A alma do sótão

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Uma garota muito danada se mudou para uma casa antiga com sua irmã, a mesma era cheia de regras e odiava o quanto a pestinha desobedecia suas ordens. Ainda mais sendo uma casa tão velha e cheia de lugares em reforma, facilmente sua irmã poderia se machucar e para lhe pregar uma peça resolveu numa história inventar. Esperou a noite chegar, sentando-se com sua irmã no sofá, deixou todas as luzes apagadas e iluminado seus rostos só com a lanterna do celular.

Há muitas e muitas luas passadas, tão distante que nem se pode contar. Em uma época de grandes e poderosos deuses, onde magos e bruxas dos mais fortes e impetuosos, usavam suas forças para tudo que lhes fosse agradável. Feiticeiros e videntes cruéis, que regiam o destinos dos homens sem a menor compaixão. Seres poderosos e irrefreáveis, que permitiam que sua magia vagasse livre pela terra.

Existia em uma vila, uma garota que era muito ambiciosa, ela desejava mais que qualquer coisa ser forte e poderosa. Incansável, ela procurava ser melhor que todos, a qualquer custo e desejava fortemente ser notada pelo imperador. A magia da terra procurava por humanos que lhe permitissem ser manifesta, e por vaidade do destino ela veio a ser uma hospedeira de grande força.

O imperador era, na época, ainda um garoto, mas sua crueldade já era conhecida em todos os reinos. Sem a menor compaixão, ele fazia tudo que bem entendia, não havia quem lhe pudesse repreender. Se alguém tentasse lhe questionar, era imediatamente enforcado ou queimado, além de que muitos eram enterrados vivos. Mas não deixava seu reino falecer, era um ótimo administrador e possuía imensas riquezas. As fazendas do reino eram as mais belas de todo o continente, e a fartura era de longe uma bela amostra de como aquele homem era poderoso.

Anos se seguiram sem que nada atrapalhasse o Imperador, porém sem mais nem menos pragas começaram a surgir e a devorar tudo que se via pela frente. A chuva cessou e as plantações começaram a morrer. O imperador, que acabara de ser pai de um linda garotinha, não se deixou abater e mandou que viessem todos os feiticeiros, bruxas, magos e videntes, para que lhe resolverem o problema. E prometeu que aquele que conseguisse seria dono de grande riqueza e lhe seria dado a hora de conselheiro mestre de todo o império.

Ao saber que o imperador lhe solicitava, pois, suas pragas deram certo, aquela jovem garota agradeceu aos sussurros da magia. A magia contava em seu ouvido todo tipo de feitiçaria, toda forma de realizar seus desejos e até mesmo como roubar a magia de outros hospedeiros. A garota, agora necromante, sorria de sua evolução e conseguia ler seu futuro de sucesso ao lado do mais poderoso imperador. No entanto, o imperador não lhe foi honesto e não lhe encheu de riquezas, não lhe deu o cargo que desejava, não lhe honrou como deveria.

A ira e vingança se apossaram da necromante, que lançou sobre a menina uma grande maldição. Se um dia ela viesse a ser mãe, a criança que ela carregasse seria um monstro, uma criatura impossível de matar. Entendo a maldição, ela lhe fez piorar, a criança jamais conheceria misericórdia e seria sempre vista pela sua pele escamosa. Mas se sua alma fosse livre, e seu coração fosse bom, aquela criatura seria a mais poderosa fonte de poder que o mundo já viu e quem a possuísse, lhe seria dada todo o conhecimento de toda magia existente.

Em uma noite escura, muitos anos depois, no meio de uma forte tempestade furiosa e insistente, que coloria o céu com raios e trovões ensurdecedores, uma criança era trazida ao mundo. O clima entre os presentes na hora do parto era demasiadamente perturbado, qual motivo? A jovem grávida era filha do imperador. O imperador, homem cruel e sigiloso, mandou que se livrassem do bebê por causa da maldição. Todos concordaram, inclusive a mãe, ainda mais depois de verem a forma da criatura que trouxe ao mundo.

Muito deformada a criança nasceu, seus olhos eram enormes e semelhantes ao dos répteis, a língua da criatura era a mesma de uma serpente. Seus braços eram dobrados, e não se esticavam, seus punhos eram escamosos e em nada tinha semelhança com um ser humano. As costas daquele ser tinham as costelas visíveis, e de cada pedaço de pele se projetava uma gosma verde, uma meleca mucosa fétida, que deixava os presentes enjoados. Mais que depressa chamaram um curandeiro, que ao levar a criatura para longe, a estudou e profanou a pobre em toda forma de crueldade. Mas enquanto vivesse, a pobre criatura estava trazendo desonra ao imperador. Uma ordem foi dada sem a menor compaixão. Mate-a e sua execução veio a seguir.

Contos para se inspirar: Porque a vida não é o bastanteOnde histórias criam vida. Descubra agora