my boy.

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Não deixar escapar, não deixar escapar, não deixar escapar.

Eu tenho um mantra, um objetivo, muita coragem e, secretamente, uma dose de Hennessy no organismo.

Excursões escolares são um porre. Encher um ônibus velho e sucata com adolescentes escandalosos não é uma boa ideia, mas acontece todo ano, várias vezes. Estudar botânica é tão ruim quanto uma noite mal dormida, e eu resmungo durante todo o caminho até estar dentro da lata-velha, sentando-me em qualquer lugar. Acampamento escolar é meu pesadelo desde que eu tinha uns seis anos.

Um garoto baixinho se aproxima, ele é magricela e usa óculos redondos grandes demais para seu rosto fino. Ouço a voz do Sr. Lee ordenar-lhe que sente em qualquer lugar e ele parece assustado demais enquanto os olhos grandes buscam permissão em meu olhar. Espero que a forma como deixei de encará-lo para fitar meus próprios dedos tenha deixado claro que não me importo com quem viaja ao meu lado.

Ele se senta, os braços abraçam a mochila. Seus olhos passeiam por todo o meu rosto.

— Oi...

Minhas sobrancelhas se erguem naturalmente.

— Oi?

— Meu nome é Taehyun.

Eu adoraria ignorá-lo, mas eu estaria sendo apenas um babaca. Meu lábio inferior está formigando enquanto sinto minhas mãos suarem.

— O meu é Soobin.

Ele não imagina o quão difícil foi para mim formular uma resposta tão simples. Taehyun parece simpático e inofensivo, mas eu ainda sou introvertido demais para render algum assunto, então, me remexo no assento ao seu lado e encaro seu rosto enquanto espero que ele seja diferente de mim e inicie uma conversa.

Assim como imaginei, Taehyun sorri.

— Eu sei.

— Você sabe?

— Sim. Minha mãe é Kang Haseul, ela dançava na mesma companhia que seu pai Jeongguk. Ela me disse muitas coisas sobre ele e eu sempre vi você na escola mas eu não conseguia me aproximar.

Meus lábios estão entreabertos e eu o ouço com surpresa estampada em meu rosto. Meu pai é bem conhecido na companhia em que costumava dançar, mas eu nunca imaginei que alguém da minha escola fosse conhecê-lo. Taehyun coça a nuca, envergonhado pelo tempo em que me mantive em silêncio apenas encarando seu rosto, nenhuma expressão exagerada transparecendo de mim. Acabo por pigarrear antes de forçar meu sorriso mais sincero, no fim das contas foi bom ouvir algo assim.

— E porque você não conseguia... se aproximar de mim?

— Você estava sempre interessado demais em outras coisas e eu nunca encontrava o momento certo.

Eu solto uma risada fraca. Não existe momento certo, disso eu sei. Qualquer momento é o certo para fazermos o que quisermos, e eu desejei que Taehyun tivesse aparecido mais cedo, ele realmente parece um garoto legal. E eu me esforço para dar uma chance.

Por todo o resto da viagem de longas quatro horas, eu estou ouvindo as histórias que o garoto faz questão de me contar. Ele costumava ser capitão do time de futebol na sua antiga escola e era da equipe de natação. Taehyun odeia sorvete de menta com chocolate mas adora comidas doces, e eu não digo nada, apenas balanço a cabeça negativamente ou positivamente quando é necessário e estou rindo de todas suas piadas sobre os Estados Unidos.

Quando, finalmente, chegamos ao destino final é possível ver como o sol brilha através das nuvens carregadas da primavera. Está frio, e embora o sol amarelo esteja aquecendo minha pele, parece que vai chover bastante. Eu desço do ônibus, pés brincando na grama verde e úmida, enquanto espero que Taehyun também desça, apenas porque ele me fez prometer que ia esperá-lo.

Oásis. [yeonbin]Onde histórias criam vida. Descubra agora