Cheguei na Barston mais cedo do que normalmente chego e já tinha alguns funcionários por lá, os cumprimentei e me direcionei para o elevador com o meu café extra forte na mão, apertei o botão do sétimo e último andar, e esperei que a grande caixa de ferro me levasse até lá.
Assim que as portas do elevador se abriram, o único barulho que dava para escutar era minha respiração e meus passos, eu não posso usar saltos e por isso o barulho estava muito mais abafado. Não tinham ninguém que trabalha no mesmo andar que eu e isso me relaxou um pouco.
Abri a porta da minha sala e levei um susto ao ver senhor George mexendo numa pilha de papel.
-Ai meu Deus, credo! - Falei colocando a mão no coração e o mesmo me olhou assustado. - O que faz aqui?
-To arrumando. - Ele respondeu apontando para a vassoura e eu suspirei. - Bom dia, como está?
-To bem, depois de um quase ataque cardíaco. E o senhor? - Fui até minha mesa e pendurei a bolsa atrás da cadeira e me sentei, ligando o computador.
-Estou bem. - Ele respondeu dando um sorriso sem graça.
-O senhor não acha que é muito cedo pra arrumar aqui não? - Perguntei grudando meus olhos na tela do computador e colocando a senha de acesso.
-Sempre limpo antes do dia realmente começar e depois que o dia termina. - O olhei e ele não parecia estar brincando.
-Vão falar que eu estou escravizando o senhor. - Murmurei e ele riu. - Eu estou impossibilitada de gravar até o mês que vem e o médico ter certeza que meus pontos fecharam, então de hoje em diante o senhor só limpa a minha sala 30 minutos antes do expediente terminar.
-Mas senhora...
-É melhor assim, e essa sala quase não é utilizada, não tem porque limpar todos os dias. - Ele assentiu e eu sorri.
-Sim, senhora. - Fiquei com pena, mas não tinha necessidade mesmo de ficar limpando a sala todos os dias.
-Já terminou? - Perguntei e ele assentiu. - Ótimo, quando o senhor sair, se a Mery estiver ali, pede ela pra vir aqui por favor.
-Claro. - Ele pegou as coisas dele e eu sorri.
-Obrigada! - Falei e me voltei para o computador que tinha a logo da empresa.
Olhei as papeladas na minha mesa e suspirei, eu odeio assinar papéis. Terminei de tomar meu café em silêncio, e peguei as primeiras papeladas de vendas para ler.
Fiquei uns 30 minutos lendo, até Mery adentrar a sala.
-Bom dia, senhora. - Ela murmurou com seu bom humor natural. - Como está se sentindo?
-To bem, Mery. Como você tá?
-To ótima, me chamou?
-Sim, só pra avisar que vou ficar esse mês no escritório. - Ela assentiu e se sentou na minha frente com a agenda no colo. - Sabe onde Josh está?
-Montreal. Ele enviou alguns arquivos que eu imprimi para a senhora assinar.
-É, eu já estou os lendo. - Suspirei e ela sorriu.
-Precisa de algo mais? - Perguntou e franzi o cenho olhando ao redor.
-Não, obrigada. Noah já me disse tudo o que acontece na empresa. - Ela sorriu e saiu da sala, enquanto eu voltava a ler meus papéis.
XX
Eu estava quase dormindo em cima de um contrato de parceria com a Ariana Grande quando Mery apareceu correndo na sala, ela parou e ficou tentando resgatar o ar dos pulmões.
-Algum problema Mery? - Perguntei confusa e ela assentiu, me levantei preocupada. - O que aconteceu?
-Tem uma senhora gritando com as recepcionistas no hall, ela está falando em português e tudo o que conseguimos entender foi o nome da senhora. - Franzi o cenho confusa e depois de alguns segundos engoli em seco pensando no que poderia ser, na verdade, pensei em quem poderia ser.
Passei por ela e fui direto para o elevador, apertei o botão que nem uma desesperada. Ele chegou uns 30 segundos depois e Mery chegou antes da porta fechar, agitada comecei a bater o pé no chão esperando chegar no térreo.
