Pansy Parkinson .
Quando mais uma segunda-feira chegou eu já estava com tudo pronto para deixar definitivamente minha antiga casa. Hogwarts estava fechada por uma aparente invasão de cobras nos canos da universidade, então eu tinha um dia inteiro livre.
Mandei uma mensagem para Fred e George, implorando para eles buscarem algumas coisas com o carro velho do tio Arthur. Eles já estavam a caminho da mansão, então eu me apressei em arrumar as bolsas. Eu estava levando minhas roupas, equipamentos de futebol, além de livros e outros pertences. Calculando o tempo da ultima mensagem, eles deveriam estar na metade do caminho.
Estava na hora...
Desci as escadas em direção a sala de refeições, pois sabia que pelo horário encontraria ela lá. Quando pus meu corpo para dentro do recinto, senti um embrulho se formar na minha barriga. Mudar, mesmo que por total vontade própria, era muito difícil. Era uma vida inteira, memórias em peso e momentos que apesar de em maioria ruins, ainda me moldavam como pessoa.
–Bom dia querida. - Meu pai saudou sorridente, algo que já não me assustava tanto com o passar dos dias. Em resposta eu acenei para ele, me sentando. Minha mãe parecia indiferente aos fatos, e a mim.
– Eu preciso informar algo a vocês.- Eu disse, notando que pela primeira vez em anos eu dizia algo em baixo tom. Nunca imaginei que isso aconteceria de novo, mostrar fraqueza e medo diante daqueles que eu mesma escolhi ir contra, mas lá estava eu.
– O que seria agora?- Perguntou minha mãe, sua voz mostrando um cansaço, como se estivesse farta de tudo em mim. Eu paralisei por alguns segundos, o embrulho subindo para minha garganta. De canto de olho, busquei meu pai. Seu olhar denunciava que ele sabia que a hora havia chegado. – Ande Pansy, o que você fez agora?- Insistiu, com uma irritação. – Seja o que for não espere minha ajuda para consertar, você já esta bem...
– Eu vou me mudar.- Falei, alguns tons acima de sua voz. Minha mãe paralisou a fala, piscando atordoada. – Tipo, em alguns minutos. – Completei.
A primeira reação dela foi encarar meu pai. Ao perceber que sua reação era diferente a sua, me olhou mais atentamente, para em seguida encarar a saída da sala, piscado desacreditada.
Para minha surpresa, e talvez decepção também, ela não gritou. Minha mãe não berrou, muito menos me expulsou do cômodo. Ela não abriu a boca, apenas ajeitou os talheres a sua frente, e bebericou um pouco de seu chá.
– Eu avisei a você, Richard.- Ela finalmente se pronunciou. – Quando essa menina nasceu, eu avisei que ela seria uma decepção total, um desperdício de tempo.- Completou, enfiando por fim uma faca no meu peito. Meu pai nada disse, o sorriso que me dera quando cheguei no recinto não estava mais nos lábios, e seu olhos agora estavam abaixados.
Uma raiva monstruosa se fez crescente em mim.
Eu era uma tola.Uma tola completamente patética.O que eu pensei? Que ela fosse sentir dor com minha ida? Que sentiria alguma coisa?
Ela nunca sentiu nada por mim!
– Sabe,mamãe,- Eu tomei força para falar algo. – Ouvir da senhora que eu sou uma completa decepção realmente me trás orgulho!- Eu afirmei, forçando um sorriso. – Seria uma maldição ser um orgulho para alguém tão podre como você. Deus sabe como eu fiz de tudo para não ser o monstro que você queria, e ouvir agora que eu consegui foi realmente a melhor despedida que a senhora poderia me dar...então obrigada!- Eu completei, me vangloriando ao ver sua cara de espanto. Num rompante, levantei da cadeira e me despedi.- Nos vemos alguma hora, no inferno talvez. – e saí.
Quando eu desci outra vez, agora com três grandes bolsas pretas e uma mala de rodinhas, minha mãe seguia na sala de refeições, imóvel.Meu pai por outro lado se encontrava parado na porta da mansão, encarando ansioso a entrada.
