Capítulo 3 - Ladybug

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Na hora do intervalo, Alya, a ruiva que queria brigar comigo mais cedo, veio conversar. Eu estava tomando café em um banco, sozinha, com as pernas esticadas, tomando espaço do banco inteiro. Olhei estranhamente para todos que passavam perto de mim, até mesmo para Adrien, que de tempos em tempos olhava em minha direção. Achei um pouco de graça de vê-la ali, parada, na minha frente, querendo falar comigo, mas como não tinha nada a perder, dei espaço no banco para ela se sentar. Ela sentou-se ao meu lado e suspirou. Sorvi um pouco de café e ouvi ela dizer algo, não fazendo contato visual comigo.

- Você é durona, não é?

Revirei os olhos e baixei meu copo de café, que estava cobrindo meu rosto.

- Eu não era assim, Césaire, ok? Precisei ficar assim.

- Para não se machucar? - Alya olhou para mim neste momento. Devolvi o olhar para ela, percebendo a sua reação naquele momento. Ela queria me ajudar, ela queria me entender. Talvez tivesse se sentido arrependida por mais cedo. No mais, eu também queria não ter tido aquele desentendimento, porém, eu não podia deixar que Alya se envolvesse comigo. Eu tinha... um passado muito sombrio, o que afetava diretamente em minha personalidade. Eu não poderia deixá-la se envolver na minha vida e sofrer o tanto que sofri. Ela não merecia aquilo, e nem eu.

- Eu não sei qual é o seu problema, Marinette, mas... eu quero te ajudar, quero entender você. Tive uma conversa com meu namorado, o Nino, aquele ali de óculos, e...

Mostrei minha mão aberta na cara dela, fazendo sinal para parar de falar. Eu sabia o que ela iria dizer. Já tinha decorado essa fala (ou então a maioria delas). Não queria ouvir nada daquilo de novo.

-

Alya, não me leva a mal, mas eu já cortei as asas do loirinho mais cedo, e vou ser obrigada a cortar as suas. Não quero que ninguém daqui seja meu amigo. Vocês não são obrigados a me entender e me apoiar, não mesmo.

- Marinette, você está sozinha nessa escola! Acha que aguenta essa pressão toda sozinha?

- Já aguentei coisa pior. - levei o copo até a boca e sorvi o café novamente.

Alya me olhou desacreditada. Estava ali, do meu lado, tentando me ajudar, e eu não queria saber de nada. Não, eu não queria mesmo saber de nada. A não ser por...

- Marinette, por favor...

Olhei para o rosto de Alya. Ela parecia realmente preocupada comigo. Eu ia quebrar aquele galho pra ela por ser corajosa igual eu. Não querendo admitir, mas eu tinha gostado dela.

- Não quero que ninguém daqui seja meu amigo. - repeti. Olhei para ela, que estava perplexa. - Mas eu não disse que não queria que você fosse minha amiga.

Alya engoliu em seco, abaixou a cabeça e sorriu maliciosamente, olhando para mim.

- A azulada quer ser amiga da ruivinha perigosa? - ela me olhou sobre os óculos.

- É aquela famosa frase: juntos somos mais fortes, lindinha.- sorvi café e a olhei de canto de olho.

- Ora, mas...

- Você é igual a mim, Alya Césaire. Somos maduras, somos sangue quente, sabemos o que queremos. Você é legal. Eu gostei de você.

Ela sorriu pra mim e colocou a mão à mostra. Eu toquei e sorri pra ela.

- Bitch friends forever?

- Bitch friends forever! - nos abraçamos e sorrimos juntas. Eu senti uma coisa boa na Alya. Talvez uma coisa que eu não sentia em mim. Quem sabe eu descobriria?

Para Me Amar De Verdade...Onde histórias criam vida. Descubra agora