Capítulo 23

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-Que foi isso ?- Sasha gritava pulando desesperada da cama.

- Desculpe- absorvi o fogo com as mãos.

- O que aconteceu?

- Eu.. isso acontece direto,quando eu sonho com a noite do acidente.Meu pai aparece falando que eu preferi a luz ao invés dele.E eu sonhei com a noite da casa dos espelhos.É que eu tenho tantas perguntas  e esse sentimento de que algo ruim vai acontecer...

Ela me abraçou.E isso foi a melhor coisa que ela podia fazer.

Depois das aulas,Matt estava tentando me ajudar a estudar.Estávamos sentados no balcão da cozinha ,com um caderno,caneta e livros.

- Sério?- perguntou ele segurando "A voz do amor" .- Você me chama aqui ,perto do fim de semana,pra ler livros sobre romance barato? Você não tem vida?

- É o que dizem - respondi. -Mas vamos continuar. - Peguei o livro da mão dele e comecei a ler- Oh,Johanna,seus lábios tão doces como mel,que sussurram ao meu ouvido:beije-me antes que seja tarde. Antes que essa guerra acabe,junto com meu amor.

- Assim?- ele disse e começou a me beijar.

Larguei o livro por um instante e deixei que ele me beijasse. Passei a mão pelo seus cabelos ,e ele colocou a mão em minha cintura.

-Então -pigarreou Zouth- como estão os estudos?

Fiquei envergonhada,então parei rapidamente e peguei o livro:

- Estão ótimos. - continuei a ler - Os lábios dela tinham uma mistura de amor e angústia e antes que tivesse a chance de me despedir deles,eles se foram.Se foram assim como os soldados dessa guerra,assim como meu último fio de esperança.

- Nossa ,que... poético-ironizou Zouth- vou até embora daqui,antes que eu vomite.

- Bom,se quero nota nessa prova,tenho que saber cada fala de cada livro maravilhoso desses.

-Então acho que essa é mesma minha deixa.

Ele saiu.

- Onde paramos?-perguntou Matt,e mebeijou novamente.Mas dessa vez sem interrupções.

A noite,nossa mãe resolveu que ia jantar conosco. Então resolvi fazer o jantar antes de ela chegar em casa.Matt ia conhecê-la hoje,então pedi para ela vir um pouquinho mais arrumado.

- O que você vai querer para o jantar Zouth?-perguntei ,enquanto ele estava sentado na cadeira do balcão,mexendo no celular.

- Lasanha-respondemos juntos.

- Como sabia?- perguntou ele.
- Te conheço.- respondi.

- Já que me conhece tanto,então que bebida eu prefiro com lasanha?

- Refrigerante.Mas não qualquer um,o de limão.

- Puxa,irmã,você presta atenção.Que orgulho.

- Matt vai jantar aqui hoje ta? Se você quiser chamar a Belle.

- Não,hoje ela tem um compromisso . Oh,a maninha já ta aprendendo desde cedo: a melhor forma de chegar ao coração de um homem é pelo seu estômago.

Joguei o pano de prato nele e ele começou a rir.

- Vem aqui me ajudar e para de bobeira-disse ainda rindo.

- Ta ,eu faço a salada.

Minha mãe chegou ,e ela estava um bagaço. Parecia não dormir a uma semana,os olhos cansados,a roupa suja, mas resolvi não falar nada.

- Cadê aquele seu namorado?- perguntou num tom de brava.

-Calma,mãe- respondi delicadamente,para não estressá-la-Nós combinamos as oito,ainda são sete.

- Ah,é?-disse olhando para seu relógio de pulso- Se soubesse tinha chegado mais tarde.

Ela se jogou no sofá,então disse:

- Quando ele chegar me acorda. - E dormiu.

Matt chegou pontualmente às oito.Quase não deu tempo de terminar de me arrumar.

Tinha colocado um vestidinho,e soltado o cabelo,mas mal terminei e ele já tinha chegado,com flores na mão.Um buquê de 5 flores.

- Oi-dei um selinho - Tudo bem?

