Capítulo 8

5.5K 429 25
                                        

17 de Fevereiro de 2019

Aos poucos as coisas foram voltando ao normal nas nossas vidas ou melhor nós aprendemos a viver sem o Michel, lógico que sentíamos muito a falta dele mas a vida quis assim e aos poucos fomos seguindo em frente com ele em nossos corações sempre. Nesse tempo eu segui a minha vida mas sem muita emoção, eu só saia com o meu filho, pra resolver as coisas, ia na casa da minha família e de duas amigas. As coisas na favela não mudaram muito, dois meses depois que o Michel morreu chegou o novo chefe que até hoje eu não vi as caras, só vejo alguns vapores novos quando vou na rua mas pelo que eu escuto a galera gosta dele, ele tá sendo bom pra favela. Enfim, daqui a dois dias é aniversário do Kauã e ele não quis festa por causa da falta do pai mas deixou eu fazer um bolinho pra poucas pessoas.

- Whatsapp On -

Gabi Piranha: Consegui pegar as lembrancinhas

Nathália: Ué, a mona lá não tinha dito que não estava pronto?

Gabi Piranha: Fiquei sentada na frente dela até ela acabar aquelas porra

Gabi Piranha: Muito bobinha achando que iria me passar a perna

Nathália: Kkkkkkkkkkkkkkk

Nathália: Ela ia ver o barraco que eu ia fazer com ela

Gabi Piranha: Falei pra ela

Gabi Piranha: Mais tarde passo na sua casa pra gente terminar as coisas

Nathália: Ta bom

- Whatsapp Off -

Guardei o celular e fui terminar de pegar as coisas que eu tinha ido comprar, eu estava em um mercadinho aqui na favela. Fui atrás do Kauã e ele estava com um pote de sorvete na mão e me olhando com um sorriso pidão.

- Não - falei antes que ele pedisse - O dinheiro tá certinho e eu não vou em casa buscar pra pagar

- Mas tem vezes que você pega as coisas e depois traz o dinheiro - falou me olhando

- Mas quando eu preciso de algo e não dá tempo de ir buscar o dinheiro - falei explicando - Sorvete pode comprar depois

- Mãe, é sorvete - falou como se fosse algo bem importante - E outra meu aniversário tá chegando

- Deixa de ser sujo, garoto - falei rindo

- Pode levar pro moleque, deixa que eu pago - tomei um susto quando escutei uma voz grossa e quando me virei era um cara que eu nunca tinha visto na vida, era moreno, alto, cabelo em corte baixinho, com cordão de ouro fininho, percebi que ele estava armado e do lado de fora tinha vários vapores como se tivesse fazendo segurança

- Sem querendo ser grossa mas eu não te conheço - falei óbvia

- Dg - falou simples e eu me lembrei de uma conversa com o Rael

- O tal do Dg - falei e ele me olhou curioso - O novo dono, né?

- Eu mesmo - confirmou - Não me conhecia? Pensei que fosse moradora - falou desconfiado

- Não fico muito pela rua - falei explicando

- E o meu sorvete? Vocês tão esquecendo - Kauã falou e o tal Dg olhou como se quisesse rir

- Garoto, vai colocar lá - falei me virando pra olhar o Kauã

- Pode levar - Dg falou mais uma vez

- Viu, mãe? Por favor - pediu e me olhou fazendo uma cara tão fofa que era quase impossível negar as coisas pra ele

- Tá, tudo bem - falei bufando

- Depois te devolvo - falei olhando pro Dg

- Não precisa - falou e acenou pro Kauã antes de se afastar

- Bora logo - chamei o Kauã e fui pagar as coisas

Quando eu cheguei em casa coloquei o Kauã pro banho e fui guardar as coisas, ele ficou na sala comendo sorvete e eu fui adiantar umas coisas do aniversário dele.

- Você é implicante - escutei a voz da Gabi e não demorou pra ela aparecer na cozinha e o Rael atrás

- É só você confessar que esse cabelo não é seu - falou rindo

- É meu e original, perturbado - falou olhando pra ele, colocou uma caixa na mesa e voltou pra sala

- Fala ae, parceirinha - falou me dando um abraço e beijou minha bochecha

- Tá de folga? - perguntei e ele assentiu

- Vou levar o Kauã lá pra minha mãe, ela tá morrendo de saudades dele - falou me olhando - Ele brinca com o Yago e vocês ajeitam as coisas ai

- Muito obrigada - falei sorrindo - Conheci seu chefe hoje - comentei

- É mesmo? - perguntou e eu contei do nosso contato - Já ganhou o moleque pela barriga

- Achei meio intrometido - falei olhando pra ele - Ainda bem que o mercadinho estava vazio, senão já teria várias fofocas

- Ela quer continuar sendo patroa - falou afinando a voz - E esse seria o mais leve

- Nem fala - falei bufando - Detesto meu nome no meio dessas coisas

- Relaxa que ninguém vai falar nada - falou dando uma pausa - E se falarem eu arranco a língua

- Arranca sim - debochei

- Arranco mesmo - falou e eu soltei uma risada

NatháliaOnde histórias criam vida. Descubra agora