capítulo 9

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Jisung

3 anos 5 meses 36 dias 12 horas 24 minutos e 54 segundo 55... 56... 57...58....59...

Já não sei se esse é o verdadeiro tempo que faz que eu não vejo o Minho.

E os meu pais, não que eu quisesse falar com algum deles.Afinal, me entregaram para a U.L.M.S, mas seria bom ver a rosto de alguém que não seja a Dra. Seulgi, o Dr. Lee Tae-Young e os seus dois assistentes Juniors Lee Taemin e Kim Jongin (kai) que parecem não se cansarem de fazer experimentos em mim.

Tipo, eles me perfuraram com várias agulhas, que vocês nem pensariam que existem - grande, pequena, longa, grossa, curta, torta na ponta, em forma de pirulito -, me davam choques para vê até onde eu aguentava, eles também arrancaram a unhas dos meus dedos.

Fizeram teste de sangue, rasparam a lateral da minha cabeça pra colocar um tipo de metal ou algo parecido, me afogavam em tanques de água, ou apenas colocavam um tubo preso ao meu nariz e enchiam de água, eles me submeteram também a cadeira do dragão - uma espécie de cadeira elétrica só que revestida de zinco e ligada a terminais elétricos - eles me fizeram sentar nessa cadeira pelado e ligaram ele, o zinco transmitia a eletricidade para o meu corpo e quando eu não colaborava eles colocavam um balde de metal na minha cabeça pra ele também sofrer o choques insuportáveis.

Eles ainda riam da minha cara quando eu tentava os acertar um chute, entre tanto eu nunca conseguia já que meus braços e pernas sempre ficavam presos a cadeados.

Isso sem dúvida é cansativo e olha que eles nem são bonitos, mas enfim, não é pedir demais outras pessoas nesse prédio maluco, não que eu precise de mais doidos, longe de mim, porém eu queria pessoas diferentes só isso.

Eles fizeram experimentos em mim graças ao meu poder, que até bem simples e fácil de mostrar, tipo, pense em uma pessoas que você odeie. Pensou? Agora diga o nome dessa pessoa em voz alta. Falou? Não aconteceu nada não foi, você apenas teve o gosto de falar o nome do seu inimigo mais mortal e isso não é gostoso, porém, se fosse eu no seu lugar essa pessoa estaria morta nesse exato momento, tipo ela poderia morrer atropelada ou ter um mal súbito a qualquer momento já que existe vários tipos de mortes, e sempre é algo novo.

Eu na maioria das vezes não consigo controlar a morte, por isso as pessoas ou animais podem morrer com antecedência ou com atraso, tinha vezes que eu precisava fazer um ritual meio que "satânico" para a pessoas realmente morrer, tipo eu faço um pentagramas gigante de giz, coloco velas roxas em cada uma das pontas e entoo uma canção muito antiga em latim. Uma névoa vai surgir do pentagrama e me mostrar a imagem da pessoa, e eu a toco e ela morre. Simples.

Tem também o problema de que as vezes pessoas inocentes que não tem nada haver morrem, não que isso seja uma coisa boa, porém morrer gente inocente se tornou tão natural que já pode ser considerado o ciclo da vida.

Repetindo novamente, isso não é uma coisa boa e sim frequente. A morte em mim se manifesta através das minhas emoções, eles, os calangos da Dra. Kang Seulgi & Cia perceberem isso, e por esse motivo eles gostavam de sempre me deixar com raiva, porque eu não tenho total consciência do que faço com os meus poderes nesses ataques de emoções, e não foi só uma vez que eles me usavam e esgotaram, e sim varias e varias vezes, sempre em seguida me pedindo pra matar alguém.

Veja, a Dra. Kang tem um Sócio, tipo, que a ajudava a manter a U.L.M.S ativa e em funcionamento, e esse Sócio estava com alguns obstáculos em seu caminho, então ela me deu sete nomes, todos homens, três estrangeiros e quatro Sul-Coreanos para mim matar.

O primeiro estrangeiro era Chinês e se chamava Wang Jia-Er , mais conhecido como Jackson Wang, ele havia se envolvido com o tráfico de drogas e entorpecentes pesados e por isso o fiz ser atropelado pelo casal Im Jaebum e Choi Youngjae, que viviam roubando e matando, eles eram o casal mais procurado do mundo, por isso ele morreram a tiros da polícia logo depois que atropelaram o Jackson.

O casal eram dois dos quatro coreanos da lista que eu havia recebido.

O segundo estrangeiro se chamava Bambam, apelido de Kunpimook Bhuwakul, Tailandês mais parecido com um rico famoso, ele e Park Jinyoung, o terceiro coreano da lista, viviam juntos e foram responsáveis pela mortes de inúmeras pessoas, seja crianças a idosos, eles morreram carbonizados em um incêndio na joalheria que eles coordenavam, JYK Young and Rich.

