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Bea

Dois meses depois

Alice... Para onde você foi?!

Andei de um lado para o outro no quarto do hostel, já fazia duas semanas que não tinha nem sequer uma notícia daquela maluca. É claro que eu estava preocupada, já havia passado e muito da hora de darmos o fora de Taormina, nunca ficamos mais que um mês em cada lugar, mesmo que houvesse potencial, era arriscado demais viver como vivíamos.

Ouvi no silêncio da rua, a moto grande passar devagar pela frente do hostel, desci as escadas correndo e parei na recepção. Senhor Zola me olhou desconfiado outra vez.

⸻ Nada ainda, menina?

Neguei com a cabeça, e fiz minha melhor cara de inocente. ⸻ Não sei mais o que fazer, senhor Zola, Alice não deixaria de me dar notícias, temos um código...

Ele respirou fundo empurrando os papéis para o lado e me dando total atenção. — Escute, eu sei que não quer ouvir isso, mas, a sua amiga desapareceu, e sei que tem feito tudo para encontrá-la, mas se ela estava mesmo com quem você me disse, o melhor que tem a fazer, é arrumar as malas e partir.

⸻ Eles são assim tão perigosos mesmo? ⸻ falei confusa.

⸻ Não os meninos, mas o pai... Menina... Não se aproxime daquela família, e torça para que sua amiga também não tenha nada com eles.

Fechei os olhos suspirando. A última visão de minha amiga, havia sido justamente entrando no carro do tal Enrico Donatti... Ele já estava no radar dela há algum tempo, e havia me dito que não iria embora da Itália enquanto não conseguisse um dos poderosos. Alice tinha um dom natural para encontrar homens ricos, ela sempre disse que era seu presente depois de uma vida tão fodida. Mas só eu sabia o quanto aquele "presente" já a havia colocado em apuros.

Depois que perdi seu contato, minha única pista possível era aquele motoqueiro, sabíamos que era Luca, o irmão caçula de Enrico, mas eu ainda não havia decidido que abordagem adotar com ele...Não agora. Talvez confrontá-lo não fosse a melhor escolha.

Durante várias noites, saí para andar aos arredores, o via sair sempre em um mesmo horário, mas ainda não havia pensado em uma forma de me aproximar. Era uma aposta, estava em um lugar estratégico, o "templo" da família Donatti era bem próximo ao hostel... Por isso, ficar de olho nas movimentações era simples.

A noite estava fria, e as ruas eram muito escuras, mesmo assim, saí olhando para o pouco movimento, em uma direção diferente das vezes anteriores, caminhei com a foto de Alice nas mãos perguntando para quem me desse abertura. Os italianos não eram lá muito gentis e receptivos, pelo menos não os do sul, e não com pessoas de fora.

Enquanto caminhava com as mãos nos bolsos, ouvi o som de uma moto em uma viela próxima. O farol dela entrou em meu campo de visão, vindo na minha direção. Me encolhi contra a parede e quando a moto passou por mim, eu notei... As mesmas características, a moto grande que eu havia visto, as roupas pretas e um capacete totalmente preto como eu já sabia, e como o senhor Zola havia me confirmado.

Vi que a moto parou alguns metros depois de passar por mim, a cabeça do motoqueiro se virou para trás e imaginando ser uma abertura, caminhei apressadamente até ele. Parei ao lado da moto já sentindo uma onda poderosa de intimidação por ele nem mesmo ter aberto a viseira preta de seu capacete.

Ajeitei a postura e esperei que ele falasse primeiro, afinal, se ele havia parado, devia ter assunto comigo.

⸻ Che cosa vuoi? ⸻ disse ele em com seu italiano perfeito, um pouco mais ríspido do que eu esperava, mas com a mesma voz grave que me causou um leve e gostoso calafrio da primeira vez.

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