Máscaras

Capítulo Três.

Jeon Wonwoo entrou na sala de interrogatório sério, o semblante que aprendeu a mostrar desde que se tornara médico, sentou-se sobre a cadeira em frente a escrivaninha do Choi e lhe dirigiu um breve aceno ao ter o olhar alheio sobre si. Seungcheol optou por não retribuir tal gesto, encarando profundamente o Jeon por um momento, logo voltando-se para o gravador sobre a superfície de madeira, ligando e fazendo sua costumeira introdução para cada gravação.

— 24 de novembro, ano de 2019. Estou interrogando o senhor Jeon Wonwoo, médico de Lee Jihoon, vítima de um assassinato, na noite do dia 21 para o dia 22 do mês atual. – ditou, já cansado do mesmo texto repetido tantas vezes e que ainda precisaria dizer outras tantas – Senhor Jeon, onde o senhor estava quando o corpo do senhor Lee foi encontrado?

— Estava na sala, junto com os outros convidados, aproveitando a festa. – ditou, os dedos cruzados sobre as pernas e a postura rígida. Se o Choi esperava facilidade em buscar qualquer sinal suspeito no médico, não teria, pois Wonwoo sabia bem como encobrir toda e qualquer coisa que sentisse ou pensasse.

— E então? O que aconteceu depois?

— Soonyoung apareceu correndo e chorando, disse que o Jihoon estava sem respirar e que eu tinha que ajudá-lo. Então fomos para o quarto do Jihoon, eu tentei fazer massagem cardíaca e cogitei a ideia de fazer respiração boca-a-boca, mas havia algo no canto dos lábios dele... Como se tivesse vomitado ou algo assim.

— Vomitado? – repetiu o Choi, tensionando as sobrancelhas como se analisasse aquela informação por breves segundos. Assentiu com lentidão, olhando para o Noh no canto da sala como se ordenasse silenciosamente que ele anotasse aquele detalhe.

~ × ~

— Wonwoo – Soonyoung exclamou ao se aproximar, ofegos altos escapando de seus lábios e fazendo com que o Jeon o olhasse com preocupação latente.

— Se acalme, Soonyoung hyung! Respire e me conte o que aconteceu. – disse pondo as mãos sobre os ombros do Kwon, este que apenas acenou negativamente e segurou no pulso do mais novo para puxá-lo enquanto explicava a situação.

— O Ji. Ele não está respirando! Está deitado lá na cama, por favor, ajuda ele! – soluçou ao fim da frase, seguindo mais rápido até o cômodo onde o Lee se encontrava.

Entraram no cômodo apressadamente, o médico seguindo diretamente ao corpo inerte sobre a cama. Verificou o pulso alheio e nada sentiu, logo posicionando as mãos sobre o peito alheio e dando início a massagem cardíaca. Soonyoung permaneceu agachado contra a parede do quarto, as mãos no rosto para abafar os soluços e não atrapalhar o trabalho do Jeon.

— Ele não volta, simplesmente não volta, Soonyoung. – murmurou exasperado, aproximando o rosto ao do Lee, preparando-se para fazer respiração boca-a-boca, mas parando ao notar algo: Jihoon certamente havia vomitado. Havia resquícios do líquido no canto de seus lábios e o hálito alheio indicava o mesmo.

O Jeon se ergueu, demorando um momento antes de voltar-se para o Kwon. Abaixou-se em frente a este e pôs a mão em seu ombro, esperando que este se acalmasse um pouco antes de sair para chamar uma ambulância.

~ × ~

— E a rosa? – perguntou o investigador, suspeitando do fato de que o Jeon sequer lembrou-se de relatar este pequeno detalhe do corpo do Lee.

— Retirei das mãos do Jihoon pra fazer a massagem cardíaca, deixei sobre a cama e lá ficou.

— Foi o senhor quem chamou a polícia?