– Os meninos já devem estar para chegar, eu já estou de saída. – Eu disse, um tom neutro na minha voz, apenas para não demonstrar magoa. Ele deu um sorriso fraco, provavelmente sem jeito pela conversa anterior. – O convite para o jogo dessa semana ainda esta de pé, de qualquer modo. – Eu tentei soar indiferente ao assunto.
– Sinto muito pelo que aconteceu lá dentro. Sua mãe...
– Está apenas sendo minha mãe. – Eu interrompi, fugindo de suas desculpas. Não queria um novo motivo para sentir raiva dele. Escutei uma serie de buzinadas vindas do lado de fora e ri. – Meus ajudantes chegaram, eu tenho que ir.- Avisei, porém continuei parada no lugar. Não sabia se o abraçava ou algo do tipo, pois nunca tive muito afeto por parte dos meus pais.
Parecendo notar isso,meu pai se aproximou de mim. Meio desajeitado e um pouco relutante ele passou a mão nos meus cabelos, sorrindo triste para mim. Logo após, pegou dois dos enormes sacos e caminhou comigo até a saída.
– Hey Pansy, desculpa a demora! Tivemos que abastecer a tranqueira antes de vir para cá. – Fred disse, a cabeça dentro do porta malas. Quando ele e George se viraram, arregalaram os olhos ao me ver do lado do meu pai.
Digamos que os Weasleys não tinham uma opinião...positiva dos meus pais. Uma vez ocorreu um evento no ginásio, e meus pais tiveram a infeliz ideia de aparecer para manter a visão de ‘família perfeita, porém o tiro saiu pela culatra, de certo modo. Meu pai desaparecera na metade do evento, e minha mãe desdenhara dos Weasleys por sua origem diferente. Desde então, eles são odiados pelos gêmeos e Gina, partindo em defesa da familia.
– Sem problemas gente. Se lembram do meu pai, Richard Parkinson? Sim, ainda bem!- Eu disse apressadamente, pois conhecia a sinceridade dos dois. – As tralhas vão com vocês, e eu vou sozinha na moto, pra não precisar fazer duas viagens,ok?- Perguntei, e os dois bateram continência. Alocaram tudo dentro da mala com a ajuda do meu pai e saíram.
– Vai conseguir se ajeitar na casa deles?- Meu pai me perguntou enquanto seguíamos para a garagem.
– Vou sim, os Weasleys são legais. Eu também já vivia lá mais do que aqui, então vai ser bem simples.- Comentei, e juntos levantamos o portão da garagem.
– Certeza que não precisa de ajuda para comprar nada? Posso te dar algumas coisas como presente pela mudança.- Ele questionou enquanto eu subia na moto. – Não esqueça o capacete!- Apontou severo.
– Não precisa se preocupar, eu arranjei um dinheiro vendendo algumas roupas velhas. – Eu disse enquanto punha o objeto na minha cabeça. – Além do mais, consegui um emprego esses dias, começo amanhã. – Comentei, e ele me encarou surpreso. – Enfim, eu vou indo!- Me despedi dele, e o mesmo respondei com um aceno.
Quando eu sai pelos portões da mansão, podendo finalmente acelerar a moto, eu sorri. Coloquei na maior velocidade peritida e mantive, podendo finalmente me sentir leve.Era como finalmente sair de uma prisão, finalmente sentir a sensação de não ter correntes impedindo meus movimentos.
Eu esperava lágrimas com minha partida. Esperava sentir arrependimento e flashes de memória da minha antiga vida. Porém, tudo o que eu conseguia sentir era o vento batendo no meu corpo, varrendo tudo o que tinha a ver com aquele lugar.
Eu voava para longe, com meu mais real sorriso.
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Harry Potter.
–Ronald!Rony aqui.- Eu chamei. Uma cabeça ruiva se virou procurando minha voz, e quando me viu sorriu largamente.
Nós dois havíamos decidido nos encontrar hoje para assistir o jogo de nosso time favorito, já que não haveria aula. Obviamente a essa altura não conseguiríamos ingressos para o jogo, porém qualquer bar inglês estaria transmitindo o jogo dos Chudley Cannons. Decidimos nos encontrar nos três vassouras, sentar, conversar e torcer fervorosamente para os Cannons.
