Essas palavras ficaram ecoando em minha cabeça por uns segundos...
- Achas que ele pode?
- Olha, eu sinceramente acho que sim, ele parece ser misterioso mas ao mesmo tempo transparente, acho que ele pode te ajudar a ultrapassar isso.
- Uff, tá eu vou tentar.
- Tá bem - ela beijou o meu cabelo - vamos...
Minutos depois já havíamos deixado a minha mãe...
- Pra onde queres ir?
- Aah não sei... surpeende-me.
Ele olhou pra mim e sorriu... acho que uns 20min depois paramos frente a um parque aquático.
- Sério? - falei descendo do carro - um parque?
- Não gostou?
- Não é isso, é que não venho a um parque aquático a muito tempo, e tu não és muito fã de água.
- Quando estou contigo o medo não me interessa assim tanto!
"Ok constrangedor". Eu só consegui sorrir.
- Então, vamos entrar? - ele estendeu a mão pra mim e eu aceitei.
O parque estava meio movimentado, mas nós passávamos por todas as atrações sem parar, o que me fez pensar para onde nós íamos... obtive a minha resposta ao entrarmos numa tenda que dava para uma piscina, era a parte isolada do parque e acho que muita gente não sabia desse lugar, haviam só as luzes da piscina, não estava claro, havia luz suficiente para não chocar com nada.
- Então, gostou?
- É fixe, mas porquê que estamos aqui?
- É um sítio calmo, e aproveitamos para nos conhecermos melhor e comer qualquer coisa.
- Claro.
- Vou buscar a comida e já volto...
Quando ele se foi eu descalcei os ténis e sentei à borda da piscina e coloquei os pés na água, é relaxante porque a água estava morna. Fiquei pensando um monte de vezes no que a minha mãe disse, "tá bem, eu vou tentar"...
- Voltei...
Terminámos de comer tão depressa quanto havíamos começado.
- Então, porque me trouxe aqui? - perguntei tentando puxar assunto.
- Porque esse sítio é especial e você também é...
- Aposto que foi o teu psicológo que te disse isso.
- Não, ele... morreu... mas não quero falar sobre isso, e também já não preciso de um psicológo... acho eu.
- Ahamm, sinto muito.
Claro que fiquei estupefacta, tudo na vida dele parece desabar tão facilmente e parece que ele lida com isso com tanta calma... era o que eu pensava até que me lembrei...- Importas-te de me mostrar os teus pulsos?
- Porquê?
- Olha, primeiro a tua irmã, a fobia com a água, o psicólogo, a tua vida parece praticamente uma porcaria e acho que tu não tens uma relação assim tão tão agradável com os teus pais, o que significa que o clima em tua casa não é lá grande coisa, tu pareces lidar com isso de um forma tão natural e calma mas isso não bate certo a menos que tu não estejas mesmo a lidar com isso...
- Como assim?
- Eu nunca reparei nos teus pulsos, e tu andas sempre com cenas que os cobrem, algo aí não bate certo e eu sei do que falo...
Ele ficou me olhando tão fixamente que eu também não consegui desviar o olhar, parecia que ele estava aliviado mas aflito ao mesmo tempo... ele retirou as cenas que cobriam os pulsos e eu fiquei chocada quando vi àquilo, eu nunca havia visto alguém com sinais tão visíveis no pulso, na verdade nunca havia conhecido alguém com depressão...
- E agora? - ele perguntou olhando pra mim, ou era impressão minha ou ele estava prestes a chorar - o que acontece agora?
Eu respirei fundo e me mantive o mais calma possível.
- Vem cá... - ele deitou no meu colo - podes chorar se quiseres, eu não vou te achar menos lindo por causa disso tá bem.
Ele sorriu e um minuto depois eu senti as lágrimas dele na minha pele...
- Podemos ficar aqui o tempo que você precisar...
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Ninguém precisa saber
Teen FictionA vida de Anne muda quando ela acha que seria tão monótona como nunca... Acontecimentos fazem ela perceber que ela não deve subestimar a vida, confiar em todos e que ficar presa ao passado nem sempre é assim tão mau.