- Silva! Se apressa, você vai se atrasar! - Gritou minha mãe da cozinha.
- Tô indo! - Respondi do quarto.
Estudei até tarde ontem com o Thomas, quase não consegui acordar hoje cedo. Felizmente meu cabelo curto era fácil de arrumar. Vesti o uniforme da escola muito rápido e corri para a cozinha. O cheiro do café da manhã estava delicioso.- Bom dia querida - Disse minha mãe. Ganhei um beijo na bochecha.
- Bom dia - Respondi sorrindo. Peguei uma maçã e enfiei na bolsa. Já estava correndo para a porta quando ela me puxou.
- Olha os botões da sua camisa, estão todos mal abotoados.
- Não tem problema - respondi, afobada.
- Quietinha, deixa eu ajeitar - Quando minha mãe terminou de abotoar, colocou as mãos sobre os meus ombros e me olhou com seus marcantes olhos verdes, que a propósito, não herdei, os meus eram castanho-escuros. Franziu as sobrancelhas:
- Não se descuide no caminho. Lembra das regras, né?
Eu suspirei:
- Sim, sim... Não fazer contato visual, fingir que não estão lá. Eu já tenho dezessete anos mãe, você precisa parar de se preocupar tanto...
Ela sorriu:
- Eu sei - E afagou meus cabelos. - Vai lá.
Quando passei pelo portão, Herba, uma amiga da família e nossa vizinha, passou por mim:
- Oi Silva. - Cumprimentou-me com um largo sorriso.
- Oi Herba - Devolvi o sorriso.
Ela entrou em minha casa. Sempre estava por lá, era quase inseparável da mamãe. As duas até tinham alguma semelhança. Ambas eram altas e bonitas como modelos. Eu com certeza não me encaixava nesse padrão, talvez tenha sido adotada. Mas mamãe era mais delicada que a Herba, e tinha os cabelos loiro médio. Já a Herba tinha o cabelo loiro bem claro, com umas mechas verdes. De vez em quando ela trabalhava na floricultura com minha mãe. As duas sempre ficavam de cochicho pelos cantos.
O dia estava tão bonito. Mesmo atrasada decidi aproveitar pelo menos parte do caminho. Minha casa ficava próxima a uma floresta, um pouco mais afastada da cidade.
Eu adorava contemplar o canto dos pássaros. O céu estava limpo e reluzente e a grama bem verdinha, repleta de florezinhas de variadas cores. Era um lugar especial, destoava bastante do restante da cidade, provavelmente um dos raros lugares preservados no mundo.
Comecei a adentrar o perímetro da cidade. A diferença era grande. De um colorido intenso, tudo mudou para um acinzentado triste. O céu era tomado por uma massa cinzenta. Tinha lixo acumulado ou jogado pelas ruas, cheiro desagradável da poluição e aquelas criaturas horrendas que ninguém parecia ver e que eu tinha que fingir que não via.
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O reino das fadas: A rainha de todas as fadas
Fantastik•(Em andamento) Silva é uma adolescente de 17 anos de idade. Ela mora em uma aconchegante casa próxima à floresta. Às vezes ela consegue ver criaturas que ninguém mais vê, mas sua mãe a ensinou como ignorá-las. Estava dando certo, até que certo dia...