– As ruas estão um inferno hoje! Nunca vi Londres tão agitada.- Ele contou, enquanto me dava um abraço. – Todos devem estar indo para o jogo, começa daqui a pouco não é?- Perguntou e eu assenti enquanto nos sentávamos.
Rony e eu não conseguíamos nos encontrar para conversar direito desde a minha volta, por conta de seus olhares quase nunca colidirem com os meus. Havíamos tido apenas breve conversas, entre uma troca de sala ou uma saída para respirar. Eu sentia falta do meu melhor amigo.
– Me dei a liberdade de pedir uma cerveja para você.- Eu passei a garrafa para ele, e peguei a minha.- Estou tão animado!
– Eu também, ainda mais que em casa hoje está uma confusão. Pansy Parkinson está se mudando para lá, então meu pai já furou bem uns três pontos diferente do quarto de Gui. A barulheira ta danada.- Reclamou. Vi ai minha deixa para perguntar mais sobre Hermione.
– Hermione comentou comigo hoje, eu queria ter chamado ela, mas pelo jeito ela ia ajudar na mudança.- Comentei, e em seguida arrisquei. – Vocês já se resolveram?
– Eu juro que eu tentei sabe, mas você conhece Hermione.- Ele deu de ombros, bebendo um gole da cerveja. – Está irredutível.Disse que eu abandonei ela e tudo mais. – Explicou. – Enfim, minha esperança é que você fizesse ela voltar a seu juízo perfeito,sabe?
– Mas...o que é que aconteceu? Hermione nunca me disse.- Eu perguntei, olhando atentamente para meu amigo. Suas orelhas se tingiram de vermelho, e ele evitou me encarar.
– Bem, eu e Lilá começamos a namorar tem algum tempo.- Ele começou, parecendo ainda formar as frases. – Então veja bem, ela ainda está num período de adaptação, sempre se sentiu insegura com minha amizade com a Mione...Sendo assim eu meio que me distanciei um pouco, apenas para ela se acalmar.- Contou, agora mais envergonhado. – Mas a Mione pareceu não aceitar muito bem, se sentiu abandonada e tudo mais. Então ela parou de falar comigo.- Deu de ombros. – Sabe, eu acho um exagero da parte dela, e com certeza tem um dedo de Pansy nessa atitude.- Acusou.
– Mas Ronald, o dedo não seria da Lilá que te fez afastar-se da Hermione?- Eu perguntei. – Hermione disse que você não respondia quando ela te cumprimentava, fingia nem olhar! E não sei se você se lembra, mas Hermione disse que no ensino médio a Lilá espalhava fofocas sobre ela...
Ronald pareceu hesitar, a boca abrindo e fechando repetidamente. Ele desviou o olhar do meu, como se estivesse em meio a um interrogatório.
– Lilá não quis fazer mal a Mione, aquilo foi apenas uma brincadeira, ela não sabia que Hermione ia se magoar tanto. – Defendeu, porém seu tom de voz denunciava que aquilo era algo decorado, como uma mentira que ele lutava para acreditar.
– Nunca é uma brincadeira quando um lado faz o outro chorar. – Eu respondi, tentando não apontar dedos. Me ajeitei na cadeira e apontei a televisão.– Depois continuamos a conversa, veja, o jogo vai começar.
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Hermione Granger
Eu nunca havia imaginado o quão trabalhoso era uma mudança. Quero dizer, lógico que eu não achava ser algo que durasse menos de uma hora para acabar, mas senhor! Estávamos a horas na arrumação de um quarto! As roupas pareciam não acabar, e arranjar um lugar para tudo parecia impossível .
– Me lembrem de só me mudar quando eu tiver plena certeza que será a primeira e ultima vez.- Eu comentei, enquanto me esticava para colocar alguns troféus de Pansy na prateleira que o tio Arthur havia erguido. – Eu me recuso a fazer algo assim mais de uma vez.
