Into the Potterverse

Prólogo

"O sonho mudou...
Ele sentiu seu corpo liso, forte e flexível. Estava deslizando entre barras de metal brilhante, pela pedra fria e escura... colado no chão, deslizando de barriga... estava escuro, contudo podia ver objetos à sua volta que refulgiam em cores estranhas e vibrantes... ele estava virando a cabeça... ao primeiro relance via um corredor vazio... mas não... havia um homem sentado no chão mais adiante, o queixo caído sobre o peito, seu contorno brilhando no escuro...
Harry estirou a língua... provou o cheiro do homem no ar... estava vivo, mas atordoado... sentado à porta no fim do corredor... Harry sentia vontade de morder o homem... mas precisava controlar o impulso... tinha coisa mais importante a fazer...
O homem estava se mexendo... uma capa prateada caiu de suas pernas quando ele se pôs em pé; e Harry viu seu contorno vibrante e difuso elevar-se acima de sua cabeça, viu-o tirar uma varinha do cinto... não teve escolha... recuou ganhando altura do chão e [...]"
(Harry Potter e a Ordem da Fênix)

Antes que pudesse atacá-lo, um som e uma luz fortes chamaram a atenção vindos de trás da porta que o homem protegia. Ambos, homem e cobra desviaram a sua atenção para o que podia estar acontecendo atrás daquela porta.

O chão estremeceu por baixo deles e a cobra sabiamente deslizou para longe do homem, mas ainda por perto para que o seu lorde pudesse ver o que estava acontecendo no Departamento de Mistérios.

Arthur Weasley não demorou a afastar-se também, alarmado por um som de emergência que ecoou pelo Ministério da Magia. Não muito tempo depois de sua fuga, os inomináveis apareceram para saber o que tinha acontecido.

Nagini sibilou, insatisfeita por não conseguir entrar no departamento naquela noite, por não poder conseguir as informações privilegiadas que o seu mestre tanto queria, que ele tentava havia tanto tempo desvendar.

A cobra sentiu o chão estremecer mais uma vez e dessa vez uma parede foi quebrada, como se tivesse sido atingida por um Bombarda. Uma fumaça quase que sólida saiu do espaço aberto com brusquidão, como se o espaço estivesse pequeno demais para suportá-la e por isso tivesse cedido.

Observou a fumaça desaparecer e moldar-se para dar lugar a uma garota, que apoiou-se na outra parede.

Uma obscurial.

Ela não devia ter mais de treze anos, mas ainda assim era impressionante. Era como se ela tivesse algum controle sobre a massa de magia retida dentro de si. Toda aquela magia renegada por ela mesma.

Voldemort tinha lido sobre obscurus antes, era difícil não saber quando Grindelwald evidenciava tanto interesse por essas criaturas. Ele particularmente estava mais preocupado com horcruxes, mas não desperdiçaria a oportunidade.

"Nagini, traga-a até mim".

Antes mesmo que se aproximasse, a garota olhou para trás.

Os seus olhos verdes direto nos olhos da cobra.

— Nagini — ela disse.

Como ela podia saber o seu nome?

A cobra pôde sentir o seu mestre tão curioso quanto ela.

Aquele momento de contemplação entre as duas — em que a maledictus lembrava-se de outro obscurial que conheceu décadas atrás — foi interrompido pelo som de gritos e passos.

— Leve-me até ele — a garota sibilou.

Ela sabia falar a língua das cobras.

Foi na direção da garota, enrolou-se em sua perna e então saiu do Ministério da mesma forma em que entrou: com a ajuda de seu mestre.