Capítulo 12

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— Tchau, vovó!

— Tchau, meu amor.

Minha mãe deixou um beijo demorado na bochecha de Peter antes de coloca-ló de volta no chão.
Eu abri o guarda-chuva, enquanto Peter veio correndo na minha direção com seu casaco amarelo para a chuva lá fora. Eu o peguei no colo e me virei para minha mãe.

— Tchau, mamãe — eu beijei sua bochecha. — Até um outro dia.

— Tchau, querido. Até.

Ela abriu a porta para mim, vendo que minhas duas mãos estavam ocupadas e eu sai, me deparando com a chuva lá fora, mas o guarda-chuva protegia eu e Peter de qualquer pingo de água.

— Gostou da casa da vovó? — eu perguntei, tentando andar sem pisar nas poças de água.
Peter coçou uns dos olhos preguiçosamente e bocejou. Ele me respondeu com um balanço de cabeça.

— Está com sono, querido?

De repente, Peter pareceu despertar e agarrou meu casaco de couro com força.

— Papai! Papai! — ele gritou. — O tio Matteo! O tio Matteo!

Olhei aos redores e achei. Ele estava do outro lado da rua, segurando um guarda-chuva nas mãos e um outro homem estava a sua frente, ele tinha cabelo loiros. O homem loiro também tinha um guarda-chuva e parecia irritado, dizendo algo para Matteo.

— Quem é aquele homem com ele?

— Eu não sei — desviei o olhar. — Só vamos para casa.

Peter não tirou seus olhos de Matteo e eu apenas comecei a andar, mas parei assim que ele soltou um grito.
Voltei meu olhar para o outro lado da rua, rápido o suficiente para ver o loiro empurrando Matteo, que na mesma hora tropeçou e caiu. O guarda-chuva caiu no chão junto com ele e não demorou muito para o vento levar ele embora.
O homem pareceu ainda mais irritado e começou a gritar com Matteo, enquanto ele ficou imóvel. Por que ele não faz nada?
Peter começou a chorar no meu colo.

— Papai, faça ele parar! Ele está machucando o tio Matteo!

Segurei meu guarda-chuva com força.
Desde ontem a noite eu descobri que odeio ver Peter chorar.

— Feche os olhos, querido.

— Por quê?

— Feche os olhos. — repeti e ele obedeceu.
O sinal estava verde então eu atravessei a rua, sem saber o que fazer quando eu ficasse cara a cara com aquele loiro maluco, ou pior, quando eu ficasse cara a cara com Matteo. Mas, assim que eu cheguei, só consegui pensar nos bons e velhos tempo, que só aconteceram na minha cabeça.
Ignorei o homem e me abaixei, protegendo Matteo com o meu guarda-chuva, que era grande o suficiente para isso. Ele pareceu surpreso ao me ver.

— Oliver.

Senti Peter limpar seu rosto na minha camiseta antes de se virar para Matteo com um sorriso.

— Levanta do chão! — Peter pediu. — Papai disse que as pessoas ficam doentes se tomarem chuva.

Ele sorriu e se levantou como pedido. Eu continuei o cobrindo com o guarda-chuva, mesmo que ele fosse maior que eu e isso tornasse as coisas mais complicadas.
Olhei de relance para o loiro, ele ainda estava lá, com o rosto irritado. Antes que eu pudesse dizer ou pergunta algo, ele deu as costas e saiu andado.

— Você está bem, tio Matteo? — Peter perguntou. — Eu vi que aquele homem mal te bateu.

— Eu estou bem, pequeno. Não deveria ver essas coisas.

Peter bocejou de novo e apoiou a cabeça em meu ombro.

— Ele está com sono. Preciso levá-lo para casa — ergui meus olhos para Matteo. — Tudo bem mesmo?

— Sim, obrigado — ele sorriu, mas eu sabia que era forçado. Ainda conheço ele tão bem. — Quer uma carona?

— A chuva é ruim mas tudo bem.

De repente, ele pegou meu guarda-chuva e começou a andar. Eu fui obrigado a andar com ele.

— Apenas pare de fugir de mim sempre que me ver.

— Eu não estou fugindo de você.

— Claro — ele tirou a chave do carro do bolso. — Entra.

Engoli em seco mas entrei no Honda. Deixei Peter no banco de trás que já estava dormindo como uma pedra.
Matteo também entrou, mas não ligou o carro, apenas ficou encarando a chuva cair da janela.
Eu sei que ele não está bem, mas o que eu devo fazer se ele se tornou um estranho para mim?

— Quem era aquele?

— Acho que já te falei do meu ex-namorado uma vez.

— Sim, na cafeteria — desviei meu olhar para a rua. Achando que encontraria o loiro de novo, mas não encontrei. — Era ele?

— Era.

— Por que ele veio te procurar?

— É o que todo ex-namorado faz quando ele te trai — ele ligou o carro. — Você termina, mas uma hora ou outra ele sempre está lá, em pé, na sua frente, implorando por piedade e dizendo que estava apenas bêbado.

— Você ainda o ama?

Ele sorriu para mim. Dessa vez não foi forçado.

— Eu me sinto livre dele, se é o que você quer saber.

Matteo começou a andar com o carro e isso me fez colocar o cinto de segurança.
Aquela resposta sincera acalmou o meu coração. Não sei o que eu faria se a resposta fosse "Sim, ainda o amo". Acho que meu coração não aguentaria.

— Sabe, Oliver, você quer sair algum dia desses?

— O parque de diversões de novo?

— Não, não — ele riu. — Sair eu digo, só nós dois.

— Sem Peter?

— Sem Peter.

— Eu posso deixá-lo com a minha mãe.

— Então isso é um sim?

Senti minhas bochechas arderem.
Meu ex-marido acabou de me chamar para sair.

— É, um sim.

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