As long as you love me

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Yeonjun acordou de supetão ao me ouvir chamar seu nome. Seus olhos deslizam por todo meu rosto antes de irem de encontro às minhas mãos, segurando seu caderno vermelho. Seus lábios se entreabrem quando ele volta a me encarar, parecendo tão culpado que meu coração dói.

— O quê é isso? — Eu pergunto, baixinho, temendo sua resposta. Ele umedece os lábios, sorri fraco e tenta alcançar o caderno em minhas mãos.

— Não é nada.

Yeonjun está forçando uma risada fraca como se tudo isto fosse apenas uma piada que eu não entendo. Meu cenho está franzido, dolorosamente, minha cabeça martelando mil e uma péssimas probabilidades. Não costumo questionar nada quando se trata de Yeonjun, tenho medo de algum dia descobrir demais e acabar perdendo ele, talvez seja por isso que prefiro ignorar provas esfregadas na minha cara. Mas, não posso e não quero continuar fazendo isso. Tenho plena consciência de que ignorar e omitir dói tanto quanto perdê-lo e, especialmente agora, não me importo com as consequências de saber a verdade.

Seu sorriso morre quando ele percebe que não vou ceder desta vez, não vou aceitar tudo me mantendo calado.

— Não é nada demais. É... nada.

— Nada? — Eu pergunto, a voz arranhando. Minha garganta se fecha, a frustração me preenche.— As coisas estão estranhas demais. Onde estão seus pais?

— Quê? — Ele faz uma careta.

— Onde é sua casa? Onde está sua avó que construiu esse lugar? Tem tanta coisa sobre você que eu não sei.

— Soobin...

— Cadê sua família, Yeonjun? Você realmente tem dezessete anos e reprovou por biologia ou você é apenas um mentiroso?!

Eu não planejava gritar. Céus, eu não queria gritar. Mas, quando dei por mim, já estava gritando. De forma desesperada, tão esganiçado quanto um cordeiro ao ser apunhalado. Yeonjun arregala os olhos e abre a boca várias vezes, sem reação. E isso me machuca mais do que imaginei que faria, pois era para ser rápido e bem resolvido. Eu só queria algumas respostas e acabar com isso. Aquele caderno me assustou, eu estou confuso, mas ele não parece disposto a dar qualquer tipo de satisfação.

É quando sinto as primeiras lágrimas. São mornas e lentas demais, dançando todo um caminho por minhas bochechas. Se aproximasse de mim, bem próximo, seria possível ouvir meu coração quebrando em milhares de pedacinhos enquanto Yeonjun se mantém em silêncio. Eu odeio ser tão chorão, especialmente agora.

— Você não vai dizer, não é? Não vai tentar explicar o porquê de tudo sobre você ser tão confuso. Eu estou cansado dessa merda, Yeonjun.

— É inútil. Eu preciso que você confie em mim.

— O quê é inútil? Me dizer a verdade? Você não se importa o suficiente para me explicar? Você está acabando comigo, Yeonjun. Está acabando comigo.

Seus olhos exibem um brilho diferente quando ele para de encarar os próprios pés e me olha com olhos ávidos, afiados, brilhantes de descrença. Yeonjun se levanta até estar próximo de mim, o peito batendo contra o meu.

— Por que eu deveria contar a verdade para alguém que não entende nunca?

Meu peito sobe e desce, de repente me sinto tão nervoso que meu estômago se revira diversas vezes. Yeonjun parece mais bravo do que jamais vi, as mãos vão de encontro aos cabelos negros quando ele suspira dramaticamente, andando de um lado para o outro. Ele me encara com uma expressão dolorosa em seu rosto, as sobrancelhas franzidas, os lábios curvados para baixo.

— Eu poderia dizer. Poderia contar tudo mas você não aguenta a verdade, Soobin, você nunca aguenta a verdade. Sabe quem está cansado? Eu estou!

Oásis. [yeonbin]Onde histórias criam vida. Descubra agora