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_ Vamos jantar! Estou morrendo de fome.

_ Sabe que não é a isso que me referi.

Nos encaramos por alguns minutos, sem baixar a guarda ou ceder um milímetro. Meu único pensamento era provar novamente daquela boca tentadora... ainda sentindo o sabor dela em meus lábios.

O toque do interfone foi providencial.

_ Espero que goste de comida indiana. Esse é um dos melhores restaurantes daqui. disse ao servir

_ Eu gosto... e o cheiro está divino!

Degustamos a deliciosa refeição enquanto a conversa fluía tranquilamente. Finalmente tivemos uma oportunidade de aproximação, que nas outras vezes acabou se perdendo. Falamos sobre, trabalho, hobbies, família e amigos. Embora de forma bem mais reservada, consegui responder a curiosidade insaciável daquela mulher. Ela é tão delicada e gentil em suas indagações que é fácil responder a tudo que pergunta. Nunca sendo invasiva demais, quando me nota desconfortável, aborda outro assunto de forma natural me deixando a vontade.

_ Faz muito tempo que tive uma conversa tão agradável.

_ É tão fácil falar com você, Sebastian. Parece que o conheço a muito tempo... é estranho me sentir assim.

_ Porque estranho? Achei que fosse um dom natural, arrancar confidências de quase desconhecidos.

_ Mas não é. Em geral sou muito desconfiada com estranhos. Já tive minha cota de decepções na vida.

_ Não posso dizer o mesmo, pois mantenho todos a uma distância segura. Assim evito decepções, e tampouco costumo me abrir com quem quer que seja.

_ Estamos bem encrencados.

_ Ja. (sim)

_ É tarde. Preciso voltar para casa.

_ Fique.

_ Não é uma boa ideia.

_ Não sugeri que durma comigo Clarisse. provocou _Tenho pelo menos uma dúzia de quartos, fique ao menos até amanhã.

_ Ok.

_ Ja? Isso foi um sim?

_ Ja.

Dessa vez ele sorriu realmente.

E pelos céus que belo sorriso!

Mantive a boca fechada e apreciei o raro sorriso enquanto durou. Satisfeita por ver que ele realmente se sentia à vontade com ela e a terrível primeira impressão que tiveram um do outro se desfez.

_ Quer conhecer o resto da casa?

_ Será que teremos tempo hábil para isso? riu _ Sei que sendo um magnata tem condições de bancar seus gostos extravagantes, mas precisa mesmo de uma casa tão grande morando sozinho?

_ Não moro aqui. Tenho um apartamento no centro.

_ Aposto que cabem dois do meu lá dentro!

Ele balançou a cabeça inconformado.

_ Não?

_ Não conheço seu apartamento. Agora vem... vou deixar você escolher seu quarto.

Depois de vários minutos ele se deu por vencido.

_ Tem razão. Não temos tempo para fazer isso nesse ritmo! Você não consegue apenas olhar e sair?

_ Oh meu Deus, Não! gargalhou _ Cada pedacinho desse mausoléu esconde um tesouro! Acha mesmo que posso simplesmente lançar um rápido olhar para um Debussy ou um Monet e dar as costas?

LUZ E ESCURIDÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora