Febre Emocional

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Lucca

O meu dia no hospital já tinha sido bastante cansativo devido aos atendimentos e não estou com coragem para cozinhar algo para mim, então decidi vir nesse restaurante para relaxar um pouco e comer algo decente e poder ir para casa jogar-me na cama e dormir.

O que eu menos esperava era encontrar o Guillaume aqui e descobrir que ele tem o mesmo desejo que eu, só que não posso ceder a esse desejo. Durante todos esses anos em que estou preso nesse meu pequeno inferno astral particular, não tive muitos relacionamentos, sempre reprimi o desejo de me relacionar de verdade, muito menos seria agora com Guillaume. Ainda mais por um homem. Um dia quem sabe uma mulher me resgata dessa minha escuridão e me mostra o que é o verdadeiro amor.

Abro os meus olhos e vejo que a televisão está ligada passando um filme que não tenho a mínima ideia do que se trata, olho  para o meu lado esquerdo do quarto e vejo o meu amigo sentado na poltrona assistindo ao filme e comendo um sanduíche.

— Eu te acordei? — Ele me encara por alguns segundos mastigando o seu sanduíche.

— Não. O que está fazendo aqui no meu quarto?

— A televisão da sala não liga, então tive que vim para o seu quarto para assistir Velozes e Furiosos 8 e verificando se não está mais com febre.

— Eu não entendo o porquê de você não ter comprado uma televisão para você ainda? Estou me sentindo bem.

— Simples porque assim posso vir aqui para o seu quarto e zelar pelo seu sono enquanto assisto televisão.

— Muito engraçadinho, mas não preciso de uma babá. — Respondo me sentando na cama para sair dela.

— Todo mundo precisa de alguém para ser cuidado e você não é diferente. E não sou babá, só sou um amigo preocupado e percebi que você hoje não estava bem, não precisa me contar o que te atormenta se não se sente preparado. — Aaron falou em um tom preocupado. — Lucca está chorando?

— É que nesta mesma data a minha mãe morreu.

— Sinto muito, ela está com certeza em um lugar melhor. — Fala me abraçando.

— Eu sei, Aaron, é só que dói muito ainda.

— Lucca...

— Sei, estou atrapalhando o filme que você quer tanto assistir, já irei sair para te deixar em paz da minha lamúria.

— Lucca, para de ser idiota, você não está me atrapalhando em nada, se você quiser conversar estarei aqui sempre que precisar. O que acha de pedirmos pizza ou até mesmo sairmos para nos divertir?

— Você é um ótimo amigo, mas não estou no clima para sair.

— Irei pedir uma pizza e podemos ver alguns filmes.

— Pode ser. - Falei e sai para a cozinha  para beber uma água.

Voltei para o quarto e ele estava olhando uma lista de seriados na Netflix.

— O que quer assistir? — falou olhando para mim.

— Pode ser algum filme de ação.

— Que tal terror?

— Tudo bem.

— Você quer me contar o que aconteceu com a sua mãe?

— Sim.

— Pode começar, estou bem atento.

— Tudo começou quando estava no colégio em sala de aula quando a diretora me chamou para ir à sala dela. Na hora fiquei apreensivo porque não tinha ideia do que poderia ter feito para ter que ir na sua sala. Quando abri a porta vi o meu pai sentado em uma das cadeiras que fica de frente para a mesa dela no mesmo instante achei estranho ele está ali, a diretora saiu da sala nós deixando sozinhos, ele me chamou para sentar ao seu lado e me deu a notícia de que a minha mãe havia sofrido um acidente de carro, que não havia resistido aos ferimentos e morreu na mesma hora.

— Nossa, Lucca que triste. Prenderam o responsável?

— Não.

— Quantos anos você tinha na época?

— Seis anos.

Baixei a cabeça sem acreditar ainda que não encontraram o responsável pela morte da minha mãe. Bem lá, no fundo do meu ser sei quem foi.

— Sinto muito, mesmo cara. Por que não me contou?

— Para mim não é fácil falar sobre esse assunto.

— Entendo. Agora proponho levantarmos um pouco esse astral e assistir um bom filme de terror e já pedi a pizza metade Peperoni e camarão com bordas de catupiri.

— Você não existe mesmo, aonde que um filme de terror anima alguém?

— Mas prende a atenção.

— Ok, você venceu e para bebermos que tal um vinho tinto?

— Ótimo, vai lá colocar para gelar enquanto escolho o filme.

— Aaron não sabia que você era tão mandão. Quem deveria fazer isso era você já que estou nostálgico hoje.

— Ah é, mas quem deu a ideia da bebida foi você, já estou fazendo o trabalho todo aqui, então levanta esse traseiro gordo da cama e coloca o vinho para gelar, daqui a pouco a pizza está chegando.

— Tudo bem, mas que fique bem claro estou sobre protesto e o meu traseiro não é gordo. Tem quem goste dele.

— Hum... e quem é essa pessoa, posso saber? É alguma garota que conheço?

— Não é ninguém. Agora escolhe logo o filme. — Saí do quarto rápido e ainda escutei ele dizendo que irá descobrir de quem estou falando.


— Aaron viu o meu celular? - A minha voz vibra pelos quatros cantos das paredes do meu apartamento.

— Está na cozinha. - O Aaron grita do quarto.

Ando sonolento pelo corredor do apartamento até chegar no meu quarto e vejo o meu amigo só de calção, porque já é costume dele.

— Continua desfilando toda manhã sem camisa pelo nosso apartamento, se alguém nos visse assim iriam pensar que somos um casal feliz.

Ele olha para mim da cabeça aos pés com um olhar analisador e da um sorriso de lado. Pega uma taça de vinho e vem na minha direção e entrega-me a xícara que dou um longo gole e sinto o frescor do vinho fazer o meu dia mais feliz.

— Você tem coragem de falar do meu calção  enquanto você está só com a samba-canção. Sabia que no último plantão vinheram me perguntar se você tem namorada?

— Quem foi que perguntou?

— Está interessado na moça? Vai virar um pegador?

Jogo um amendoim em sua direção e ele agarra com a mão. O meu amigo Aaron O'maley é assim divertido e bem humorado.

— Lucca está interessado em alguma garota no hospital?

— Por que está me perguntando isso?

— Para você perguntar a ela se tem uma amiga para sairmos nós  quatros.

— Lamento dizer que não estou interessado em ninguém. Agora vamos assistir ao filme.

— Nossa você é um  desmancha prazer. Definitivamente você  precisa de uma namorada irei marcar um encontro para você.

— Deixa de falar besteira estou mais interessado em terminar a residência do que de procurar uma dor de cabeça. Agora fica quieto porque já vai começar o filme.

— Lucca vamos ter que deixar o filme para depois porque acabou de chegar uma mensagem aqui no celular de que precisam da gente agora no hospital.

— Eu não ouvi o meu tocar.

— Provavelmente você  esqueceu se carregar novamente.

— Nunca esqueci de dar uma carga no meu celular. - Falo andando em direção ao criado mudo.

— Quer que eu relembre quantas vezes foram para você.

— Não precisa porque não foram nenhumas. Aqui está o meu celular e não está descarregado e sim desligado.

— Foi só sorte. Vamos nos trocar rápido.

Guillaume - Série Máfia Gaillard vol.3Onde histórias criam vida. Descubra agora