_ Eu não sou ninguém.
O tom dela ao responder a minha pergunta grosseira, teve um efeito estranho sobre mim. Tocou em um ponto sensível do qual eu nem tinha consciência e me fez ficar curioso sobre ela. Mas antes que eu pudesse voltar a questionar, as luzes se acenderam e o elevador voltou a funcionar e em instantes chegava ao térreo.
Ela saiu primeiro, apressada e nem ao menos me lançou um olhar. Permaneci ali parado enquanto a porta se fechava, me conduzindo ao subsolo. Irritado por meu pequeno momento de vulnerabilidade, peguei meu carro e sai a toda dali. Mas a lembrança do olhar escuro e triste no rosto antes sorridente não me deixava um instante sequer.
"Quem era ela e de onde estava saindo?"
Havia inúmeras empresas naquele edifício, a sua entre elas, seria difícil descobrir em qual ela havia estado. A não ser que...
"Porque me importo?"
Não sabia a razão, mas tinha uma única certeza! Ele a veria de novo.
Não foi tão difícil conseguir descobrir tudo sobre a estranha mulher do elevador. Bastou pedir para o responsável pela segurança na portaria verificar e poucas horas depois tinha as informações que queria. Ela estivera em um escritório da minha empresa no setor comercial. No dia seguinte tive uma conversa esclarecedora com o gerente que a atendia a algumas semanas, soube então que ela era uma micro empresária tentando se tornar uma de nossas franqueadas. Dei instruções para que adiantasse a próxima reunião e me informasse quando seria. Pedi também que me enviasse toda a papelada para que eu pudesse checar pessoalmente. Apesar de me lançar olhares curiosos não se atreveu a me questionar.
Naquela mesma manhã recebi os documentos e pude comprovar que ela possuía o potencial necessário para fazer parte da equipe. Possuía uma micro empresa de turismo, um bom local e tino para o negócio, o'que era mais do que se podia dizer de alguns outros franqueados. Não conseguiu encontrar motivos para tanta demora na liberação. Talvez o gerente responsável pudesse esclarecer esse ponto!
Pedi à secretária para solicitar a presença dele em meu escritório imediatamente. Dez minutos depois o homem entrava em minha sala com ar ansioso.
_ Mandou me chamar senhor Diether?
_Preciso que me esclareça algo sobre o contrato da senhorita Corrêa. falei ignorando a pergunta óbvia
_Claro senhor. O que precisa entender?
_Preciso entender porque esse contrato ainda não foi fechado. Preciso entender qual o seu problema com relação a ele... repeti ... já que eu não encontrei motivos para tal.
Percebendo a péssima escolha de palavras o homem empalideceu visivelmente antes de responder.
_Eu acredito que ela não se encaixa no perfil da empresa.
_ Elucide-me.
_ Acho que o perfil da senhorita Corrêa não combina com a empresa.
_Por tudo o'que li nos documentos apresentados, a impressão que tive é de que trata-se de uma empresária sagaz e apta ao negócio. Mas não a conheço pessoalmente, você sim, eu acredito?
_Sim senhor.
_Se você tomar por base os documentos, há algo que impeça esse contrato?
_ Não senhor... quero dizer... os documentos estão ok.
_ Nesse caso, bem como em qualquer outro contrato, sua opinião pessoal sobre um possível franqueado, é inteiramente dispensável.
_Sim senhor.
VOCÊ ESTÁ LENDO
LUZ E ESCURIDÃO
RomanceOque acontece quando uma mulher obstinada, encontra um homem presunçoso? Ou quando a luz, encontra a escuridão? Clarisse e Sebastian vão contar o desfecho dessa história pra vocês! *********************************** _ Basta um toque seu, por mais e...