Capítulo 24

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- Nathália Narrando -

O Kauã foi no shopping com a minha irmã mais nova e eu decidi organizar e resolver algumas coisas hoje. Como minha mãe tinha avisado que estava na minha avó eu decidi ir lá, ela morava do outro lado da favela e eu fui de moto táxi.

- Eu já falei que não tô com paciência - escutei a minha vó falando assim que eu entrei

- Boa tarde pra você também - falei olhando pra ela

- Nada de boa tarde - falou e eu revirei os olhos

- Cadê a minha mãe? - perguntei olhando pra ela

- Foi no mercado com a sua tia - falou e eu assenti

- E esse estresse é porquê? - perguntei indo até a cozinha

- Essa criança não me dá paz - falou alto e eu peguei um copo e enchi o mesmo com água

- Que criança? - perguntei voltando pra sala e ela apontou pro Lucas, filho de uma prima minha - Ele tá quieto vendo desenho

- Mas eu não estou com paciência - falou estressada - Vocês arrumam filho e eu que tenho que cuidar

- Vocês não hein - terminei de beber - Já vi que tá distribuindo grosseria pra todo mundo

- Perturba também não, Nathália, me compra uma cerveja invés disso - falou e eu ri negando com a cabeça

- Cadê a mãe dele? - perguntei fazendo um coque no cabelo

- Largou ele aqui e meteu o pé - falou e quando eu ia me sentar ela deu um grito

- Vai comprar minha cerveja, garota, eu hein - falou batendo palma

- Tá estressadinha demais - falei me levantando

- Tô, eu tô embucetada hoje - falou me olhando

- Lucas, vamos na rua com a tia - falei e ele levantou na hora do sofá - Deixa essa doida ai

- Tá aqui desde cedo? - perguntei quando saímos

- Aham, minha mãe me deixou aqui bem cedinho - falou segurando na minha mão, ele tinha 7 anos - Eu quero meu pai, tia

- Vou te levar nele - falei e ele sorriu, entrei em uma barraca que tinha na rua da minha avó e comprei três litrão, um fofura e uma coca de 600 pro Lucas - Richard - chamei o menino que estava saindo da barraca

- Oi, patroa - olhou assim que eu chamei, ele tinha uns 17 anos, morava na rua da minha avó e não era envolvido

- Leva essas cervejas na minha vó, por favor, e avisa que eu vou deixar o Lucas com o pai dele - falei entregando a sacola com as cervejas pra ele

- Pode deixar - acenou e saiu, peguei um moto táxi e fui pra boca aonde eu sabia que o pai do Lucas estaria e não fiquei surpresa quando vi o Dg no meio dos meninos

- Boa tarde - me aproximei deles e percebi o Dg me olhando

- Boa tarde - responderam juntos

- O Rhuan tá ai? - perguntei apontando pra boca

- Tá sim - um dos caras respondeu - Quer que chame?

- Por favor - falei e fui pro outro lado da rua com o Lucas, ele sentou na calçada e abriu o biscoito

- Toma - falei abrindo a coca e entreguei pra ele, não deu dois minutos e o Rhuan saiu da boca vindo na nossa direção

- Fala ae, Nat - me deu um abraço e fez um toque com o Lucas que estava mais ocupado em comer - Aconteceu alguma coisa?

- Aconteceu que a Dayane largou ele na minha vó e a velha tá toda estressada hoje - falei olhando pra ele

- Tem como ficar com ele pra mim não? A minha mãe teve que ir na rua e eu só vou largar 18:00 horas - falou me olhando

- Eu fico - falei e ele assentiu - Mas olha só conversa com a Dayane e resolve essa porra, ela chega e larga o menino lá, só volta pra buscar quando quer, e o coitado ainda fica aguentando os surtos da minha vó

- Eu vou resolver, relaxa. Já falei com a minha mãe e ela disse que quando tiver trabalhando ela fica com ele - falou me olhando - A Dayane nunca fica com o menino e antes de acontecer uma merda eu vou dar um jeito nisso

- Resolve mesmo pô - falei passando a mão no rosto

Desde que o Michel morreu várias coisas mudaram nas nossas vidas, o Michel era um ótimo pai e sempre tirava um tempo pro Kauã no qual deles brincavam com "coisas de meninos" e quando ele nos deixou eu tentei ao máximo manter isso, mesmo não estando acostumada.

- Que cara é essa? - perguntei quando o Kauã desceu as escadas

- Eu quero jogar bola lá na quadra - falou me olhando

- Seu dindo está ocupado - falei já que eu tinha falado mais cedo com o Rael

- Eu sei - falou se sentando no sofá - Mas tem maior tempão que eu não jogo

- Três dias atrás você estava na quadra jogando - falei rindo baixo

- Mãe - resmungou - Me leva pra jogar com os meninos

- Você é chato - falei me levantando e peguei as minhas chaves

- Eba - falou se levantando animado

- Bora - falei e saímos de casa, a rua não estava com muito movimento e quando chegamos na quadra a mesma estava vazia - Viemos atoa

- Ah, não - falou chateado colocando a bola no chão - Poxa - ele fez uma cara tão decepcionada que mexeu muito comigo

- Quando você vinha com o seu pai e não tinha ninguém vocês faziam o que? - perguntei já sabendo a resposta

- Jogávamos sozinhos - falou me olhando

- A mamãe joga com você então - falei e ele me olhou surpreso

- E você sabe? - perguntou cruzando os braços

- Ou é comigo ou vai pra casa - falei e ele ficou me olhando - E aí?

- Vamos então - falou colocando a bola no meio da quadra - Primeiro vamos tentar fazer o gol e depois é disputa de pênaltis

- Ta bom - falei e começamos a jogar

Maratona 3/6

Se os capítulos postado não ter 100 votos e 70 comentários cada, não irei fazer maratona no final de semana.

NatháliaOnde histórias criam vida. Descubra agora