Luca
⸻ Por que eles iriam querer isso, Luca? Não faz sentido, porque trariam você de volta?
Ergui a mão para agarrar a de Isis e conseguir me sentar. Reprimi a dor no ombro que havia batido ao cair da moto e que já devia estar ficando marcado.
⸻ Eu não sei, hoje durante o café da manhã, bati de frente com meu pai pela primeira vez na vida, não sei o que eles ganhariam com a minha morte, é só mais uma das coisas que tenho que descobrir...
⸻ Não vai mais voltar para aquela casa! Eu não permito! ⸻ Beatriz falou com tom autoritário, eu queria rir, mas não consegui.
⸻ Rafaella mandou uma mala com algumas das minhas coisas, espero não ter perdido no caminho para cá, eu nem sei como consegui chegar, estava tão tonto que me segurei para me entregar só quando vi o bangalô, se eu caísse antes... Não sei o que teria acontecido.
Beatriz pareceu irritada e Isis me olhou complacente. ⸻ Bom, menino, o que importa é que você está bem, até essa medicação sair de você é melhor ficar em repouso absoluto. Qualquer problema, você pode me ligar e eu venho correndo. ⸻ ela se levantou, deu um beijo em minha testa afagando meu cabelo e saiu depois de afagar as costas de Beatriz.
Esperei que Isis se despedisse na porta e saísse para olhar para ela. Suas mãos ainda estavam sujas com o meu sangue, mas a única coisa que me vinha a cabeça olhando para ela era tudo o que eu havia ouvido à noite. E também sabia o porquê de eu tentar chegar ao bangalô e não na clínica. Eu queria olhar para ela, nem que fosse pela última vez. Eu queria ver aqueles olhos, e ter certeza que ela estava bem.
Ela segurou meu braço delicadamente, preparou um curativo e tirou a agulha do meu braço, enrolando na bolsa vazia após se assegurar de que minha veia estava segura.
Olhei para o plástico da bolsa pensando longe, pensando que... O que me mantinha vivo era tão horrível para meu pai... Mesmo assim ele não me envenenaria... Disso eu tinha certeza.
⸻ Quer que eu te leve para a cama? ⸻ disse ela arregalando os olhos logo em seguida. ⸻ Que... Que eu te ajude a chegar na cama, quero dizer...
Sorri quase sem vontade. ⸻ Eu já havia entendido na primeira frase. Não deixe a Isis entrar na sua cabeça desse jeito, ela me pinta como se eu fosse um boneco de louça... E sim, acho que preciso da sua ajuda. Ainda me sinto tonto.
Ela se levantou, apoiei a mão no sofá para me erguer e assim que fiquei em pé, ela passou o braço por minhas costas, me ajudando a me firmar. A sensação de sua pele em contato com a minha, me fez fechar os olhos por alguns segundos. Um arrepio percorreu meu rosto, mas não de forma ruim. Era bom, sua temperatura, seu cheiro... Eu não sabia explicar.
⸻ Você está bem? ⸻ perguntou, me apertando nela, tentando me firmar. Beatriz não era uma mulher pequena, mesmo assim, eu me sentia grande demais para que ela me amparasse. Assenti e comecei a caminhar me apoiando nas paredes para aliviar meu peso sobre ela.
Cheguei ao quarto e me sentei na cama ainda desarrumada, estava louco por um banho, o cheiro e o gosto de sangue estavam me incomodando, fazendo meu estômago revirar, mas tinha certeza que não conseguiria ficar em pé sozinho para me lavar.
Ela ajeitou meus travesseiros e me ajudou a colocar as pernas sobre a cama. O cheiro do perfume dela empregnava os lençóis e quase me fazia sair de órbita.
Segurei seu braço, fazendo-a se sentar ao meu lado ⸻ Obrigado. Eu... Você me salvou, e acho que não vou conseguir agradecê-la o suficiente.
Seus olhos baixaram e ela segurou minha mão com mais vontade ⸻ Você me salvou primeiro, e... Luca eu sinto muito por ter ouvido tudo aquilo... Você não merecia...
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Infame
Romance(+18) Beatriz e sua melhor amiga vivem uma vida nômade, sobrevivendo de cidade em cidade dando golpes em homens ricos por onde passam. Porém ao chegar ao sul da Itália sua amiga desparece, deixando poucas pistas para seguir Luca é o mais jovem e dis...