Capítulo 6 - Lila Rossi

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Aquela noite foi... Foi a noite mais confusa de toda minha vida, bom, já tive muitas noites assim, mas... sabe quando todas as lembranças vem na sua mente e atordoam seu coração, rasgando sua alma? Mostrando toda a dor que você viveu? Aquela dor lascinante que tira toda a vontade de viver? Poisé. Era isso que eu havia sentido e muito mais. Cat Noir balançou todos os meus sentimentos e sensações que a tanto tempo eu tentava esconder. Uma verdade do meu passado, uma coisa passageira, mas que parece eterna. Ele tá lá. Ele sempre vai estar lá. Luka Couffaine. O Luka... meu primeiro e único amor... tinha sido sugado para aquele mundo das trevas que é a PORRA do GÁRGULAS DA NOITE! Eu não consegui me controlar! Só de ouvir esse nome tenho uma sensação horrível! Uma sensação de que a qualquer momento eu posso perder alguém! Que eu possa perder a minha família, meus amigos, minhas... Paixões. Enquanto Cat Noir não acordava, eu o via adormecer. Ele tinha um semblante perturbado, como se estivesse sofrendo, como se estivesse pedindo ajuda silenciosamente. Eu senti isso. E quando ele acordou e disse que estava trabalhando para a Gárgulas da Noite por estar sendo forçado... Nossa, senti uma... Uma dor no meu coração... como se... Como se eu estivesse vendo o Luka aqui, agora, na minha frente. Quando Cat Noir me abraçou, percebi que, apesar de tudo, ele tinha um coração bom e não queria me ver sofrer daquele jeito, ele não queria que eu sofresse como ele próprio sofria. Tudo mudou para mim desde que ele apareceu. É como se... Como se mesmo sem nos conhecer, nós tivéssemos uma conexão, algo verdadeiro. Eu senti isso quando ele fixou os seus olhos nos meus. Senti isso quando ele me chamou de princesa e senti isso quando ele me abraçou e me beijou. Ele mudou tudo dentro de mim, tudo, foi algo muito intenso, não sei se foi pelo calor do momento ou coisa parecida... Mas quando o vi indo embora, senti um vazio tão grande dentro de mim. Como se ele... Como se ele nunca mais fosse voltar. E isso me fez ter mais vontade de chorar. Ton e Sabine entraram rapidamente e me abraçaram ao verem meu estado. Eles não queriam me ver daquele jeito, eu sei, mas... Sei lá, na hora só tive vontade de chorar e acabar com tudo, não tive nem forças para expulsá-los dali. Era difícil lembrar do que eu e Luka passamos juntos naquele maldito orfanato. Todos os momentos juntos, os sorrisos, as brincadeiras, as fugas das aulas de ensino religioso, nós dois criando músicas e ele as tocando num violão lindo que escondia de todo mundo, que tinha variados tons de azul em forma de chamas.

Aquele jeitinho dele foi uma das únicas coisas que me fizeram suportar todo aquele inferno, tirando a imensa vontade que eu tinha de me matar. Você sabe o que é vida quando alguém te apresenta ela. E aquela era a vida que eu queria pra mim. Era ele que eu queria pra mim. E infelizmente, não consegui fazê-lo viver, o qual me arrependo até hoje... Por isso fiquei tão mexida quando Cat Noir disse para mim que trabalhava naquele maldito lugar à força, e ver aqueles olhos tristes dele... quebraram o meu coração. Não, eu não ia passar por aquilo de novo. Eu não iria sofrer de novo. Por ninguém. Por isso que eu mudei, por isso que eu fechei meu coração para tudo e todos. Por isso que eu não vou dar uma chance para o Adrien e para nenhum outro garoto. Eu sinto muito, minha eu com 14 anos, mas você morreu a muito tempo atrás, e não tem chance de você reviver. Não tem chance de voltar aquela alegria que você sentia, e nem amor, e nem esperança. Só o que te resta é você e você. Você e você... Ton e Sabine perguntaram o que tinha acontecido, eu só respondi que estava assistindo um relato na internet e fiquei emocionada. Eles disseram que achavam que eu estava falando com alguém no celular, mas rapidamente disse que não e que eles não deveriam se preocupar comigo. O casal saiu do meu quarto logo em seguida, depois de terem dito várias coisas positivas para mim, como: nós sabemos que você está passando por uma fase difícil, mas estamos aqui, Marinette, para te ajudar! Nunca vamos te abandonar, pequena, não se preocupe não! A gente já ama você, Mari ❤️! Apesar de achar aquilo totalmente desnecessário, mas gostei de ver eles me consolando e me apoiando. Naquele momento, senti que, apesar de tudo de ruim que tinha acontecido, talvez novos ventos soprassem em minha vida, e mesmo que viessem tempestades à vista, eu iria enfrentar tudo com garra e coragem, e quem sabe, pela primeira vez, com pessoas verdadeiras ao meu lado.

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