- Oi.

- Pode entrar -apontei para casa com o braço- e essas flores?

-Pra sua mãe-respondeu enquanto entrava.

- Esse é o Matt?- Não sei da onde minha mãe surgiu.

- Sim,mãe,é ele. -respondi.

- Te trouxe flores,senhora Smoak.

- Ah-ela pegou as flores com desprezo -odeio flores.

Olhei brava pra ela.

- Mas valeu por tentar ser cavalheiro- Ela tentou se consertar.

- Claro. - respondeu Matt olhando para mim meio desesperado.

- O jantar está pronto -tentei quebrar o gelo.

- Ótimo. - respondeu minha mãe com cara de que nada estava ótimo.

Fomos para a sala de jantar e minha mãe se sentou ao lado de Zouth,eu sentei ao lado de Matt.Trouxe a salada e a lasanha e os servi. Quando fui colocar o refrigerante,minha mãe parou a minha mão no seu copo e disse:

-Tá achando que eu sou criança?Me sirva uma boa dose de vinho.

Acabei obedecendo,embora estivesse muito irritada.

- Então Matt- começou minha mãe- d3 onde você é?

- De um lugar bem distante- disse Matt -A senhora não conhece.

- Sério? Qual seu sobrenome? Talvez conheça algum parente seu.

- Hollow-ele não parecia muito confortável.

- Não,tem razão,não conheço.Você cozinha?

- Não,sou um desastre na cozinha. - ele deu um risinho meio sem graça.

- A Belle cozinha -ela disse um pouco mais baixo.

Lancei um olhar de desaprovação para ela.

- É só que a Eleanor não cozinha .Então um de vocês tem que saber.- se ela estava tentando melhorar as coisas,não estava funcionando.- Olha essa lasanha,que desastre.Dura,sem gosto e aposto que essa salada só está razoável porque o Zouth que fez.

- Ei-reclamou Zouth- o que quer dizer com razoável?

- Acho tudo ótimo- disse Matt.- Muito bom.

- Claro que você vai falar isso. Você é o namorado dela.- minha mãe falou
descaradamente.

Estava fervendo por dentro,mas continuei calada. Sabe quando você esta tão brava que a melhor solução é ficar quieto para não matar alguém?

- Não-disse Matt- Falo sério. De verdade senhora...

- Não me chame de senhora- cortou minha mãe - Não sou tão velha.

- Desculpe ,eu...

- Ah,que se dane.Eleanor,vai buscar mais vinho.E vê se no caminho ensina modos para seu namorado.

Aquilo foi a gota d'água.

-Quer saber mãe?- estourei- Pra mim já chega. To cansada de todo dia tentar consertar a nossa relação que está quebrada há muito tempo,estou cansada porque não tem conserto.Simplesmente não tem. Mas sabe o que? Eu não ligo de você ficar me xingando,me
comparando com outros ,me culpando...eu já me acostumei.
Mas não aguento ver você ficar xingando meu namorado e meu irmão. Você teve um dia ruim?A culpa não é deles.
Papai morreu? A culpa não é deles! Então pare de tentar ficar culpando as pessoas erradas.

Nesse momento senti uma raiva tão grande e forte dentro de mim,com.se fosse capaz de quebrar as paredes. Então as luzes da casa começaram a piscar e as luzes da sala,de tanto fazerem isso,acabaram estourando.Faíscas pareciam voar pela sala,vidros das
lâmpadas quebradas caindo em tudo,o resto das luzes da casa ainda oscilando.

Mas eu não ligava.Não ligava de elas ficarem ligando e desligando,ou de elas terem queimado ou
estourado,quebrado em um milhão de caquinhos. Porque assim como estavam as lâmpadas,estava meu coração naquele momento:quebrado,e sem previsões para ser concertado.

Mas o pior de tudo é que depois de tudo que eu falei,ela simplesmente disse:

- Ta,agora:cadê meu vinho?

Ela só precisou dizer para que eu desmoronasse em lágrimas.

A garota iluminadaOnde histórias criam vida. Descubra agora