Capítulo 6

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- Eu não quero morar aqui Ane. - Julie reclama.

- Eu sei que não quer, mas por agora será preciso.

- Por quê? - Ela questiona.

- Porque foi o único emprego integral, e com um bom salário que consegui. - Explico.

- Você já não tinha um bom emprego Ane?

- Não. - Nego com a cabeça. - Eu não queria te deixar preocupada, por isso acabei mentindo para você.

Julie tem apenas dez anos, mas é uma menina muito madura para sua pouca idade.

Mesmo ela sendo mais madura que outras crianças, ela ainda é uma criança, e por isso sempre a mantive longe dos meus problemas.

Conheço Julie bem o suficiente para saber que ela tentaria me ajudar de alguma forma, e no processo acabaria se prejudicando.

- Eu sei que será chato mudar de escola e de casa, mas por enquanto eu preciso que entenda que não temos outra alternativa Julie. - Falo.

- Me desculpe por estar sendo egoísta. - Ela abaixa a cabeça.

- Você não é egoísta. - Pego sua mão e aperto de leve.

Julie terá que mudar para uma escola mais perto de onde vou trabalhar, então não poderá ver suas amigas com tanta frequência. Será uma mudança difícil para ela, mas que é necessária no momento, pois eu não teria condições de ficar pagando um transporte para levá-la e buscá-la tão longe.

- Agora que consegui um bom emprego terei condições de lhe dar uma vida um pouco mais confortável. - Passo a mão por seus cabelos.

- Que bobeira é essa que está falando Ane? - Ela me encara. - Você se sacrifica todos os dias por mim e ainda deseja me dar uma vida ainda mais confortável? Você pode ter escondido muita coisa de mim, mas acha que nunca percebi como estava sempre exausta? Se for acabar ficando doente enquanto tenta me dar uma vida confortável eu não quero isso.

- Não seja boba. - Sorrio abertamente. - Só quero o melhor para você. 

- Você nunca deixou faltar alimento em nossa mesa, e para mim isso já é o suficiente.

Julie se aproxima de mim, pega a minha mão e aperta com firmeza enquanto me encara com preocupação.

- Eu quero que me prometa que não vai ficar se sacrificando por mim. Não iria adiantar de nada lutar tanto para me dar o melhor é acabar morrendo no processo. O que seria de mim sem você ao meu lado?

- Eu não vou morrer bobinha. Não vai se livrar de mim tão fácilmente.

- Estou falando sério Joane. - Ela diz.

- Eu também estou. - Aperto seu nariz.

Julie solta minha mão e se vira para o outro lado enquanto abaixa a cabeça.

- Se eu tivesse morrido junto com nossos pais, não estaria atrapalhando sua vida agora.

- Que merda é essa que está falando Julie! - A viro para mim. - Nunca mais diga isso novamente me ouviu bem?!

- Eu sou um peso...

- Você é a única coisa que me mantém forte e que me dá ânimo para eu me levantar todos os dias Julie. - A corto. - Você é tudo que me resta, então nunca pense que está sendo um peso ou que está atrapalhando a minha vida, porque você não está.

Julie começa a chorar, então a puxo para mais perto de mim e a abraço com força enquanto tento controlar as minhas próprias lágrimas.

- Se não quiser me ver muito irritada e triste, sugiro que nunca mais diga ou pense essas bobeiras. - Dou um beijo no topo da sua cabeça. - Eu te amo, e não sei o que seria da minha vida sem você ao meu lado garotinha.

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