Falta-me grandiloquência, falta-me!
Faltam-me vírgulas, pontos, exclamações!
Faltam-me vocábulos e dicionários!
Faltam-me forças para encarar minhas emoções!Falta-me vigor para enfrentar a realidade,
Que a psicologia de vencido impõe-me, friamente:
Sou quem pensa, sente e chora por todos.
Quem sente menos por si e mais pelos outros.Falta-me! Falta-me! Falta-me!
Falta-me mais de mim, falta-me menos dos outros!
As palavras não podem mensurar,
A falta que eu faço a mim mesmo!Falta-me juízo para compreender que,
Muito antes e muito depois de ajudar o próximo,
Preciso ajudar-me a mim mesmo, curar-me a mim mesmo!
Falta-me, indubitavelmente, mais de mim mesmo!Minhas emoções exacerbadas, meus exageros em sentir,
São como espadas viradas para mim mesmo!
Corto-me! Machuco-me! Assassino-me!
E não me preocupo com o imperfeito do povir...Este pobre imperfeito, que chora,
Por ter seu mundo perfeito arrancado de si,
Chora mais por sentir e por importar-se,
Enquanto falta-lhe tudo de si mesmo.Falta-lhe grandiloquência, falta-lhe!
Faltam-lhe vírgulas, pontos e exclamações!
Faltam-lhe vocábulos e dicionários!
Faltam-lhe forças para encarar as emoções!
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Letras de um Desconhecido
PoetryUm conglomerado de palavras soltas e pontuações desarranjadas. Um grande quebra-cabeças. juntem peça por peça e, para que haja aderência suficiente, acrescentem, nas lacunas entre cada encaixe, algumas gotas de cola de melancolia. Ei-lo diante de vó...