passion is pain.

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Yeonjun roubou meu sono por semanas.

Após o nosso quase beijo eu entrei em um estado de procrastinação que constituía em permanecer por horas apenas pensando em tudo que aconteceu. Em suas palavras. E a forma como sua boca se contorceu em uma biquinho antes de me beijar, na bochecha, por sorte.

É um ciclo vicioso: me sinto idiota por tê-lo afastado, então penso que tudo bem beijar ele, e meu rosto se contorce em uma careta no exato momento que me pego pensando sobre que diabos está acontecendo comigo por pensar em Yeonjun dessa forma. Nossa amizade começou de forma natural e ele abriu caminho dentro de mim, mas é estranho.

Eu realmente gosto dele?

A resposta veio em um sonho conturbado, onde eu tinha um corte de cabelo diferente e salvar a vida do garoto de fios azuis era minha maior prioridade. Ele corria, eu ia atrás e, vê-lo correndo e sorrindo me dava todas as borboletas no estômago que sempre ansiei sentir. Nós caminhávamos juntos e ele me beijava de uma forma inédita para mim, do jeito que eu sei que ele teria feito se eu não tivesse fugido, quando estávamos na casa da árvore.

Naquela noite eu acordei suando e com dificuldades para respirar e é até engraçado como Yeonjun sempre rouba o meu ar. Só que, desta vez, não teve graça acordar com a boca dormente e algo duro entre as minhas pernas. Nada seria tão vergonhoso do que imaginar como meu corpo reagiu a um sonho inofensivo, e todos os vários efeitos que surtiram em mim.

Encarar o Choi seria difícil depois de toda essa montanha russa de emoções, e eu não estava preparado. Nos últimos dias as aulas tem sido esquisitas. Yeonjun até tentou falar comigo no primeiro dia, mas eu estava nervoso e reagi de uma forma tão exagerada que ele se afastou, como se entendesse que era isso que eu estava querendo.

Mas, porra, não era isso.

Eu não quero que ele se afaste, eu o quero perto. Talvez não tão perto quanto ele quer. Ou talvez sim. Céus, lidar com sentimentos deveria ser mais fácil. Ninguém me ensinou como reagir a tudo isso e, se posso dizer, está sendo difícil para caralho aprender sozinho. Mas, não posso mentir e dizer e toda o afastamento de Yeonjun tem sido fácil ou tranquilo. Ainda o quero perto de mim e penso nisso todas as noites e, então, vou dormir prometendo a mim mesmo que no dia seguinte eu vou caminhar até o garoto de cabelos azuis e falar com ele como o bom amigo que sou.

Só que... nunca tenho coragem.

E ele parece cada vez mais próximo de Beomgyu e eles parecem bem juntos, como se o loiro baixinho e sem graça fosse um amigo melhor que eu. É irritante, porque Yeonjun ri muito mais escandaloso quando está com ele, e eu odeio não me aproximar. Eu assisto, de longe, enquanto vejo-o mais próximo de Beomgyu e mais distante de mim.

Tudo está confuso e minha cabeça dói.

(...)

Nunca foi um problema para mim falar sobre sentimentos e frustrações com meus pais. Seja angústia, medo, felicidade ou receios. Meus pais me escutam quando preciso, eles carregam essa política de que guardar coisas para si mesmo costuma magoar demais e uma pessoa que não compartilha nada geralmente é muito solitária.

Diante dessa filosofia, eu estava na porta de Jungkook, os dedos trêmulos enquanto pensava em como abordá-lo. Sobre o que exatamente eu queria falar? Acho que perdi essa habilidade. Na verdade, eu não sabia sobre o que queria falar, ou se eu realmente queria falar alguma coisa, eu só queria ver meu pai e conversar com ele. Eu queria ouvir sua voz e seus conselhos. Ultimamente Jungkook parece tão distante e eu sei que a culpa é minha e mudar isso depende de mim.

Enquanto eu parecia tomar coragem de bater a porta, meu pai foi mais rápido e a abriu do outro lado. Ele parecia cansado, os olhos grandes se abrindo lentamente enquanto me observava ali como se minha visita fosse inesperada, mesmo que moremos na mesma casa.

Oásis. [yeonbin]Onde histórias criam vida. Descubra agora