Abri a porta apressado e me surpreendi ao ver Matteo. Ele estava com a mão levantada, como se fosse bater na porta.
Por um momento, me perguntei o que diabos ele estava fazendo aqui, depois me lembrei de que já tinha se passado uma semana. Ele veio buscar Nicolle.— Oi — ele sorriu. — Parece que você está indo para algum lugar.
— Estou sim — abri espaço para ele entrar. — Entre, pegue Nicolle. Minha mãe está em casa, qualquer coisa. Tchau.
— Espera, aonde você vai?
— Prometi que levaria Peter ao parque de diversões.
Eu disse que levaria ele ao parque no meu último dia em coma, antes de acordar. Agora, vou cumprir minha promessa, só que na vida real, mesmo que seja sem Matteo ou coisas assim.
— Como está a perna dele?
— Melhorando.
— Você não quer uma carona?
— Estou atrasado, mas posso me virar a pé. E, qualquer coisa, chamo um táxi.
— Eu realmente quero ver o garoto de novo — ele disse, passando a mão sobre o cabelo. — Não posso acompanhar vocês?
Meu corpo todo gritou para que eu respondesse que não, mas o que saiu da minha boca no final das contas foi "Tudo bem, pegue Nicolle. Seja rápido."
Não demorou muito para ele voltar com ela e entramos dentro do seu carro.— Então, senhor mágico, como nos conhecemos? — ele perguntou, de repente.
Eu relaxei meus ombros e olhei pela janela. Vou ignora-ló, porque preciso ficar bem, me manter estável.— Você vai me ignorar mesmo?
Escutei ele suspirar e depois uma música soou pelo carro. Ele tinha ligado o rádio. Reconheci a música na mesma hora, era Baby i'm yours de Arctic Monkeys.
Tive que segurar a vontade de chorar. Aquela era a nossa música. Todo casal tem a sua e aquela era a nossa.
Fechei meus olhos e tentei não prestar atenção em cada verso daquela canção. Nossa canção.Empurrei a cadeira de rodas de Peter, enquanto ele comia seu algodão doce e Nicolle ficava deitada em seu colo.
— Em qual brinquedo quer ir depois, garoto? — Matteo perguntou para Peter. — Lembrando que não pode ser qualquer um, sua perna ainda está quebrada.
— Mas quando ela melhorar vou te trazer de novo para cá — eu disse. — Então não se preocupe, será apenas eu e você.
— Eu quero que Matteo e Nicolle venham na próxima vez também.
— Posso trazer Nicolle.
— E Matteo?
Dei de ombros e olhei para ele.
— Eu venho sim, Peter.
Ele sorriu e comemorou.
— Eu vou querer ir na roda gigante, dá pra eu ir?
— Acho que sim — dei uma olhada no brinquedo. — Termine de comer primeiro.
Ele concordou e voltou a comer seu algodão doce.
— Então, Oliver...
— Sim? — eu respondi, sem tirar meus olhos de Peter e Nicolle na cadeira de rodas.
— Você está solteiro, certo?
Parei de andar e, automaticamente, também parei de empurrar a cadeira de rodas.
— Por que a pergunta?
Recuperei o ar que eu percebi que tinha prendido e voltei a empurrar a cadeira aonde estava Peter e Nicolle.
— Papai, acabei! — Peter exclamou, o que também me pegou de surpresa. — Podemos ir agora?
Dei um pequeno sorriso e senti vontade de chorar. Ele me chamou de papai. Me sinto a pessoa mas feliz do mundo.
Peter tampou a boca com as duas mãos e mesmo com o escuro da noite, eu vi seu rosto corar.— Eu te chamei de papai! Desculpe!
Dei um beijo na cabeça dele, antes de dizer:
— Relaxe. Agora vamos para a roda gigante.
— Mas está tudo bem?
— Ei, tudo bem, me chame de papai sempre que quiser. Um dia eu vou ser de qualquer jeito.
Ele sorriu e Matteo pegou o palito vazio aonde estava o algodão doce e jogou fora.
— Então, vamos para a roda gigante, garoto. — ele disse e nós 3 nos dirigimos até a fila do brinquedo que não estava muito grande.
Quando chegou a nossa vez, o moço olhou surpreso para a perna de Peter.— Licença, moço, não teria um jeito dele ir?
— Acho que sim, mas e esse gato?
Olhei de relance para Matteo, que na mesma hora pegou Nicolle no colo.
— Vão vocês dois, eu e Nicolle vamos ficar aqui.
— Tudo bem.
O moço pegou Peter no colo e o colocou sentando em um dos bancos, logo, eu me sentei ao lado dele.
Não demorou muito para a roda gigante começar a rodar e em um piscar de olhos, estávamos no topo.— Oliver! Oliver! — Peter me cutucou. — Olha lá em baixo! O tio Matteo!
Olhei para baixo e vi de longe Matteo acenando para nós, enquanto segurava Nicolle nos braços.
Dei um pequeno sorriso e acenei de volta, Peter também.— Quando minha perna melhorar eu vou querer ir na montanha russa! — Peter disse, apontando para o brinquedo lá de cima. Uma montanha russa em formato de dragão.
— Eu vou te trazer, não se preocupe.
Peter me abraçou e eu correspondi. Ficamos assim até a roda gigante parar.
O mesmo moço me ajudou a colocar Peter de volta na cadeira de rodas e saímos.— Peter! — Matteo correu até nós, com um urso de pelúcia e um carrinho barato. — Olha o que eu consegui para você!
— Um carrinho!
Ele pegou o carrinho verde nas mãos e ficou maravilhado.
— Consegui algo para você também, Oliver.
Matteo mostrou o urso de pelúcia, que tinha um coração nas mãos e apertou a barriga dele, fazendo o urso dizer "eu te amo".
Peguei o urso de pelúcia, feliz. Eu me lembro dele. Matteo tinha me dado ele no nosso primeiro encontro, junto com um buquê de flores.— Obrigado, Matteo, eu adorei.
— De nada.
— Agradeça ao tio Matteo, querido.
Peter ergueu o olhar e agradeceu à ele. Matteo sorriu e acariciou a cabeça de Peter.
— Vamos embora? — eu perguntei, Peter concordou com um bocejo, parecia estar com sono.
Nicolle voltou para o colo de Peter, enquanto eu e Matteo caminhamos de volta para o carro.
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A vida depois de você
عاطفيةOliver e Matteo se conheceram em 1995 e se apaixonaram. E, como todos os apaixonados, eles começaram a namorar, mais tarde, se casaram e adotaram um filho de 5 anos no orfanato da cidade e uma gata branca que eles encontraram abandonada na rua. Poré...