Quando eu era pequena e uma boa parte da adolescência, imaginar minha vida como se eu fosse personagem de um livro, ou de um filme, ou até mesmo de uma série, fazia com que eu aguentasse tudo o que minha mãe falava de mim e silenciava por um tempo as vozes da baixa autoestima e da ansiedade. Eu poderia ter qualquer tipo de vida, poderia ser qualquer tipo de pessoa, e não importava o que acontecia, eu sempre ficaria bem no final.
O problema da imaginação e da realidade, é que na realidade as coisas não poderiam terminar tão bem assim.
Parecia que Philipe estava correndo por horas, e eu já não tinha mais nenhuma esperança de que as coisas terminariam bem.
Eu não sei quanto tempo eu fiquei naquele carro orando para que qualquer entidade divina tivesse piedade de mim, e eu também não sabia o que ele estava querendo e nem sabia para aonde ele estava me levando. Quando ele diminuiu a velocidade do carro estávamos em uma estrada praticamente deserta, eram poucos os carros que passavam por ali, e Philipe sempre murmurava como eu era a culpada de estarmos ali.
-Philipe... por favor, me leva de volta. - Eu murmurei mais uma vez. - Eu sei que você está machucado, essa nunca foi a minha intenção. Podemos consertar isso.
-Você largaria ele? - Ele perguntou e eu hesitei. - Eu só queria que você ficasse comigo, nada mais.
-Não mandamos nos nossos sentimentos.
-Não, mas eles podem mudar e eu sei que se você passar mais tempo comigo, vai me amar.
-E se nunca acontecer? - Perguntei tirando o meu sinto de segurança devagar, eu não tinha um plano e por isso estava improvisando, improvisando algo que nem eu sabia o que era. - Você merece alguém melhor do que eu.
-Vocé não entende? Não existe ninguém melhor do que você!
-É claro que existe, você só precisa estar aberto a conhecer novas pessoas. - Observei o painel de velocidade e vi que estávamos a 50km, eu poderia causar um acidente e talvez não sairia muito machucada. Na pior das hipóteses, um dos dois morreria, ou até mesmo os dois. Tirei meu sobretudo e fui o enrolando devagar, logo depois o joguei no banco de trás.
Joguei meu corpo para o banco de trás do carro, e ele me impediu com uma mão, ao tentar me puxar de volta fiz com que meu pé girasse o volante e ele me largasse para tentar controlá-lo, assim que ele me largou, eu me joguei e peguei o sobretudo enrolado e passei pela cabeça dele e o banco e puxei, o enforcando. Na tentativa de tirar o sobretudo do pescoço, ele perdeu o controle do volante e o carro derrapou pro lado e eu fui jogada pro lado, afrouxando o aperto. Logo me recuperei e voltei a puxar o sobretudo e o carro passou raspando em uma parede que parecia ser de uma ponte, e o impacto fez com que fez os vidros das janelas direita quebrarem. Ele foi perdendo o ar, ao mesmo tempo que o carro começou a girar por falta de controle, antes que ele soltasse o acelerador, o carro atingiu a outra parede fazendo com que eu batesse a cabeça na janela e gritasse de dor por causa da força.
Ele estava desmaiado no banco da frente e eu tentando não fechar os olhos no banco de trás, eu precisava sair do carro. Tentei forçar a porta, mas não consegui abrí-la, olhei para a janela com os vidros quebrados e fui na direção dela para sair dali.
Quando finalmente consegui passar pela janela, que ainda continha cacos, eu caí no chão e ali fiquei. O carro estava desligado e não tinha um barulho na estrada, me forcei a levantar e fui ver se conseguia pegar a minha bolsa. Philipe estava com a cabeça sangrando no volante, e os vidros da frente também estavam quebrados, tentei me debruçar sobre a janela mas tudo o que consegui foram mais cortes.
Eu estava no meio do nada, em um lugar desconhecido e não conseguia pagar meu celular, sem falar que o maluco que me sequestrou poderia acordar a qualquer momento e me matar. Por isso, tomei a decisão mais sábia do momento, decidi caminhar na direção contrária à que ele estava indo e vê se encontrava alguma alma viva, de preferência boa, pra me ajudar.
Eu não sei por quanto tempo caminhei, mas já não aguentava mais. Faziam horas que eu não comia, o frio me fazia tremer e nenhum carro passava, eu não sabia se era algo bom ou ruim.
Quando estava prestes a desistir de caminhar e me jogar no asfalto frio e chorar até desidratar, eu vi bem longe um posto de gasolina, eu não o tinha visto mas também estava super ocupada prestando atenção em Philipe. Era meio assustador pensar em mim no meio do nada, provavelmente de madrugada, com toda a certeza do mundo parecia um zumbi. Não desisti de andar, mesmo que meus olhos estivessem se fechando sozinhos e meu corpo pesando mais do que o normal.
Quando cheguei perto pude ver que tinha uma loja 24 horas, com uma mulher e um homem dentro, os dois estavam assistindo a uma TV minúscula em cima do balcão. Minha vista voltou a escurecer e eu tentei apressar o passo, o que me fez quase cair, então decidi que provavelmente chegaria se fosse aos passos de zumbis mesmo.
Assim que cheguei à loja e empurrei a porta de vidro, um sino tocou e eu enfim perdi a batalha que estava lutando contra um cansaço, antes de eu cair, consegui pedir socorro e me entreguei a escuridão que vinha tentando me puxar a tanto tempo.
XX
Se hidratem, comam coisas saudáveis e cuidado com o vírus.
E quero avisar que to escrevendo o último capítulo, e depois vou escrever o epílogo. Já tem um pronto, isso dá um total de 3 capítulos restantes. Amo vocês ❤
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Destiny: Trying Again - Shawn Mendes
Fanfiction[1° Temporada: Destiny] [COMPLETA] [•••] Kayra e Shawn estão vivendo suas vidas, cada um com seus sonhos sendo realizados, após um reencontro que faz com que todos seus sentimentos retornem os fazendo ser sinceros com eles mesmo e com o outro, eles...