Aquela sensação

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“Vocês viram? No banheiro do bloco f”.

“Eu vi! Não era a amiga da Parkinson?”

Os cochichos eram enormes pelos corredores da faculdade, a cada passo apressado que eu dava entre os armários era um olhar assustado. Era bom tomarem cuidado.

“Essa mesma, do segundo período de História...foi encontrada chorando na cabine, coitadinha.”

“Ela não deve ter encontrado o livro que queria na biblioteca”

Vacas! Tomara que engasguem com o veneno que elas tem no lugar de saliva...

Apertei ainda mais os passos, virando na curva do corredor, e abrindo bruscamente a porta. O local irritantemente rosa aparentava estar vazio, e se não fosse o choro baixinho, eu acreditaria que era apenas mais uma fofoca.

Andei lentamente até a ultima cabine do banheiro, girando meus pés para sentar no chão. Notei um recuo maior dentro do local, como se a menina lá dentro acreditasse ser possível se esconder.

— Como foi?- Perguntei encostada na parede. Um murmuro que parecia dizer “vai embora” foi solto.Abaixei minha cabeça para encarar minha amiga por debaixo da porta.

— Ele te fez algum mal?- Perguntei, e a resposta que veio foi um frenético movimento de negação.- Tem certeza? Porque estou a algum tempo com vontade de...

— Pansy não! Comarco na fez nada.- Ela me cortou. Abraçou os próprios joelhos, escondendo a face vermelha de mim.- O problema sou eu. Sempre eu!- Exclamou, voltando a chorar.Suspirei.

— Por que raios a garota mais perfeita e maravilhosa do mundo seria o motivo de um encontro desastroso?

— Talvez porque essa garota tenha tido pelo menos mais quatro encontros desastrosos só esse ano?- Ironizou.

Hermione sempre teve problemas para se relacionar de um jeito...amoroso. Quando éramos mais novas, eu dizia que era coisa da idade, e que beijar na boca era nojento, mas ela sempre disse que eu tentava só confortar ela. Por mais que minha amiga tentasse, qualquer pessoa que ela saísse acabava da mesma forma: Um encontro horrível, e ela se culpando.

— Aquela sensação de novo?- A vi confirmar. – Mi, talvez só não seja a pessoa certa.

— Não vivemos num conto de fadas Pans, não existe pessoa certa. O problema sou eu...

Ouvi a porta abrir novamente, me ajeitando no meu lugar, e encarando a porta com objetivo de intimidar quem quer que fosse a fuxiqueira. Ouvi passos e de repente, duas cabeleiras ruivas surgiram. Alivie a face o os chamei com a mão.

— Então...

— Mais um?

— Sim.- Eu e ela respondemos juntas. Os gêmeos a minha frente olharam um para o outro, sem reação certa.

— Bem, se continuarmos assim, em breve você estará no livro dos recordes no quesito encontros ruins.- Fred tentou brincar, com objetivo de suavizar o clima. Bati a mão na testa a ouvir um sonoro “ Vai se foder, Weasley!”. – Ok, não foi o melhor momento.

— Talvez esteja na hora de admitir que o amor da sua vida sou eu, e nosso termino foi o maior erro de nossas vidas.- George tentou, e vi a cabeça da minha amiga finalmente sair pela fresta da porta.

— Tomara que Angelina te ouça, vai ser reconfortante vê-lo apanhar.- Cuspiu, e por um momento todos nos olhamos, antes de cair na gargalhada. Ver o sorriso voltar a face de minha amiga me tranquilizou.

Em silêncio, Hermione saiu da cabine, se sentado ao meu lado e de frente para os rapazes a nossa frente.

— Aqui é o banheiro das meninas.- Hermione soltou. Era obvio que não queria falar sobre o assunto.

A nerd e a Popular (em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora