- Beverly? Tudo bem? - Tracy perguntou.
Beverly mal teve tempo para responder pois Ben chegou, parando bem ao seu lado. Ambos com expressões nítidas de medo.
- Alguém pode dizer o que está acontecendo...? - pergunta Tracy, mas também foi interrompida por Richie que chegou correndo e gritando enquanto subia para o segundo andar.
- Pra mim já deu! Chega dessa merda, vou embora daqui!
Tracy respira fundo e encara os amigos. Os olhares se voltam para ela que percebe que ela é a única bem o suficiente para falar com a figura irritada no andar superior, ela suspira e começa seu caminho atrás de Richie.
- RICHIE, ESPERA! - grita ao subir as escadas.
Ao chegar no quarto, Tracy viu o amigo colocar suas roupas em uma bolsa grande. Ela corre para ele e começa a tirar as roupas da mala e então uma pequena luta para tirar as que estavam nas mãos dele, o que em outras circunstâncias seria no mínimo engraçado.
Richie então se deixa levar e permite que Tracy tire as roupas de suas mãos.
- Por que, Tracy? Por que estamos aqui, com essa Coisa? - ele questiona com os olhos vermelhos.
- Richie... Eu sei que... - ela começa, mas Richie a interrompe.
- Não, Tracy, você não sabe! É esse o problema! Todos fingem que está tudo bem, quando na verdade estamos a beira da morte! Então se for dizer que me entende você... - ele diz, mas interrompe a si mesmo quando vê as lágrimas nos olhos da amiga. - Tracy...
- Escute bem, Richie: nós estamos na mesma situação, você viu coisas, eu vi coisas, todos nós vimos coisas com que é difícil lidar. Eu não sei o que se passa com você, mas posso garantir que não é muito diferente para qualquer um de nós! - ela limpa as lágrimas. - Eu já passei por muita coisa, Richie. Nós temos problemas além dessa merda de cidade. E eu nunca vou esquecer tudo o que vivemos, ou vamos viver aqui. Porque ele passou anos na minha cabeça, me assombrando todas as noites desde que o enfrentamos. Ele me faz ver todas as noites todos vocês mortos, então como acha que eu não entendo?
Ela se afasta dele e se senta na cama, apoiando os cotovelos no joelho e a cabeça em suas mãos.
Richie se sente culpado. Ele sabe o quão traumatizante foi quando eles eram crianças, isso o marcou. Mas ele não imaginava que Tracy ainda sonhaste com aquilo, não imaginava que ela revivia tudo daquele verão todas as noites. Ele se culpou por achar que as coisas eram piores para ele, mesmo quando todos tinhas quase os mesmos problemas. Tracy é sua amiga, e nem isso eles parecem mais.
- Tracy... - ele se senta ao lado dela. - Me desculpa, eu sinto muito por tudo, por tudo.
Algo que Richie não esperava aconteceu. Tracy o abraçou. Isso foi inesperado, mas Richie imaginou que deviam estar se passando milhões e numa coisas, lembranças na cabeça dela agora.
- Eu já perdi o Stanley, não quero perder mais ninguém, por favor. - ela disse. - Eu estou com medo, Richie.
Ele então respira fundo. Ele quer ficar, realmente quer ficar, mas ele não consegue. Então ele mente.
- Eu vou ficar. - ele diz. - Eu vou ficar.
Aquele sentimento nauseante quando os lábios de Beverly encontram os de Bill não está em mesma intensidade. Aquele frio na barriga que ambos sentiram há 27 anos quando compartilharam um beijo de desperdida desapareceu.
Nenhum dos dois sabe exatamente o que sente. É como se fossem fogos de artifício no 4 de julho, brilhantes, porém passageiros.
Eles não percebem que alguém se aproxima deles, descendo as escadas em passos leves e cansados. É Tracy.
Ela nunca se esqueceu do dia em que viu Bill e Beverly se beijarem, a magoou mesmo que não devesse. E agora ela tem que assistir tudo outra vez, algo que ela não esperava depois de tanto tempo. Era algo que, assim como as outras coisas, ela esperava que ficasse para trás.
Ela ouve barulhos atrás dela, com se algo caísse pelos degraus. Um skate desliza irregularmente pelos degraus, e Tracy pode sentir um suspiro pesado que arrepiam os pelos da nuca.
Ele está ali.
Tracy desce isso degraus e para ao lado de Beverly, puxando sua arma e a carregando. Ambos os amigos a encaram por alguns segundos antes que o skate parece aos pés da escada. Sangue flutua, saindo debaixo do skate, formando fios densos que se assemelham a gotas.
Bill puxa um cabideiro e cuidadosamente vira o skate.
" Não vai estar lá por ele também? "
- Droga! - ele diz e larga o objeto de suas mãos no chão.
- Bill, o que isso quer dizer? - pergunta Tracy.
- Ele pegou o menininho. Ele... - responde exasperado.
- Que menininho, Bill? - Beverly questiona.
- Aquele do restaurante! - Beverly é a única a entender.
Bill então corre para a saída do hotel e Tracy corre atrás dele, apenas de tudo ela não pretende deixá-lo sozinho nas atuais circunstâncias, porque é isso que a Coisa quer.
- Tracy, por favor, fique em segurança... - ele começa.
- Cala boca, você não vai me fazer ficar aqui enquanto vai atrás daquela Coisa - ela esconde a arma na parte de trás da calça. - Eu não vou deixar você, não posso cometer o mesmo erro.
Ele a encara por breves segundos, um sentimento familiar no peito. O vento fazendo o cabelo dela voar enquanto ela o encara de volta. Bill então percebe que pela primeira vez ele tem certeza de algo.
[ • ] revisado
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𝙎𝙄𝙓 𝙁𝙀𝙀𝙏 𝙐𝙉𝘿𝙀𝙍 • 𝘪𝘵
Fanfiction"ᴛᴀʟᴠᴇᴢ ᴏ ɢʀᴀɴᴅᴇ ᴘʀᴏʙʟᴇᴍᴀ sᴇᴊᴀ ϙᴜᴇ ɴᴏ́s ɴᴀ̃ᴏ ᴄᴏɴsᴇɢᴜɪᴍᴏs ᴇɴᴛᴇɴᴅᴇʀ ᴏ ϙᴜᴇ ᴀᴄᴏɴᴛᴇᴄᴇ ᴀϙᴜɪ, ᴇɴᴛᴀ̃ᴏ ᴄᴏᴍᴏ ʟᴜᴛᴀʀ ᴄᴏɴᴛʀᴀ ᴀʟɢᴏ ϙᴜᴇ ɴᴀ̃ᴏ ᴇɴᴛᴇɴᴅᴇ? " Algumas coisas nunca mudam, mesmo depois de anos. As memórias que guardamos são aquilo que nos torna quem somos...