Capítulo 21

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    Essas palavras ficaram ecoando em minha cabeça por uns segundos...

    - Achas que ele pode?

    - Olha, eu sinceramente acho que sim, ele parece ser misterioso mas ao mesmo tempo transparente, acho que ele pode te ajudar a ultrapassar isso.

    - Uff, tá eu vou tentar.

    - Tá bem - ela beijou o meu cabelo - vamos...

    Minutos depois já havíamos deixado a minha mãe...

    - Pra onde queres ir?

    - Aah não sei... surpeende-me.

    Ele olhou pra mim e sorriu... acho que uns 20min depois paramos frente a um parque aquático.

    - Sério?  - falei descendo do carro - um parque?

    - Não gostou?

    - Não é isso, é que não venho a um parque aquático a muito tempo, e tu não és muito fã de água.

    - Quando estou contigo o medo não me interessa assim tanto!

    "Ok constrangedor". Eu só consegui sorrir.

    - Então, vamos entrar? - ele estendeu a mão pra mim e eu aceitei.

    O parque estava meio movimentado, mas nós passávamos por todas as atrações sem parar, o que me fez pensar para onde nós íamos... obtive a minha resposta ao entrarmos numa tenda que dava para uma piscina, era a parte isolada do parque e acho que muita gente não sabia desse lugar, haviam só as luzes da piscina, não estava claro, havia luz suficiente para não chocar com nada.

    - Então, gostou?

    - É fixe, mas porquê que estamos aqui?

    - É  um sítio calmo, e aproveitamos para nos conhecermos melhor e comer qualquer coisa.

    - Claro.

    - Vou buscar a comida e já volto...

     Quando ele se foi eu descalcei os ténis e sentei à  borda da piscina e coloquei os pés na água, é relaxante porque a água estava morna. Fiquei pensando um monte de vezes no que a minha mãe disse, "tá bem, eu vou tentar"...

     - Voltei...

     Terminámos de comer tão depressa quanto havíamos começado.

    - Então, porque me trouxe aqui? - perguntei tentando puxar assunto.

    - Porque esse sítio é especial e você também é...

    - Aposto que foi o teu psicológo que te disse isso.

    - Não, ele... morreu... mas não quero falar sobre isso, e também já não preciso de um psicológo... acho eu.

    - Ahamm, sinto muito.
 
    Claro que fiquei estupefacta, tudo na vida dele parece desabar tão facilmente e parece que ele lida com isso com tanta calma... era o que eu pensava até que me lembrei...

    - Importas-te de me mostrar os teus pulsos?

    - Porquê?

    - Olha, primeiro a tua irmã, a fobia com a água, o psicólogo, a tua vida parece praticamente uma porcaria e acho que tu não tens uma relação assim tão tão agradável com os teus pais, o que significa que o clima em tua casa não é lá grande coisa, tu pareces lidar com isso de um forma tão natural e calma mas isso não bate certo a menos que tu não estejas mesmo a lidar com isso...

     - Como assim?

     - Eu nunca reparei nos teus pulsos, e tu andas sempre com cenas que os cobrem, algo aí não bate certo e eu sei do que falo...

     Ele ficou me olhando tão fixamente que eu também não consegui desviar o olhar, parecia que ele estava aliviado mas aflito ao mesmo tempo... ele retirou as cenas que cobriam os pulsos e eu fiquei chocada quando vi àquilo, eu nunca havia visto alguém com sinais tão visíveis no pulso, na verdade nunca havia conhecido alguém com depressão...

    - E agora? - ele perguntou olhando pra mim, ou era impressão minha ou ele estava prestes a chorar - o que acontece agora?

    Eu respirei fundo e me mantive o mais calma possível.

     - Vem cá... - ele deitou no meu colo - podes chorar se quiseres, eu não vou te achar menos lindo por causa disso tá bem.

    Ele sorriu e um minuto depois eu senti as lágrimas dele na minha pele...

    - Podemos ficar aqui o tempo que você precisar...

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