Capítulo 15

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     Já era meio dia quando acordei e notei que acabei por dormir com a cabeça no teclado do PC, o Luís dormiu na cama... " uff, que belo guarda costas, seu babaca"

    - Hey idiota acorda, vamos chegar atrasados.

    - Aah me deixa dormir.

    - Você dormiu muito melhor que eu já que dormiu na cama e me deixou dormir mal aí na cadeira neh.
 
    Aí ele levantou com uma cara bem confusa...

    - Eu fiz isso? - eu notei que ele estava se controlando para manter a cara seria mas queria sorrir - desculpa, eu só vim deitar um pouco e acabei por dormir.

     - Ótimo porque isso me deixou com dor no pescoço, caraças.

    Nos arrumamos e comemos o mais depressa possível...

     Preferi não falar com o Luís no colégio, não quero ter de quebrar o nariz de outra garota ainda na primeira semana de aulas...

    Como o meu professor já havia entrado fui ao refeitório, comprei uma sandes e fui ver o ginásio pela primeira vez. Havia o campo de futebol, o de andebol, o de voleibol, de basquetebol,e a piscina. Eu sentei nas bancadas frente a piscina.

     Fiquei a pensar um pouco até alguém vir interromper a minha paz...

    - Posso? - o rapaz que me fez cair ontem perguntou apontando para a cadeira ao meu lado.

   - Pode sim.

   - Oi, só queria pedir desculpas outra vez por ontem, sério.

   - Não faz mal.

   - Sou o Fernando já agora e sei que o seu nome é Anne, certo?

   - Como sabe disso?

   - A sua amiga Lisa me disse.

   - Subornou ela ou quê? - falei enquanto tirava da minha pasta o meu caderno de desenhos.

    Ele sorriu antes de responder...

    - Não foi necessário, ela sabe que eu não vou te fazer mal nenhum para além de querer te conhecer.

    - E porquê eu? - falei tirando o meu lápis pra começar.

    Ele tirou um papel do bolso, o desenrolou e nele estava escrito 'ANNE ADAMS', franzi a testa e olhei pra ele...

    - Meu psicológo deu isso pra mim, ele disse que essa pessoa me faria bem ou algo assim.

    - E você acredita nisso?

    - É uma das poucas coisas em que eu quero acreditar agora.

    - E porquê você acha que sou eu?

    - Você não é muito comum... é a primeira vez que vejo uma morena com o cabelo assim vermelho escuro, geralmente são castanhos ou pretos, os seus olhos são praticamente cor de ouro, eu nunca vi isso antes também, e você prefere estar sozinha à socializar.

    "Ok, nisso tudo ele pode estar certo, mas essa história do psicológo tá muito mal contada"

    - Tá, mas não acha que eu vou cair nessa história desse papel assim tão rápido neh?

    - Eu sei... posso explicar se quiser... - eu fiz que sim com a cabeça enquanto segurava o lápis - eu sou filho único agora, eu tinha uma irmã mais nova mas ela morreu afogada enquanto eu ficava olhando porque não conseguia fazer nada, naquela altura eu tinha fobia a água, eu não conseguia nem ficar na bera do rio ou da praia nem na borda da piscina. Eu não me senti culpado porque eu não ia conseguir fazer nada além de me afogar também. Daí eu claro que me senti sozinho e resolvi enfrentar esse meu medo, treinando com um psicólogo e eu pensei que já havia ultrapassado tudo isso - enquanto ele falava eu riscava a minha folha sem saber ao certo o que eu desenhava - então, me armei em idiota um dia e quando fui a uma das consultas ele me deixou sozinho na piscina porque tinha de ir buscar algumas coisas, eu entrei e nos primeiros 3min eu consegui me concentrar, mas eu deslizei e fui para a parte mais funda e aí começou o meu pânico, eu tentei gritar mas eu só acabava por engolir ainda mais água, acho que fiquei assim uns 3min até sentir que já não tinha forças e alguém me tirou da água, aí tudo o que eu havia pensado que estava ultrapassado voltou, a morte da minha irmã, o medo de água, comecei a me sentir culpado e desiludido comigo mesmo. Meus pais procuraram outro psicológo, só que ao que parece ele diz que é vidente... se acontecesse a mais tempo atrás eu não ia acreditar que ia te conhecer, mas depois de tudo o que eu passei, eu decidi acreditar mais nisso já que não tinha mais nada a perder...

     Logo que ele terminou de falar eu parei de desenhar, e não sei o que havia feito mas guardei...

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