Infame

14 Unindo partes

Luca 

Não sabia se ela estava mais empolgada comendo ou me fazendo perguntas. Para mim era ótimo que ela tivesse interesse, mas também me odiei por não pensar que ela precisasse de uma alimentação mais adequada do que a minha.

Assim que ela terminou seu café da manhã e se deu por satisfeita, paguei por tudo e a conduzi de volta ao prédio da clínica.

Seu olhar curioso me fez sorrir quando passamos da porta. Entrei pelo hall iluminado, me dirigindo até o balcão, Isis estava de costas ao telefone e esperei, vendo pela visão periférica que Beatriz estava parada poucos centímetros atrás de mim.

Tamborilei os dedos pelo tampo de vidro do balcão, fazendo-a se virar com ar de irritação, mas quando me viu, abriu um sorriso enorme.

— Tenho que desligar, depois vejo isso, chegou um caso urgente aqui. — disse apressadamente e só pela careta que Beatriz fez, já imaginei que não tivesse entendido nada do que Isis falara.

Isis soltou o telefone e correu para mim, saindo do balcão para me abraçar.

— Meu Deus, Luca! Você está lindo, bebê...  — sorriu, e aquele sorriso era delicioso, uma das melhores lembranças da minha infância. Isis tinha quase cinquenta anos, mas era tão linda quando qualquer garota com seus quase trinta. — Quando voltou, amor? — sorriu passando os dedos por meu cabelo, jogando os fios teimosos para trás e vendo a marca em meu rosto, cerrando os olhos com irritação, mas deixando a pergunta morrer.

— Não faz muito tempo, passei aqui, mas me disseram que estava de férias, procurei outro lugar e... Você sabe...

Ela suspirou pesadamente e então seus olhos foram para Beatriz. — E quem é a bella ali? Sua namorada? Ela é lindíssima. Como conseguiu trancado lá?

Segurei o riso sem nem saber por onde começar a explicar. — Essa é Beatriz, é uma amiga. — me virei para ela — Beatriz, essa é Isis, meu primeiro anjo da guarda. Ela foi minha babá até Rafaella se casar com meu pai.

Percebi que ela teve certa dificuldade em assimilar as coisas, mas estendeu a mão para Isis, que a ignorou, puxando-a para um abraço.

— É um prazer te conhecer, Beatriz. — sorrindo, Isis colocou seu rosto próximo ao ouvido dela
— Se ele te trouxe para me conhecer, você deve ser muito especial, cuide bem do meu menino, ele vale ouro.

Sorri, mas fingi não ter ouvido, ainda mais depois de ver os olhos arregalados de Beatriz.

— E então, o que te trouxe até aqui, bebê? Não foi só saudade de mim, não é?

Neguei com a cabeça. — Não, estou tendo problemas com a profilaxia...

Ela nem me deixou terminar de falar, me puxou pelo braço, arregaçando minha manga do braço direito. Vendo o furo da última aplicação, e a grande marca roxa em volta dele.

— Quando foi isso?

— Ontem a noite. Eu sei que me disse para não fazer, mas, minha vida anda corrida. E... Não sei, fiquei duas semanas longe. E se não estiver mais...

Ela soltou meu braço e segurou meu rosto. — Já te disse que é bem difícil isso acontecer depois de tanto tempo. Você tomou algum medicamento?

Fiz que não com a cabeça. — Nada, confiro todas a bulas, talvez eu não tenha feito direito.

Ela assentiu suspirando e olhou para Beatriz. — Ela está com voce?

Sorri — Comigo?

Levei um tapa — Você me entendeu!