Sem Esperança

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Não há remédio para as lembranças
Seu rosto é como uma melodia
Não sairá da minha cabeça
Sua alma está me assombrando
Me dizendo que tudo está bem
Mas eu queria estar morta
Toda vez que fecho os meus olho
É como um paraíso sombrio

- Lana del Rey, Dark Paradise.

Guillaume

Jamais pensei que poderia sentir tanta dor por uma pessoa, mas agora vejo que quando perdemos uma pessoa amada a dor é maior, por amar a Alêxiá incondicionalmente eu não consigo viver sem ela, pode parecer até bobagem, mas não é, eu a amo de verdade, se pudesse teria dado a minha vida no lugar da dela se tivesse tido a chance.

Sinto uma dor tão grande no meu peito que não cabe dentro de mim. Dói de mais e nada do que eu faça ou tente fazer para me ajudar irá fazer essa dor passar que está entranhada na minha alma e na minha vida para sempre. Essa dor me acompanha tanto de dia quanto de noite tem sido me companheira de todos os dias. Mas quando chega a noite é pior para mim, é parte do dia mais assombrosa, porque as lembranças daquele dia fatídico ganham mais forças.

É triste pensar que uma hora estamos com a pessoa que amamos e no minuto seguinte não estão aqui do nosso lado, só esse pensamento me deixa mais deprimido. Ela era a minha vida, o meu mundo e o meu ar.  Perdi todo o meu mundo naquela trágica manhã.

— Guillaume para cara desse jeito vai acabar sendo internado por exaustão e a sua mão já está sangrando dessa forma irá ficar em carne viva.

Olho para o Édouard por um instante e volto a socar o saco de pancadas, a minha mão está vermelha e sangrando, mas não ligo e não sinto nada. Não me importo com mais nada se não posso ter a minha mulher aqui comigo, porque iria me importa com a minha mão sangrando é o mínimo que mereço. Cada vez que dou um soco neste saco e revejo a cena do caixão da minha esposa descendo a sete palmos abaixo da terra, faz com que o peso da minha culpa aumente cada vez mais e essa realidade me dá um soco na cara todos os dias.

Eu sei que a minha família quer o meu bem e estão ao meu lado para tudo o que eu precisar, sabem como fiquei desestabilizado com a perda da Alêxiá, mas eles não podem fazer nada com a culpa que carrego dentro de mim. Édouard não pode me entender porque ele não perdeu o que perdi. Não tem como saber o que sinto e nunca saberá como é essa dor da perda, como é estar vivo e, ao mesmo tempo, se sentir um morto vivo e ter que acordar todos os dias e olhar para o outro lado da cama e não ver a pessoa amada, mas tendo que continuar com a vida sendo infeliz. Essa dor me consome por inteiro.

Quando o policial me deu a fatídica notícia que a minha mulher estava morta e o meu filho no hospital fiquei transtornado porque naquela mesma manhã ela tinha me dado a notícia de que iríamos ser pais novamente, fiquei tão feliz que combinei de almoçar com ela para comemorarmos. Naquele mesmo momento que tinha acabado de falar com o policial, senti as minhas forças sendo drenadas, porque a minha vida era ela e agora ela tinha me deixado para sempre.

Sinto-me oco por dentro, é como se tivessem tirado a minha alma e me restado só essa casca vazia. O dia em que a pedi em casamento foi o melhor dia da minha vida, pois ouvi da sua boca o esperado e maravilhoso sim porque eu vi como ela ficou feliz e os seus olhos brilhavam de felicidades, depois desse dia mandava sempre para ela uma mensagem de bom dia que a amava muito.

Ouvi o Édouard me chamando e isso me tirou dos meus pensamentos, quando eu ia dar mais um soco no saco de pancadas, o vi puxando o saco para evitar que eu desse mais um soco e essa atitude me irritou bastante.

Guillaume - Série Máfia Gaillard vol.3Onde histórias criam vida. Descubra agora