– Nem fala!- Gina disse, suspirando cansada. – Estou considerando morar com a mamãe e o papai para sempre. Esse trabalho todo é só pra um cômodo, imagina uma casa inteira.- Completou, enquanto arregalava os olhos. Nós rimos de sua cara, nos jogando no chão, exaustas.
– Acho que vocês mostraram hoje sua maior prova de amor, eu já teria ido embora.- Pansy brincou, se juntando a nós duas. – Mas olha, estamos a uns minutos de acabar!- Ela disse, otimista. Gina choramingou, se jogando no meu colo. Seu celular apitou de repente, e ela pareceu ficar atenta apenas a ele.
– Eu vou abandonar vocês, sinto muito. – Ela disse, sem muita emoção. Encarei Pansy confusa, e ela possuía a mesma cara. – Um carinha me chamou para sair, ir num bar aqui perto. Os Cannons ganharam, e ele me chamou para comemorar. – Sorriu animada e se levantou, rumando para o quarto, do outro lado do corredor. Eu e Pansy nos olhamos ansiosas, e corremos para a porta do quarto de Gina.
– Quem é ele?- Eu perguntei animada, Pansy grudada no meu ombro. – Nós conhecemos?- Insisti. Gina negou, enquanto separava uma roupa.
– Eu não sei bem quem é, estamos num tipo de tinder do Hogwarts.- Ela explicou, ainda se movendo pelo quarto. – Você entra no aplicativo, e vai conversando com alunos anônimos...Caso haja o interesse de se conhecer pessoalmente, vocês marcam um encontro. – Terminou a explicação sorrindo e tirando um short e uma blusa do armário.Pansy a olhou séria.
– Ginevra, isso é algo muito irresponsável! Já imaginou se é alguém mal intencionado? Ou pior, um cara que nem da faculdade é!- Bronqueou, e a ruiva revirou os olhos em resposta.
– Só consegue entrar nesse aplicativo quem tem uma matricula em Hogwarts, eles pedem na hora de se cadastrar. E se acalmem senhoras, eu estou indo estrategicamente num lugar movimentado, e não vou ser tola de tomar qualquer coisa que ele peça para mim! Me deem um voto de confiança por favor.- Pediu impaciente, enquanto ia em direção ao banheiro.
– Isso é culpa sua, passa demais a mão na cabeça dela.- Pansy me acusou encostada no batente da porta. Coloquei a mão no peito fingindo estar ofendida com a afirmação.
– A má influencia sempre foi você, não venha me culpar por esses comportamentos, você a criou assim!- Rebati.
– Vão as duas tomar no olho do cú!- Gina gritou do banheiro, nos arrancando gargalhadas.
Eu e Pansy voltamos para o quarto, nos jogando na cama. Ainda riamos, provavelmente sem nem saber o porquê. Nossas cabeças estavam próximas ao ponto das testas se encostarem pela lateral.
– Finalmente um momento de paz...Em casa hoje foi um inferno.- Pansy confessou, agora sem sorrir. A olhei de canto de olho, vendo uma cara chorosa se formar.
– A partir de agora tudo ficará bem, iremos cuidar de você... Esqueça aquele lugar, não te faz bem.- Eu pedi, pegando sua mão delicadamente. Ainda de canto, a vi sorrir, me aliviando um pouco.– Nós temos que terminar essa arrumação logo. – Eu lembrei, porém com uma voz descontente. Eu estava cansada, havia passado o dia inteiro arrumando roupas e outras coisas, e mesmo assim ainda havia um montinho enorme pela frente.
– Não...- Pansy resmungou enquanto se virava para mim. Ela tinha um biquinho nos lábios, feito uma criança birrenta.Eu ri daquilo, levantando minha mão para apertar sua bochecha. Ela soltou um gritinho de reclamação, me fazendo rir mais. – Você já foi mais carinhosa comigo, Mione.- Reclamou.
– Na verdade, se me lembro bem...A carinhosa sempre foi você.- Eu pontuei. Me virei para ficar frente a frente com minha amiga e apertei novamente sua bochecha. – Eu te mantinha viva e longe de confusões, é diferente. - E soltei, vendo ela me responder com careta feia.
