That's On Me

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Yeonjun sumiu por duas semanas inteiras e eu estava pronto para esquecer de sua existência. Durante os primeiros dias tudo que fiz foi me culpar e chorar pelos cantos, passei a acreditar que era minha culpa, eu tinha esse dom de afastar coisas boas de mim. Então, nos dias que sobraram obriguei a culpa e a tristeza a darem lugar para a raiva. Fiquei furioso. Não era minha culpa. Eu não fiz nada. Ele sumiu sem dar explicações. Me fez acostumar-me com ele, a gostar de sua presença, foi embora e me deixou amargurado e solitário. Nunca me senti solitário antes, eu gostava demais da minha própria presença, mas quando Yeonjun sumiu tudo que senti foi sua falta. Como se estivesse faltando a parte animada e carismática dos meus dias.

Logo, odiei Yeonjun. Amaldiçoei até a quarta geração de sua família e passei a sentir calafrios toda vez que via qualquer pessoa de cabelos azuis.

Mas, então, ele voltou. E era como se nunca tivesse ido embora.

Ele trocou algumas palavras com Beomgyu, do outro lado da sala, enquanto tomava o assento com o baixinho. Era aula de química e a Sra. Kwon estava pedindo silêncio enquanto minhas mãos tremiam e eu suava frio apenas por estar vendo o garoto de cabelos azuis outra vez. Os dois horários de química foram uma tortura para mim, Yeonjun estava perto e tão longe ao mesmo tempo. E eu me sentia sufocado.

Embora quisesse gritar com ele e exigir explicações, eu sentia como se não pudesse fazer isso. Como se eu não tivesse nenhum direito de tirar satisfações com ele, nós éramos amigos a pouco mais de um mês e eu tinha medo de estragar tudo.

Eu estava tão desesperado por drama que criei milhares de cenários na minha cabeça, e em todos eles Yeonjun não voltava nunca mais.
Agora vendo-o aqui, eu me sinto um idiota por ter chorado no dia em que visitei sua casa abandonada. E me pergunto se ele também me acharia um idiota se soubesse.

O sinal soou pelos corredores anunciando o intervalo entre as aulas, é terça-feira e o inverno já está chegando ao fim. Me sento no canto do refeitório, na parte afastada do caos que são adolescentes gritando por biscoitos e fazendo fofocas. A comida parece mais maçante hoje. O gosto é terrível, ou talvez seja só o meu estômago ansiando por uma fome que comida alguma poderia saciar.

Yeonjun, finalmente, caminha até mim. Estive esperando que ele tomasse iniciativa pois me sinto tão bagunçado que me faltou coragem ou palavras certas para me aproximar. Me sinto enjoado e o cheiro do seu perfume é adocicado demais, mas não é isso que me causa tonturas, mas sim a forma como ele se aproxima e apoia uma mão em minha coxa.

— Bom dia, Soobin-ssi.

Ele se senta ao meu lado. Seu sorriso largo não atinge seus olhos como eu gostaria, ou como sempre fazem. Isso me incomoda, mas, ultimamente, me sinto incomodado por todas as coisas.

— Bom dia, hyung.

— Ah, hyung, é? Você não costuma me chamar assim.— Yeonjun solta uma risada fraca enquanto se inclina em minha direção, aproximando-se ainda mais.— Eu gostei.

Meus olhos se abrem em incredulidade, por parte estou chocado com como ele consegue simplesmente fingir que não desapareceu por uma semana inteira e, por outro lado, a forma como ele sussurrou ao meu ouvido me deixou pensando coisas.

Embora Yeonjun esteja logo a minha frente, ainda é como se estivéssemos a anos luz de distância.

— Você sumiu...

Minha voz soa como um fio quase inaudível. Ele suspira e sorri.

— É, eu tive alguns problemas, Soobin-ssi, mas posso jurar que senti sua falta todos os dias.

Em certo ponto já estou com a guarda baixa e quero apenas esquecer o desespero de quase perda que senti sem Yeonjun, e, por outro lado não quero dar-lhe o fardo de todo meu emocional. Eu seria extremamente injusto, não só com ele mas comigo também, se o usasse como um mecanismo de dependência emocional para mim. Não posso depender emocionalmente dele então repito o mantra várias vezes na minha cabeça dizendo que; tudo bem Yeonjun ter sumido, eu nem gosto tanto dele.

Oásis. [yeonbin]Onde histórias criam vida. Descubra agora