porque ação de graças é só mais um pretexto para gastarmos e o brasileiro não pode se dar esse luxo. - Luna concluiu como se fosse algo óbvio, havia aparecido atrás de Zabdiel.

- Exatamente! Brasileiro não pode se render tanto assim ao capitalismo, Zabd! - João concordou aparecendo atrás de Gio. - Inclusive, oi gatinhoss! - Piscou para câmera e Zabdiel e Luna abanaram.

Zabdiel havia chegado em um ponto que tudo bem João o chamar por apelidos que pareciam flertes. Ele já havia entendido que esse era o jeito vadia de ser do João e o aceitava mesmo assim.

- Só não é uma tradição pra nós. - Giordana fala dando de ombros. - O dia dos namorados também é em data diferente aqui. O Brasil é todo do avesso. - Acomoda o celular na mesinha de centro e o deixa em uma posição que mostrasse os dois. Logo Daniela e Júlia se juntariam a chamada.

Era fim de semestre e estavam todos reunidos no apartamento de Daniela. Estavam os quatro reunidos e ao outro lado da tela estavam todos os outros. Richard, Luna, Chris, Angel, Erick, Joel e Zabdiel, claro. De acordo com a dona do apartamento, ela e o namorado tinham uma coisa para contar ao restante do grupo e pediram que todos estivessem juntos para isso.

- Então, vamos morar juntos! - Daniela e Erick falaram ao mesmo tempo depois de estarem todos focados neles.

Silêncio.

- O QUE? - João soltou um gritinho agudo dando início à um burburinho dos dois lados da linha.

- QUIETOS, INFERNO! - Daniela gritou. - Eu vou ir morar em Miami! - Gio a olhou surpresa e desapontada.

- O que? - A cacheada juntou as sobrancelhas e encarou a amiga que a olhava sorrindo extremamente feliz.

- Sim! Não é incrível? - Daniela perguntou visivelmente empolgada e Gio permanecia incrédula.

- Não! - Giordana levantou deixando Daniela com resquícios de um sorriso no rosto. Todos ficaram em silêncio.

Giordana tinha noção do quão egoísta estava sendo, mas não queria ver a amiga partir. Adorava a relação que tinha com João e Júlia mas não era a mesma coisa. Daniela e Giordana eram mais íntimas do que se fossem casadas. Ela também se sentia traída em descobrir dessa maneira, sequer fez parte da decisão. Nem foi comunicada anteriormente ou coisa semelhante, isso a magoou profundamente.
Levantou-se e foi em direção a sua bolsa e seu casaco, sem dizer uma palavra.

- Gio? Você não está fazendo isso! - Ouviu Daniela. Sabia que ela se levantava para ir de encontro a si, mas não estava nem aí.

- Só me deixa, ok? - Disse sem a olhar enquanto colocava o casaco. - Amanhã eu trabalho, e está tarde. Preciso ir. - Saiu e fechou a porta deixando todos sem reação.

- É... Parabéns, para os dois, de verdade... - Zabdiel começou. - É uma fase bonita, torço para que dê certo, mas vou ligar para ela! - Levantou-se do sofá em que estavam todos e subiu para o quarto.

Ao deixá-los comemorando e tentando deixar o clima leve, Zabdiel começou a achar estranho e reação tão avessa de Gio. Ela não era assim, ou não normalmente, pelo menos.

- Que foi, Zabdiel? Só quero ficar sozinha um pouco. - Gio atendeu, fungando, após a quinta ligação do rapaz.

- Mas você está, eu estou a mais de 10 mil milhas de distância! - Ele retruca rapidamente e menina solta um riso revirando os olhos. - Não revira os olhos para mim. - Zabd sabia que ela tinha o feito.

- Ridículo, te amo! - Ela respondeu fungando mais uma vez.

Eles conversaram o caminho todo e Gio o disse que sentia-se, de certa forma, excluída de uma fase importante da vida de Daniela e ao mesmo tempo que se julgava a pessoa mais egoísta do mundo entendia que tinha uma ponta de razão. Zabdiel aconselhou-a usando o argumento de que também havia sido pego de surpresa, mas que entendia o lado dela. Foi uma conversa que Giordana estava precisando. Chorou muito mais durante o caminho, o que fez que Zabdiel quisesse escondê-la do mundo em seus braços mas infelizmente não podia. Após mais dois meses sem vê-la estava morto de saudades novamente.

- Cachinhos, e se você viesse comemorar o dia de ação de graças com a minha família? - Zabdiel perguntou como se fosse a ideia mais incrível que teve em anos.

Gio arregalou os olhos, mesmo que ele não pudesse ver. Havia acabado de entrar no apartamento e largava sua bolsa.

- Mas Zabdiel... Já? - Perguntou insegura.

- Dentro de 3 meses faz um ano que nos conhecemos, e de 5 meses fazemos um ano de relacionamento. Tecnicamente é um "já passou da hora." - Debochou e ela levou um choque com as palavras.

Um ano. Como assim eles já estavam juntos a quase um ano inteiro?

- Mas Zabdiel?

- Eu não quero te pressionar, só acho que já é uma boa hora. - Disse suave e ela agradeceu por ele ser tão paciente. Apesar de tudo, sabia que a feição que Zabd tinha agora era de tristeza.

- Amor... - Engoliu seco, sim, estava louca. - Acho uma ótima ideia. Como vamos fazer? - Suspirou e ouviu um barulho ao outro lado da linha. - O que foi isso? - Preocupou-se.

- Nada...

- ELE FOI COMEMORAR E DERRUBOU UM PRATO CHEIO DE DOCE, CHEIO! - Ouviu Chris gritar com uma voz irritada e um "cala boca, Bro" de Zabdiel. Não conseguiu prender o riso.

- É mentira dele, não acredita! - Ouviu o namorado justificar-se infantilmente.

- Sobe Zabdiel, eu limpo isso aqui! - Reconheceu Luna, com uma ponta de orgulho na fala.

- Ok, sozinhos novamente! - Informou após alguns minutos. - Você vai para Porto Rico e eu te recebo lá, pode ser? Eu vou estar te esperando e não vai ter erro, eu prometo! - Pediu. Zabdiel tinha todo um plano arquitetado na cabeça e só queria que desse certo.

- Está bem, amor, eu confio em você! - Respondeu suave.

Conversaram sobre mais coisas até que Giordana adormecesse. Zabdiel estava muito contente e mal poderia acreditar o rumo que sua vida estava tomando, não que fosse ruim, ele estava amando. Esperar a namorada dormir enquanto conversava com ela depois de um dia difícil e ouvir ela adormecer contente era gratificante, nunca se imaginou nessa situação e não poderia estar mais contente. Depois que ela parou de respondê-lo e a respiração dela ficou pesada ele sorriu e desligou a chamada, não sem antes deixar um "Te quiero, niña " mesmo que ela não fosse ouvir.

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Vai vir mais sim, espero que tenham curtido, obrigada pelos 200 votos e quase 2k de leituras. Amo vocês.