Luca
Acordei com ela dormindo sobre meu braço direito, encolhida, com um dos braços passando por meu peito. Inspirei profundamente sentindo seu cheiro e me mexi levemente para tentar diminuir a dor no braço, mas ela abriu os olhos, e levantou a cabeça assustada.
⸻ Eu te machuquei?
Sorri baixando seu rosto para lhe dar um selinho. ⸻ Não, eu estou bem... Na verdade, melhor do que bem.
Ela encarou meu braço analisando um leve e pequeno hematoma onde sua cabeça estava ⸻ Mas... ⸻ seus dedos passaram pela marca de leve e o arrepio subiu até meu pescoço.
Me virei ficando por cima dela ⸻ Eu convivo bem com eles, será que consegue se acostumar com isso, comigo?
Seus dedos passaram por meu rosto indo para minha cabeça, agora com cabelo curto. ⸻ Me acostumo fácil como que é bom, Luca Donatti.
Sorri lhe dando mais um beijinho rápido. ⸻ Eu tenho que sair e resolver algumas coisas, você fica bem aqui? Agora não disponho mais de Giacomo para te fazer companhia.
Ela fechou os olhos com pesar ⸻ Gi também está do lado deles? Isso é...
Me sentei na cama e ela passou o braço por meus ombros ⸻ Por enquanto não temos lados... Somos o meio, Giacomo não tem escolha, é o homem de confiança de meu pai, por mais que sejamos amigos, ele é leal a ele e a Rafaella.
⸻ Uma pena... Gi merece mais do que seguir um tirano maluco.
Sorri e me virei para ela ⸻ Vou tentar deixá-lo fora disso quando eu conseguir o que eu quero.
Ela baixou meu rosto ⸻ Isso é bom... E para onde você vai?
Me levantei estendendo a mão para ela. ⸻ Preciso colocar nossas peças no tabuleiro. Mas antes de ir... Faz um servicinho sujo para mim?
⸻ Todos que quiser, italiano.
⸻ Estou falando de me agulhar de um jeito rude, como só você consegue fazer.
Ela gargalhou. E a puxei para a cozinha. Me sentei e ela pegou todos os materiais. Estiquei o braço direito e rapidamente ela encontrou a veia, desviei o olhar do processo enquanto ela terminava, e só olhei quando ela colocou o curativo. Pressionei-o enquanto ela olhava interessada o vidro em suas mãos.
⸻ Isso é feito de sangue mesmo?
Assenti ⸻ Sim, e é esse o motivo de todo o nojo do meu pai por mim. Ele permitiu que Enrico espalhasse histórias sobre mim, mas não sobre minha doença. Um filho luxurioso ainda é melhor que um de sangue sujo na opinião dele. Na verdade ele diz com todas as letras, que me acha um parasita.
Ela colocou o vidro sobre a mesa com raiva e me encarou. ⸻ Seu pai é a escória da humanidade! Eu juro que se ficar frente a frente com esse homem, eu vou matá-lo.
Sorri, adorando sua irritação. E a puxei pelo braço para meu colo.
⸻ Não se preocupe, minha Brasiliana... Eu não vou deixar ele esquecer o que um parasita pode fazer...⸻ Espero que não.
Dei um beijinho nela e voltei para o quarto, tomei um banho rápido e me vesti. Quando voltei para a cozinha, ela já estava se servindo de fatias de pães e manteiga, e sorriu me oferecendo, não me contive, mordi o pão em sua mão, sem tirar meus olhos dela.
⸻ Eu volto logo, não atenda a porta a menos que seja Isis, está bem?
Ela assentiu, e saí pela porta, queria poder ficar naquela cama com ela o dia todo, queria outra daquela sessão de tranquilidade, de confiança. Ninguém nunca havia conseguido apagar o horror que vivi com Rafaella, mas quando eu estava com Beatriz, o mundo pareceia girar em outra órbita para mim. Eu não sentia medo de suas mãos, não sentia medo de seu toque, e tinha uma vontade inesgotável que tocá-la, de estar com ela, como se nossos corpos fossem imãs potentes. Era isso que eu sentia perto dela, e era forte o suficiente para me manter focado no que eu precisava fazer.
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Infame
Romansa(+18) Beatriz e sua melhor amiga vivem uma vida nômade, sobrevivendo de cidade em cidade dando golpes em homens ricos por onde passam. Porém ao chegar ao sul da Itália sua amiga desparece, deixando poucas pistas para seguir Luca é o mais jovem e dis...