Passados alguns segundos, notei uma vermelhidão no local que eu apertara. Era quase engraçado a facilidade que Pansy ficava marcada, sua pele demasiadamente branca colaborava para que qualquer beliscão, chupão ou outro se destacasse. Passei a mão de leve no local, e Pansy entendeu que provavelmente estaria marcada.
– Sabe, eu sou fã de marcas Hermione, mas geralmente eu prefiro na área do pescoço. – Ela disse, me deixando um tanto envergonhada.
Abaixei o olhar para o pescoço da minha amiga. Ele possuía algumas pintinhas, não muitas. Seria fácil marca-los, e pelo que eu já havia visto de outros momentos, davam um charme especial para Pansy. Ela não sentia a menor vergonha deles, pelo contrario, parecia se deliciar em exibi-los, como se a tornassem mais sexy.
Pansy era naturalmente sexy. Talvez fosse sua confiança em si mesma, ou o jeito como ela parecia ter controle de cada movimento de seu corpo quando sentia vontade de encantar a uma menina. Mas de fato, minha amiga sempre era sexy.
No período do ensino médio isso foi um fator positivo para ela, que a fazia conquistar diversas meninas. Me lembro de ter tido que disputar a atenção da minha amiga algumas vezes com suas namoradas ou ficantes, pois todas queria estar perto dela o tempo todo. Apesar disso, Pansy nunca se esquecera de mim, me pondo sempre como prioridade.Deus sabe quantas namoradas dela já me odiaram.
– Sabe, senhora Parkinson, não é uma má ideia. – Eu disse, tentando soar sedutora como ela. Acho que por conviver com Pansy por uma vida quase inteira eu havia pego alguns dos seus trejeitos. – Vem aqui!- De repente eu pulei em cima dela, fazendo-a soltar um gritinho risonho, enquanto esticava os braços na tentativa de me afastar. – Anda, uma marquinha só. – Insistiu, caindo na risada também.
– Hermione Jean Granger, saia de cima de mim!- Ela riu, tentando me empurrar. Em dado momento,ela conseguiu me virar para ficar abaixo de si. Os anos e anos treinando futebol provavelmente fizeram com que Pansy se tornasse mais forte que eu. – Aha! Agora quem vai levar algo é você, mocinha.- Ela disse. Antes mesmo que eu me recuperasse da surpresa, minha amiga desceu até o meu pescoço e mordeu na lateral.
– Ai, ai!- Eu reclamei, porém rindo. – Você vai arrancar meu pescoço pans...
– Mas que putaria é essa?- Gina gritou, fazendo Pansy se levantar assustada. Ela estava na porta do quarto, uma toalha enrolada no corpo e a outra no cabelo. Eu e Pansy levantamos, meu rosto queimando. – Eu sempre imaginei que vocês fossem se pegar, mas não na minha casa as seis da noite!- Ela completou, aumentando meu constrangimento. – E meu Deus Parkinson, olha que Marcão no pescoço da Mione...
A afirmação me fez correr até um espelho, rodando desesperadamente meu pescoço. Na lateral esquerda, perto da descida para os ombros , uma marca roxa se formava.
Eu queria matar Pansy.
Eu mataria muito uma Parkinson.
– Meus pais vão me matar...- Eu resmunguei, me jogando na cama. Eu não pensei que minha pele pudesse ficar tão marcada como a dela, porém eu estava enganada.
– Eles vão é agradecer por você finalmente estar transando.- Gina debochou, e eu levantei o dedo do meio para ela. – Calma, calma! Vou deixar vocês se pegando, pois eu tenho um date!- Ela disse, se encaminhando para a porta. – Boa foda!
– Eu vou te matar.- Eu gritei para Pansy, jogando um travesseiro nela. Passei a mão no local da mordida, sentindo um arrepio ao lembrar de forma prazerosa da sensação.
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Gina Weasley
Entrei apressada no bar mais antigo do beco diagonal, o caldeirão furado. Estava um tanto quanto barulhento do lado de fora, me fazendo correr para um lugar minimamente calmo. Procurei dentre os homens o vestido com uma camisa vinho. O achei de costas, e ajeitei o cabelo antes de me aproximar.
