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Fiquei ali feito um bobo apaixonado, apenas observando o belo rosto sorridente por vários segundos.

_ Sebastian você está bem?

_ Como nunca estive antes, meine lieber.

_ Certo. Você precisa me dizer oque significa isso!

Apanhei as sacolas com nosso jantar e indiquei a cozinha, onde começamos a organizar tudo.

_ Mein lieber é uma forma carinhosa de me referir a você, minha querida.

_ Você usou outra palavra também, klais... ou algo assim!

_ Mein Kleines?

Ela assentiu.

_ Minha pequena Clarisse!

Dessa vez ela gargalhou.

_ Você é tão bobo Sebastian! Onde eu sou pequena?

Me aproximei dela envolvendo seu corpo com meus braços e apoiando meu rosto no topo de sua cabeça, Clarisse mal alcança meu ombro, portanto o apelido se justifica. Ela se aconchegou mais em meu peito, retribuindo o abraço. Logo nossas bocas se buscavam e nos beijamos calmamente, sem pressa, apenas curtindo o calor e o toque um do outro.

_ Aqui, em meus braços. Onde eu quero que você esteja sempre, meine k leines.

Passamos boa parte da noite conversando e trocando alguns amassos, Sebastian estava surpreendentemente relaxado e acessível. Me contou sobre sua vida antes do acidente e como era feliz e despreocupado. Era nítida sua admiração e respeito pelos pais e o quanto era próximo dos irmãos. Não mencionou a noiva e eu tampouco perguntei, já sabia que ela e mais dois amigos próximos também estavam na lancha.

_ E quanto a Helga? Você parece gostar muito dela.

_ Eu herdei Helga de meu pai. brincou _ Ela era sua secretária e me viu crescer, foi uma amiga querida de minha mãe e sempre esteve lá para mim quando precisei...

A voz áspera diminuiu até quase sumir no final da frase.

_ Sinto muito por vocês.

_ Vou perder a única família que me resta.

_ Oh, Sebastian... como ela está?

_ Eu estive com ela hoje, passo todos as manhãs na clínica antes de ir para a empresa. Helga é a pessoa mais forte e admirável que conheço! Mesmo sabendo que lhe resta pouco tempo, faz questão de manter um sorriso no rosto e a tranquilidade no olhar.

Eu sorri ao ouvir isso. Era óbvio que a senhora se preocupava e não queria deixá-lo triste.

_ Helga sempre arruma um motivo para me dar um de seus sermões.

_ Imagino que tenha motivos para isso! provoquei

_ Nein. negou com ar de menino _ Eu soube que a sua senhora Mercedez, recebeu alta do hospital. desconversou

_ Oh, sim... minha? ri _ Ela está bem melhor, embora reclame o tempo todo do gesso que a impede de andar. Odeia ficar de cama.

Conversamos mais um pouco, até ela começar a bocejar em claro sinal de cansaço. Eu a acompanhei até o quarto em frente ao meu e me despedi com um beijo suave. Saber que ela estava ali, a poucos passos de distância contribuiu para que eu tivesse uma noite de sono tranquilo. Devo ter sonhado com ela, embora não me lembre, pois acordei com um sorriso no rosto!

Tomamos o café da manhã na varanda, enquanto apreciamos a brisa fresca e a bela vista do mar. Adoro ver o ar de admirada reverência com que Clarisse observa o oceano.

LUZ E ESCURIDÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora