Capítulo 15

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— Pronto para o seu primeiro dia de aula?

Peter apertou com força sua mochila vermelha e fitou os próprios pés. Ele está nervoso, claro, quem não estaria? Eu costumava odiar mudar de escola quando tinha a idade dele. É muito complicado, ter que se acostumar com tudo novo. Lugar novo, pessoas e professores novos. Mas chega uma hora em que você acostuma e tudo fica bem de novo.
Agachei-me no chão para ficar na mesma altura que Peter e baguncei seus cabelos.

— Para, papai! — protestou. — Eu preciso chegar arrumado no primeiro dia de aula.

— Sério?

— A vovó disse que a primeira aparência é a que fica! — ele passou os dedos no cabelo. — Apesar de eu não entender muito bem o que isso significa.

— Não precisa ficar tão preocupado, tudo bem?

— E se eu não conseguir amigos?

— Você vai fazer amigos incríveis! — eu disse, com toda a certeza do mundo. Afinal, eu o coloquei na mesma escola de antes. Ele vai fazer os mesmos amigos. É o que eu espero.
Escutei uma buzina do lado de fora e Peter se animou.

— O tio Matteo! O tio Matteo!

Ele saiu correndo e eu fui atrás não muito apressado.
Matteo se ofereceu para levar Peter à escola no primeiro dia de aula, e ele me disse "não aceito não como resposta". Tão típico dele. Mas agora estou um tanto nervoso. Como vai ser ver ele depois daquela noite aonde rolou o nosso "primeiro beijo na vida real". E, além disso, tivemos um beijo de despedida.
Quando cheguei do lado de fora, Matteo estava com Peter nos braços e encostado contra o seu Honda. Os observei de longe. Como eu senti falta disso!
De repente, os olhos castanhos dele focaram em mim e ele sorriu, o que fez meu mundo terminar de cair por completo.

— Seu papai está muito lindo hoje, Peter.

Meu filho olhou para mim e eu comecei a caminhar para mais perto deles.

— Bom dia, Matteo.

Eu esperei por um beijo, mas nada veio.

— Bom dia, Oli.

Ele colocou Peter no chão, que na mesma hora correu para dentro do carro e disse para irmos logo pois ele não queria chegar atrasado. Então, eu e Matteo também entramos no Honda.

Peter espiou as crianças entrando na escola pela janela, até o carro parar, e ele saber que era agora ou nunca.

— Tenha uma boa aula, Peter. — Matteo disse.

— Obrigado, tio Matteo.

Ele continuou dentro do Honda, com cinto de segurança.

— Você quer que o papai entre com você?

— Não! — tirou o cinto. — Séria vergonhoso!

Peter abriu a porta e eu o olhei entrar pela portão da escola junto com milhares de outras crianças.

— Sabe, eu trouxe a Nicolle — Matteo disse, de repente, pegando a casinha de Nicolle, aonde eu vi que ela estava dormindo. — Aproveitei que iria trazer Peter hoje para trazer ela. Afinal, é a sua semana.

Claro, pensei Ele nunca se sacrificaria tanto por uma criança que não é sua, e sim minha. Peter não é mais nosso.
Eu peguei Nicolle e a tirei da casinha, fazendo ela despertar.

— Bom dia, garota — a aconcheguei em meu colo. —  Com saudades de mim?

Ela apenas miou e voltou a dormir, enquanto eu acariciava seu pelo.

— Oliver.

Levantei meu olhar para Matteo e, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele me beijou. O beijo que eu estava esperando.

— Você não gostaria de ficar na minha casa até as aulas do Peter acabarem? — ele perguntou, assim que chegamos ao final do beijo.

— Sorte sua que eu estou de folga do trabalho hoje.

— Então isso é um sim?

— Com certeza.

Ele sorriu, antes de me beijar outra vez. Depois, Matteo ligou seu carro e caímos na estrada.

— Que horas são?

— Quem liga? — Matteo questionou, tentando voltar a me beijar, mas não permiti.

— Eu ligo!

Ele suspirou e retirou o celular do bolso da sua calça jeans.

— É meio-dia.

— Meu Deus! O Peter! — levantei-me do sofá apressado e calcei meu tênis. — Pode me levar?

— Claro.

Matteo pegou a chave do carro e saímos as presas.

— Papai demorou muito? — eu perguntei, colocando Peter em meu colo.

— Não, mas fiquei com medo mesmo assim.

— Medo?

— É, de você me abandonar aqui e eu ter que voltar pro orfanato.

— Meu amor, já conversamos sobre isso — baguncei seus cabelos. — Eu amo você e nunca vou te abandonar, ok?

— Ok.

— Vem, o tio Matteo está esperando a gente.

— Tio Matteo!

— Vamos passar o dia todo na casa dele hoje. Soa bem para você?

— Sim!

— Que bom.

Avistei o Honda de longe e coloquei Peter no acento de trás. Ele colocou o cinto de segurança sozinho, enquanto eu me sentava no banco do passageiro ao lado de Matteo.

— Olá, Peter — ele disse, virando-se para trás para vê-lo. — Como foi o primeiro dia de aula?

— Foi legal, eu fiz uma amiga, o nome dela é...

— Hilary?

— Sim! Então você me colocou na mesma escola do... — eu fiz um sinal de silêncio com a mão e ele se lembrou que aquilo era nosso segredo. — Quero dizer... você é mesmo mágico, papai!

— Foi só um chute.

Matteo parecia confuso, mas não disse nada, apenas ligou o carro e dirigiu. Durante o caminho, Peter contou animado sobre seu primeiro dia.

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