Lembranças

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Na décima segunda badalada do sino, exatamente à meia-noite, daquele vigésimo segundo dia do quinto mês do ano, ela fechou os olhos e desejou que onde quer que ele estivesse que ele sentisse seu beijo e abraço pelo seu 25° aniversário.

Ela sabia que ambos tinham errado muito e se magoado, eles eram um desastre juntos, mas ela também sabia o quanto eles se amavam e mais ainda o quanto o coração dela pertencia a ele e isso nunca iria mudar.

Esse era o primeiro ano desde que tinham se conhecido que ela não passaria ao lado dele, e ela tinha certeza que sempre se lembraria dessa data. Ele havia partido de uma forma brusca e tinha deixado um buraco que nunca seria preenchido.

Peter era o seu melhor amigo, seu amante, seu irmão mais velho, seu guarda costas, seu conselheiro, ele era e foi o que ela precisou e partiu quando ela menos esperou, e tinha sido um golpe e tanto.

Exatamente naquele momento ela se encaminhou até seu velho guarda-roupa, o mesmo que ele tinha tantas vezes a imprensado ali e se amaram, ela achou no fundo do guarda roupa uma velha camisa do time preferido do Peter. E Hannah pegou aquela camisa e levou ao nariz e percebeu que ainda tinha o perfume dele, pode sentir seu cheiro, aquele cheiro tão característico dele, se ela fechasse os olhos podia sentir todas as vezes que aninhará sua cabeça em seu pescoço e sentia o cheiro do seu amado.

Naquele momento ela se permitiu relembrar de todos os momentos que ela passou com Peter e sentiu o buraco em seu peito cada vez maior, e esse foi o único momento em que se permitiu chorar como nunca havia chorado em todos esses meses desde a sua partida.

Hannah começou a relembrar de todas as promessas que foram feitas e Peter não fez questão de cumprir, se lembrou de todas as noites que eles passaram juntos, seja se amando, seja brigando, seja conversando, seja apenas se olhando, como fizeram inúmeras vezes.

Ela se lembrou das inúmeras vezes que chegou em casa e o encontrou adormecido no sofá após um de seus plantões no Corpo de Bombeiros, se lembrou das infindáveis vezes que ela ficava apreensiva ao ele ter que ir em uma de suas ocorrências e se lembrou de como seu coração se apertava ao vê-lo sair pela manhã bem cedo, sabendo que só o veria no próximo dia extremamente cansado.

Também veio a sua memória um dos acidentes de trabalho que Peter teve, onde ela foi comunicada no meio da noite e ela saiu desesperada para encontrar seu amado no hospital com aquele sorriso meio enfraquecido por causa dos remédios que aplicaram na veia dele, naquele momento ela sentiu seu coração apertar por se permitir lembrar do sorriso dele, o sorriso mais lindo que ela já tinha visto em toda sua vida.

Se recordou das inúmeras vezes que ele sorriu tentando fazê-la mudar de ideia ou só para confundi-la sobre algo, e quantas vezes ela tinha dito: - Não adianta me dar esse sorriso bonito que eu não vou cair na sua, Peter. Ela lembrou das inúmeras brigas que tiveram por causa de ciúmes de ambos, quantas vezes já foram dormir brigados por causa de ciúmes bestas. O quanto ela tinha sido besta de ter prolongado as brigas, que podiam ter sido finalizadas com um pedido de desculpas e uma boa rodada de sexo.

Veio a memória quantas vezes ele tinha a acalentado no meio de seus infinitos pesadelos, onde ela o perdia, e ele apenas a abraçava e dizia que estaria sempre ali com ela e ele tinha ido sem se importar com o buraco que ficaria no seu peito.

Se recordou também do dia anterior a sua partida do dia maravilhoso que tiveram juntos e como ele tinha sido intenso durante todo o dia com ela, será que ele sabia que iria partir? Provavelmente já sabia sim, ela tinha sido tão tola de acreditar que ele estaria ali para ela. Ele havia partido e deixado apenas um bilhete "Quando puder eu volto!"

Em meio a muitas das suas divagações, ela ouviu alguém bater na sua porta, ela olhou para o relógio, e viu que eram exatamente as 1:48 da manhã, ela tinha se perdido em meio as memórias e lembranças de Peter por horas. Ela preferiu fingir que não estava em casa no mínimo era estranho às quase 2 da manhã e ter alguém batendo na sua porta, alguém que ela não fazia questão de saber quem era, sabia que aquele dia seria um belo dia de merda.

E então ela recebeu uma mensagem no celular de um número desconhecido e na mensagem apenas dizia "Abra a porta, está muito frio e estou com saudades". Ela se sentou na cama no mínimo confusa, com a cara inchada de tanto chorar, a ponta do nariz completamente vermelha e olhos verdes estavam avermelhados. Os cabelos ruivos dela estavam uma confusão, ela se levantou correndo até a porta e quando Hannah deu uma espiada pelo olho mágico da porta, ela sentiu seu coração perder uma batida. Ela abriu a porta e ali parado na sua porta estava ele, o grande amor da sua vida

Peter, ele estava o mesmo os olhos um castanho claro que ela sempre foi apaixonada.

Por Beatriz Cândido

Contos para se inspirar: Porque a vida não é o bastanteOnde histórias criam vida. Descubra agora