-ELA É MINHA FILHA! Eu quero falar com ela e quero ver quem vai tentar me impedir! - Minha mãe falava transtornada, todo mundo tinha um olhar confuso e eu suspirei.
-Mãe! Mãe! Para com isso! - Falei ao meu aproximar dela. - Desculpem por isso pessoal, é a minha mãe. Desculpem mesmo e podem voltar ao trabalho, eu resolvo a situação. - A puxei pelo braço e quando passei por Mery fiz uma careta. - Qual o problema da senhora? Gritando com os meus funcionários, na minha empresa!
-Eles não queriam me deixar subir para falar com você. - Ela deu de ombros e ficamos esperando o elevador.
-Tenho certeza que pediram sua identificação para ver se a senhora estava liberada para subir, mas você não sabe disso porque não fala inglês.
-Deveria contratar pessoas que falam português, como brasileiros se comunicam aqui? - Adentramos o elevador e Mery ficou quieta nos observando.
-Eles, normalmente, aprendem a falar inglês antes de vir. E os meus funcionários são avaliados de acordo com currículos e empenhos no trabalho, eu não me importo com notas escolares, nem cursos, gosto quando as pessoas se esforçam e fazem o trabalho valer a pena. - Ela suspirou e revirou os olhos. - E o que faz aqui? Como chegou aqui?
-Vim conversar com você sobre ontem, e Kauã me colocou dentro de um táxi, me deu o dinheiro daqui e disse: 'quando chegar lá, dá esse dinheiro pro motorista'.
-E você veio? Sozinha? Sem falar inglês! - Eu estava quase surtando. - Não poderia ter esperado? Ou me ligado?
-E você ia aparecer lá em casa? Ou atender o telefone? Eu te conheço, vai evitar todo mundo. - Soltei um suspiro e saímos do elevador.
-Mery, não deixa ninguém entrar na minha sala, por favor. - Ela assentiu e eu direcionei minha mãe para dentro da minha sala. - Mãe... - Murmurei depois de um suspiro e a vi se sentar na poltrona. - A senhora sabe o que acontece na nossa família, entre eu e vocês, nada vai mudar o que acontece.
-Eu fiquei incomodada... - Ela começou e engoliu em seco, fiquei a observando esperando o que ela ia dizer. - ontem, quando a Karen estava preocupada com você.
-Por que? - Perguntei e ela suspirou.
-Você foi parar no hospital e ela cuidou de você, eu não estava aqui. - Franzi o cenho confusa. - Eu deveria ter cuidado de você!
-Eu sou uma adulta, Karen veio porque...
-Porque ela se preocupa contigo como se você fosse uma filha.
-Sim, e por que isso é um problema?
-Porque vocês parecem mais próximas do que jamais estivemos. - Me sentei ao lado dela e respirei fundo.
-Nunca tivemos uma boa relação e a senhora sempre soube disso, não importa o que acontecia a gente só brigava mesmo sem motivo, mas isso não quer dizer que eu não te ame. - Falei e peguei a mão dela. - Eu sou uma adulta agora, mãe. Precisa esquecer quem eu fui e olhar pra quem eu sou agora, e por mais que eu esteja distante estamos conectadas pelo nosso sangue.
-Mas a nossa falta de proximidade pode fazer com que você a ame mais do que me ama.
-Isso não vai acontecer, porque mesmo com tudo o que tenha acontecido, você me tornou a mulher que sou hoje. Sou quem sou, graças a você. - Dei um sorriso de lado. - O que acha de fazermos algo juntas?
-Está falando sério? - Vi os olhos dela brilhar e sorri.
-Super.
-Topo, só eu e você né?! - Assenti lentamente e ela sorriu abertamente me dando um abraço de lado.
Por hora, estava tudo certo entre eu e ela.
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Destiny: Trying Again - Shawn Mendes
Fanfic[1° Temporada: Destiny] [COMPLETA] [•••] Kayra e Shawn estão vivendo suas vidas, cada um com seus sonhos sendo realizados, após um reencontro que faz com que todos seus sentimentos retornem os fazendo ser sinceros com eles mesmo e com o outro, eles...