O terceiro e último estrangeiro veio de um lugar que todas as pessoas já sonharam em ir morar. Isso mesmo, Estados Unidos. Mark Tuan, descendência Taiwanesa veio de lá, esse garoto contrabandeava órgão no mercado negro aqui da Coreia e quando ele estava voltando pros EUA eu fiz o avião em que ele estava cair. Como eu disse, às vezes pessoas inocentes morrem.

O quarto coreano e última pessoa da lista se chamou Kim Yugyeom, e ele foi o mais novo desse grupo e também o único que teve contato direto com o Sócio, se não me engano o Sócio emprestou 1 milhão de Wons (3.395,44 reais) para o Makne e o garoto não devolveu o valor emprestado, e por causa da sua ganância, eu o fiz morrer afogado na piscina.

Você nem deve saber como eu me senti quando descobri o que eu havia feito, tipo eu explodi, e quem ficou no meu lado nesse momento morreu. Tipo nesse dia eu chorei tanto, que até hoje estou tentando repor a água no meu corpo. Não quer dizer que só por que eu controlo a morte e mato as pessoas que eu não sinta remorso, tipo matar não é certo mesmo que eu não tenha escolha se devo sim ou nao mata-las, isso não é certo, eu apenas queria uma vida normal e se eu pudesse escolher entre ser normal a ter esses poderes, eu escolheria viver como um humano inútil sem pensar muito.

E mesmo não querendo, eu sou apenas um garoto que teve a sorte de ser escolhido para ser injetado a morte na alma (pelo menos eu acho que foi isso que a U.L.M.S fez comigo quando eu era bebê e as mães do Minho me trouxeram até aqui).

Apenas isso. Porém esse poder não veio de graça e nem sem efeitos colaterais, quando eu tento me lembrar da minha infância eu não consigo, e como se ela tivesse sido retirada da minha mente e só sido deixado pequenas lembranças, nada muito significativo, e também a minha audição. Eu sou surdo.

Tipo, nunca escutei o cantar dos pássaros, o som das ondas quando batem nas rochas, o barulho da buzina do carro vermelho do meu pai, o som do piano, nunca escutei música alguma e nunca escutei a voz do Minho.

Claro, eu já me acostumei, mas graças a minha mente falhada eu não me lembro como aprendi a língua de sinais coreana, apenas que eu sei como me comunicar com os outros. Falando no Minho e mudando totalmente de assunto, eu espero que ele não tenha me esquecido, tipo isso me dá um aperto tão forte no coração que só de pensar que ele pode estar com outro melhor que eu me faz querer desistir da vida, eu sei que eu disse pra ele seguir em frente, mas não era pra ele levar a sério.

Eu ainda preciso dele. Mas não seria justo com o Minho se ele ficasse esses 3 anos 5 meses 36 dias 15 horas 22 minutos e 57 segundos me esperando sem ter a certeza se eu voltaria. Ainda mais que ele e a pessoa mais maravilhosa que eu já namorei, na verdade, ele foi o meu primeiro namorado.

Com ele que eu tive o meu primeiro beijo, o meu primeiro encontro e a minha primeira vez, então se ele estiver namorando outro, minha vida já não vai mais ter razão, eu fugi daquele lugar que eles chamam de U.L.M.S por ele. Então seria um tiro, que iriam despedaçar o meu coração.

Atualmente penso em quando eu cheguei na minha casa antiga, o nosso ponto de encontro, ela estava totalmente abandonada, havia poeira para todos os lados, as comidas estavam estragadas e um cheiro horrível de rato morto e coco de pombo podia ser sentido de longe. Na época eu não sabia o que fazer ao certo, então apenas limpei a casa inteira, sendo que ela tem 2 andares, levei 7 semanas para reforma-la, por que limpar não ia adiantar nada, tinha bolor nas paredes, madeiras molhadas e mofada, plantas e cogumelos nascendo dentro da lareira, tijolos destruídos, janelas sujas de barro e novamente, poeira, havia também algumas pichações de desenhos grotescos de monstros e pessoas morrendo, mais vendo elas eu quase caí na gargalhada.

Esses desenhos não chegam nem perto da realidade, e pra quem vê a morte todos os dias, isso é quase uma piada, mais veja bem, quase uma piada.

Com a conta poupança secreta que os meus pais fizeram pra mim no nome de Jensen One ou J. One, eu arrumei vários móveis novos, arrumei comida e roupas novas, pintei o cabelo de laranja e finalizei a casa do jeito que o Minho gostaria que ficasse e esperei a sua chegada. Esperei. E esperei.

Para você ter noção esperei por 2 anos. Mas nunca perdi as esperanças de que um dia ele iriam pelo menos conferir se eu estava naquela casa. 

Until We Get DownOnde histórias criam vida. Descubra agora