Tentei não criar expectativas enquanto andava em sua direção, porém foi inevitável. Ele já tinha se mostrado uma pessoa interessante nas conversas, sem o menor pudor e muito provocante, então eu torcia para ser assim frente a frente também. Não sentia atração por pessoas muito inseguras.
– Oi?- Eu chamei, cutucando levemente seu ombro. Eu tinha um sorriso nos lábios, porém o mesmo morreu ao descobrir quem era a pessoa a minha frente.
Theodore Nott.
Devia ser Karma.
– Pimentinha!É você então...Quem diria não é?- Ele sorriu, me fazendo revirar os olhos.
A alguns dias atrás eu havia tido o desprazer de cruzar com ele na entrada da festa de Pansy. O infeliz quase havia me atropelado com sua moto, e parecia sentir zero culpa por isso. Ao longo da semana, para completar, ele havia resolvido me irritar ainda mais, e o destino parecia o ajudar, sempre pondo-o no meu caminho.
– Ai que desperdício de tempo...- Eu reclamei, antes de me virar para ir embora
Senti uma mão segurar a minha suavemente, e me virei intimidadora para o canalha. Ele possuía um sorriso no rosto, como se estivessem aproveitando a situação.
– Qual é pimentinha, ainda guarda rancor pelo que aconteceu naquele sábado? Ande, começamos a conversar antes daquilo, de um desconto para mim, e não vai se arrepender. – Ele pediu, sua voz sedutora.
O infeliz era bom, eu tinha que admitir.
– Me chame de pimentinha de novo e eu vou te garantir uma morte lenta e dolorosa.- Ameacei, não suportando mais aquele apelido que o garoto me dera. – E você paga a conta!- Me rendi, sentando na cadeira do bar. Ele levantou as mãos em rendição, se preparando para pedir algo ao Barman. – Eu sei pedir minhas próprias bebidas.- O cortei, chamando o homem e pedindo o que eu queria.
Enquanto nos mantínhamos em silencio, comecei a pensar em como aquilo iria acabar. Eu obviamente não queria desperdiçar minha noite, e meu plano era sair de lá com uns bons beijos e talvez uma boa transa...Porém com certeza não estava em meus pensamentos foder com esse alguém.
– Então, a vitoria dos Cannons foi sensacional, não é?- Ele tentou papear, usando a desculpa do time novamente. Acenei secamente em resposta, ainda revoltada por ser aquele filho do capeta ao meu lado. – Qual é pimentinha, você é bem mais simpática por internet. – Ele choramingou, e eu o encarei,brava.
– Você está brincando com o fogo, Nott.- Ameacei, porém tudo o que ganhei foi um sorriso torto de resposta.
– E espero ansiosamente me queimar. – Respondeu, audacioso e, apesar de ainda não suporta-lo, eu ri. – Olha só, ela não me odeia por completo.- Ele comemorou, me fazendo revirar os olhos. – Vamos lá, sorria, eu tenho uma proposta para você.
– Proposta?- Me atentei. Ele confirmou.
– Nós dois viemos aqui atrás de algo. Algo em que eu garanto que sou muito habilidoso.- Se gabou. – E pelo que vi, você também... Sendo assim, porque perder uma boa noite apenas por uma pequena inimizade?- Ele questionou. – Podemos nos conhecer, sair daqui depois que você não sentir mais vontade de me matar e nos conhecer de outras formas.- Ele disse, porém eu tentei dificultar um pouco, apenas como tortura. Ele bufou.
– Sem compromisso?- Perguntei após alguns segundos. Ele sorriu, se aproximando um pouco mais de mim e confirmou. – Pois bem!- Eu me virei para ele, agora já com minha bebida em mãos – Diga-me mais sobre você, Theodore Nott.
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A nerd e a Popular (em revisão)
RomansaHermione era muita coisa em minha vida... Era a nerd que me ajudava no dever. A chata que me impedia de beber demais. A maluca que lia nas arquibancadas em todos meus treinos. E talvez por ser muita coisa, ela tenha se tornado meu tudo. Ninguém diri...