Capítulo 11

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- Estava pensando em algo, maquinando alguma coisa - falou dando de ombros

- Tá ficando maluco - falei começando a comer

- Sei - falou e ficou me olhando mas eu não falei mais nada

09 de Agosto de 2019

- Nathália Narrando -

O Kauã hoje estava bem pra baixo e eu já sabia o motivo, domingo era dia dos pais e essa data estava sendo bem complicada, peguei ele cedo na escola porque teria homenagem para o dia dos pais e ele pediu pra eu buscar ele antes.

- Como foi hoje? - perguntei enquanto subíamos o morro

- Normal - falou baixo

- Só normal? - perguntei e ele assentiu

- Lembra que você disse que eu poderia dar a lembrança do dia dos pais pra alguém especial? - perguntou me olhando

- Lembro sim - confirmei

- Eu vou dar pra alguém e eu sei que o meu pai iria ficar bem feliz - falou baixo

- Pra quem você vai dar? - perguntei já imaginando a resposta

- Pro dindo - falou e eu sorri

- Seu pai iria ficar feliz e o seu dindo vai ficar muito feliz também - garanti

- Você acha? - perguntou receoso

- Eu tenho certeza - falei e ele sorriu - Olha ele lá - apontei com a cabeça na direção que o Rael estava com alguns caras

- Posso ir lá? - perguntou me olhando

- Pode - falei tirando a mochila dos meus ombros e ele abriu a mesma pegando as lembranças que tinha feito na escola

- Tô indo - falou e correu na direção do Rael 

- Dg Narrando -

Hoje tive várias picas na boca pra resolver, a minha sorte é que o Rael, gerente geral aqui do morro me ajudou, moleque já era aqui da favela e ocupava o cargo quando eu cheguei, sempre provou o porque tinha conquistado o cargo. Na hora do almoço fui com alguns parceiros pra pensão e chamei o Rael também, ele era igual os antigos aqui do morro, mais na dele e sempre com um pé atrás com a gente.

- Maior piranha essa daí - Menor falou se referindo a mulher aqui da favela e na hora que eu olhei pra rua vi a menina do sorvete com o filho

- Só tá falando isso porque ela não quis nada com você - Rael falou simples e eu comecei a prestar atenção na conversa deles, mesmo que fosse quase um pecado eu tirar os olhos daquela mulher pra ouvir homem conversando

- Não pô, é piranha mesmo - Menor insistiu

- Eu tô aqui nessa favela muito mais tempo que você e eu sei bem quem aqui é piranha e quem não é - Rael falou sério

- Talvez você nunca tenha reparado - falei entrando na conversa

- Sabe o que é? Ele tá com papo de moleque - Rael falou rindo fraco e o Menor ficou sério - A mina nunca deu papo pra bandido, sempre foi tranquilona e ele está chamando ela de piranha porque não quis ele

- Ih, o negócio então foi que você levou um passa fora - Cuíca falou rindo, ele era um dos que tinha vindo comigo pra favela

- Deu ruim pra tu, irmão - falei e a tia veio com os nossos pedidos

- Já volto - Rael falou se levantando e o reparei que o filho da menina do sorvete estava na porta da pensão fazendo sinal pra ele

- Quem é? - Menor perguntou curioso

- Sei não - Cuíca deu de ombros e observei o menino falando alguma coisa no ouvido do Rael que parecia ter deixado o mesmo surpreso, ele entregou dois embrulhos pro Rael e deu pra escutar quando ele falou "feliz dia dos pais" e eles se abraçaram

- Ah, domingo é dia dos pais - Menor falou pensativo - E hoje é as festas nas escolas

- E o moleque é filho dele? - perguntei quando o Rael atravessou a rua com o menino e abraçou a morena

- Pelo visto sim - Cuíca falou começando a comer - Se ganhou presente

- Verdade - Menor opinou e eu neguei levemente com a cabeça, eu tinha que tirar essa mulher da minha cabeça, ela era mulher do mano e se tinha uma coisa que eu levava a sério era não cobiçar a mulher de parceiro - Eu só não sabia que ele era casado e tinha filho

- Ele é muito na dele - falei e era verdade, nunca conversamos nada fora trabalho

- Até eu esconderia aquela mulher - Cuíca falou rindo - Sem maldade

- Tô vendo - falei encerrando o assunto

NatháliaOnde histórias criam vida. Descubra agora