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A água vai escorrendo pelo cumprimento do meu cabelo, a chuva começou a engrossar e eu não tenho o que fazer a não ser isso.

- Sobe ai, eu quero te ajudar se você não quer problema seu. - A pessoa desliga a moto na minha frente, fazendo com que tudo ficasse escuro.

- ESPERA! Eu não sei o quê você quer comigo como quer que eu faça isso? - Não consigo ver a feição da pessoa muito menos ouvir sua voz de forma clara, é arriscar ou morrer de frio sozinha e triste.

- Por favor... Vamos logo, não tenho muito tempo.

- Tá bom, tá bom. - Vejo o capacete voar em minha direção com o pouco de luz de um poste distante e pego rapidamente. Morrendo de frio, subi na garupa da moto que foi ligada com a chave.
É estranho ter que segurar na cintura de uma pessoa que eu nem reconheço, estranho eu SUBIR numa moto de alguém que eu não reconheço na verdade.

Paramos numa cafeteria pequena mas que parece aconchegante em primeira vista.
Entrei no local e o motorista ainda estava de capacete...

Hum? Jimin?

- Agora você sabe quem eu sou certo? - Ele larga o capacete e logo após coloca o cabelo pra trás com as mãos.

- Porquê você fez isso? - Perguntei confusa, ele me odiava.

- Ué, te deixaram na chuva. - Ele se senta na mesa.

Eu estava próxima de abrir um sorriso.

- Não se anima muito, ainda não vou com a sua cara. - O mesmo faz uma cara séria de reprovação.

Droga, o clima estava favorável.

Bom, o café que ele pediu é bom, delicioso na verdade.

- Obrigado. - Agradeço um pouco confusa ainda. - Aqui continua frio. - Tremi um pouco.

- Não por isso, pega o meu casaco. - O mesmo laça a sua jaqueta sobre a mesa. - Quem fez isso com você afinal? - Ele toma um gole do seu café preto, prestando atenção em mim enquanto colocava o seu casaco.

Como eu iria explicar sem que ele debochasse da minha cara?

- O grupo, o meu grupo, eles combinaram de me dar uma carona por causa da chuva mas passaram reto por mim e aceleraram numa poça cheia de água. - Tomei mais um gole de café quente.

- Hum. Eu já desconfiava. - Vejo seu olhar mirar minha mochila ainda molhada. - Já olhou seus materiais? Eles podem estar molhados.

O meu coração se despedaçou na hora que vi.
Os cadernos todos estavam molhados e eu teria que mostrar tudo no final do ano. O QUE FALTA 1 MÊS. Como eu faria tudo isso?

- Molhou tudo... - Abaixei a cabeça chorosa.

- Sinto muito mas você terá que fazer tudo novamente. - Ele faz barulho ao encostar o café na boca.

- Nossa me ajudou muito. - Falei séria.

Ele mexeu um pouco nas páginas dos cadernos.

- Acho que dá pra recuperar...

- Como?

- Vamos fazer assim, você não me enche o saco e eu te ajudo a recuperar os cadernos.

- Tá, fácil.

- Mas vai ter que ir todos os dias comigo pra casa e me ajudar nas matérias que eu tiver dificuldade, você é inteligente, será mais fácil do que imagina. - O mesmo me devolve os cadernos encharcados.

- O quê? Minha mãe vai me matar. - Disse totalmente desesperada com a oferta.

- Azar é o seu, agora termina de tomar tudo ai e eu te largo em casa.

Terminei de tomar o café e vi que a chuva já havia parado e eu estava totalmente seca, isso é um bom sinal.
Disse o endereço de casa e ele me levou até lá. Até que foi legal, nem achava que iria sair de moto hoje, justamente com ele, foi um tanto quanto peculiar.

Minha mãe abriu a porta totalmente confusa, de óculos e roupão rosa, atípico.

- Por quê está com o cabelo assim e por quê veio de moto? Quem era aquele? - A mesma fecha a porta a trancando em seguida.

- É uma longa história, posso tomar um banho primeiro? - Largo a mochila numa cadeira da mesa de jantar e subo até meu quarto para pegar um pijama quentinho e tomar um banho.

[...]

- Tá, agora me explica. Vai precisar de uma ótima explicação. - Ela se senta a minha frente com os braços cruzados, me recriminando pelo incidente.

Como vou explicar sem parecer um pouco estranho? Melhor ser sincera.

- O meu grupo de amigos ofereceu carona para mim no final da aula pois estava chovendo, marcamos numa rua atrás da escola, logo no final da aula os esperei ali como o combinado prometia, eles aceleraram o carro e passaram numa poça que estava em baixo dos meus pés, fazendo com que eu ficasse totalmente encharcada.

- Tudo bem, o que o cara da moto tem a ver com isso? - Ela diz arqueando a sombrancelha ainda em dúvida.

- O garoto "gay" é ele. - Fui direta. - Eu ainda estava na rua molhada, com frio, suja e sozinha quando ele chegou e me ofereceu carona de moto. Meus cadernos se molharam por inteiro e ele ofereceu ajuda para conseguir concertar os estragos em troca de ajuda em matérias que ele tivesse dificuldade. Além disso, me pagou um café e me trouxe até aqui.

- Acho legal ele querer te ajudar, mas, não vou muito com essa história de moto. Mas tudo bem, tudo bem, com tanto que se ajudem não vejo problemas nisso.

Amém!

[...]

celular toca...

Ligação On:

So ri: Alô?

*silêncio*

Número desconhecido: Lembre-se de levar o meu casaco amanhã!

So ri: Jimin?

*risadas*

Número desconhecido: Não não, é Jesus Cristo que quer seu casaco de volta.

So ri: Ignorante!

*risadas*

Número desconhecido: Entendeu o meu recado, agora tchau.

So ri: Espera!

Número desconhecido: O quê foi?

So ri: Obrigado por ter me tirado a chuva e ter pagado o meu café.

*silêncio*

Número desconhecido: Ai So Ri vai dormir, acho que você tá enlouquecendo...

Ligação Off.

Número salvo: Jimin rude!

Rude! - Park Jimin.Onde histórias criam vida. Descubra agora