- É suposto eu ficar comovida com essa história?
- Não - ele sorriu abertamente - eu só quis explicar, para não parecer que estou a ser um péssimo conquistador.
- Ótimo, porque já ia dizer que o teu método é antiquado.
- Tu não devias estar na aula?
- Cheguei tarde, e tu?
- Eu não quis entrar porque te vi a vir pra cá e era a oportunidade de falar contigo a sós.
- Você matou aula por minha causa?
- Basicamente sim.
- Ok, começo a achar isso num pouco bizarro.
- Eh, eu também!
Conversamos um pouco mais até à Lisa vir ter comigo, aí nos despedimos e ela me levou pra sala. Me fez sentar pra ouvir o sermão dela. Ela falou um monte mas eu não prestei atenção, olhava aleatoriamente para o resto dos alunos fora da sala, e os meus olhos foram parar ao Luís e a namorada dele que falavam sobre sei lá o quê... eles se abraçaram e ela foi embora quando os nossos olhos se encontraram, eu continuei olhando até que ele entrou na sala dele e se sentou.
- Ok Lisa, já entendi, tá com ciúmes, eu entendo, eu sou bonita mas eu não sou lésbica ok - falei fazendo piada porque não ouvi nada do que ela havia dito.
- Engraçadinha - ela fez uma careta.
Depois das aulas eu preferi esperar o Luís na porta do colégio. Já haviam passado 10min e nada... fui ao estacionamento e não vi a moto dele. "Ótimo, então vou caminhando mesmo".Iniciei o meu caminho que duraria no máximo uns 35 ou 40min, ainda nem havia chegado na metade do caminho quando começou a chover, "ótimo, esse dia não pode piorar mais". Meu telefone havia ficado sem carga, não tinha como ligar para os meus pais para virem me buscar. Não tinha outra opção se não continuar a caminhar... passavam vários carros e como eu estava enxarcada e a roupa colada ao meu corpo, alguns condutores diziam algo do tipo: 'quer subir gostosa?' ou 'andando sozinha gatinha?' entre outras...
Comecei a acelerar o passo enquanto eu ofendia o Luís em todas as línguas possíveis em minha mente. Um carro parou, pelo meu olhar parecia que estavam só homens no carro, aí comecei a ficar assustada porque ao contrário dos outros eles não avançaram, em vez disso eles diminuíram a velocidade para poderem acompanhar os meus passos.
- Garota - um dos moços disse no banco de trás após ter baixado o vidro - quer uma boleia?
Eu não respondi, só continuei a andar o mais depressa que podia. Eles continuaram a dizer coisas que eu preferi nem ouvir para não me deixar com ainda mais medo, eu só conseguia repetir na minha mente "put#*& que pariu, put#*& que pariu ".
Eles deviam ter notado que eu não prestava atenção o que deixou um deles frustrado, ele saiu do carro e correu até mim, eu não consegui correr, sentia as pernas bambas, ele me virou e me agarrou pelos braços quase que me levantando do chão.
- Você não ouve quando falam contigo? - olhei nos olhos dele e fiquei com mais medo ainda, e comecei a chorar, eu estava em pânico mas sem reacção.
Ele encostava em mim enquanto os outros riam sobre não sei o quê, tocava no meu cabelo, eu estava desesperada.
- Hey... recomendo que largue essa garota agora se não quiser que eu te encaminhe para um cemitério - a voz soou a uns passos atrás de nós, eu não reconheci mas seja de quem for eu agradeço muito.
Ele me largou pra olhar pra trás e eu só corri, deixei a mochila, só com o celular no bolso, corri até encontrar uma árvore não muito longe e me escondi por trás dela.
De lá dava pra ver o que eles faziam mas eu não conseguia ouvir nem ver melhor a cara de quem me salvou praticamente a vida.
Eu me virei pra frente, sentei no chão e comecei a chorar de verdade, solucei, eu só queria voltar pra casa, não sei quanto tempo isso durou mas eu senti alguém tocar o meu ombro e eu já estava sem forças...
- Por favor - disse em meio aos soluços - me deixe ir embora por favor...
- Calma, eu não vou te fazer mal nenhum, sou seu primeiro amigo, lembra?
Tirei as mãos da cara e vi o Mike, e só consegui abraça-lo e chorar...
- Já passou... vamos para o carro que eu te levo pra casa.
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Ninguém precisa saber
Teen FictionA vida de Anne muda quando ela acha que seria tão monótona como nunca... Acontecimentos fazem ela perceber que ela não deve subestimar a vida, confiar em todos e que ficar presa ao passado nem sempre é assim tão mau.