Chegamos em casa. Minha mãe havia deixado um recado na geladeira dizendo que ia passar o fim de semana na casa de uma amiga. Zouth me mandou um sms dizendo que não ia para casa hoje. Éramos só eu, Matt e meu constrangimento.
Não tinha muito o que fazer, então deixei que ele escolhesse o que queria.
- Eu quero - disse ele - que você me ensine a tocar uma música.
- Assim, em um dia?- perguntei.
- Eu aprendo rápido.
- Então tá.
Peguei meu violão, comecei a tocar uma música, pra mostrar como ela era. Em seguida dei o violão para ele e comecei a colocar os dedos dele nas notas. Não demorou muito e ele já estava tocando a música inteira.
- Ah, isso não é justo - reclamei. - Você aprende muito rápido. Nem sabia tocar uma nota e quando vê já sabe uma música inteira.
- Nunca disse que não sabia tocar - retrucou ele. - Toco desde os 5 anos.
- Você me enganou.
- Não. Eu pedi para me ensinar a tocar uma música.
Fiquei olhando com cara de brava pra ele, e então sentei na cama ,mas logo comecei a rir. Então ele disse, assim do nada:
- Vamos ver um filme?
- Qual? - perguntei.
- Você é a especialista em filmes, fala aí.
- Tá, vou escolher um de terror então. Mas nada de ficar gritando no meu ouvido, hein.
- Feito. Mas tem que ser com a luz apagada, e não vale trapacear com seus poderes.
- Feito.
Nós dois apertamos as mãos em sinal de acordo.
Coloquei um filme qualquer de terror e nós dois ficamos assistindo, sentados na cama.
Quando o filme acabou, Matt começou a tentar me assustar com os filmes de terror que já tinha visto. Meu celular tocou e quando atendi, vi Matt no dele, sussurrando:
- 7 dias.
- Ah - disse eu. - Esse filme não me assusta.
- Que tal isso? - disse ele pegando um lençol. - Fantasmas?
- Não tenho medo de fantasmas.
- Você não tem medo de nada, né.
- Tenho medo de escuro.
- Bom saber.
- Nem pense nisso. Se bem que eu posso acender a luz a qualquer momento.
- Sem graça.
- Você que é.
Bati o travesseiro nele.
- Ah, você quer guerra? - ele também me bateu com o travesseiro. - Então guerra você terá.
E nós dois começamos a bater o travesseiro um no outro até que eu caí no chão com o meu. Ele desceu da cama e achei que ia checar se eu estava bem, mas na verdade continuou me acertando.
- Achou que ia ter piedade? - ele me perguntou rindo. - Jamais!
E lá estávamos os dois feito bobos, batendo os travesseiros um no outro.
- Você sabe que eu vou te vencer - disse eu.
- Vai sonhando - rebateu ele.
Continuamos batendo um no outro. Então ele caiu. Mas ele me deu uma rasteira e eu acabei caindo em cima dele.
Estávamos tão próximos, podia sentir sua respiração. Nos ajoelhamos ao mesmo tempo, nos olhando meio sem graça. Fiz menção de levantar, mas então ele me segurou e me abaixou e, então... Então ele me beijou. E era intenso e inesperado, mas era tão bom e doce ao mesmo tempo; eu podia sentir o gosto da perfeição.
A neve caía la fora, iluminando aquele momento, mas não importava, só o que importava agora éramos nós dois. E não importava quantas séries eu tinha visto, ou quantos livros eu já tinha lido, nenhum deles poderia descrever, nem chegar perto daquele momento. Aquele momento em que o coração batia tão forte que parecia que ia explodir; aquele momento em que percebia as borboletas no estômago; aquele momento em que descobri o que era estar apaixonada. Mas não apaixonada por qualquer um e sim por Matt, aquele garoto que faz os momentos parecerem... indescritíveis.
Depois do beijo, não sabia ao certo o que fazer. Havia sido o meu primeiro beijo e foi muito melhor do que eu poderia imaginar, mas o pós beijo complica um pouco. Nós ficamos nos olhando por um tempo, então ele se levantou e me deu a mão para ajudar a me levantar e disse:
- Acho melhor irmos dormir.
Concordei com a cabeça. Fui me deitar, tinha até puxado as cobertas, quando vi que Matt estava saindo.
- Aonde você vai? - perguntei.
- Vou dormir no sofá.
- Pode dormir aqui - disse. - Mas só se você quiser - acrescentei depressa.
- Claro.
Ele deitou, e eu me deitei logo em seguida. Ele deixou o braço sob minha cabeça, e eu fiquei deitada lá, aproveitando o momento. Acho que nenhum de nós sabia o que dizer, então nós dois ficamos deitados sem falar nada, até que caímos no sono.
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A garota iluminada
Viễn tưởngEleanor era uma garota comum.. até não ser mais. Em um acidente, uma forte luz a atinge. Ela pensa não ser nada demais, até que começa a queimar colchões enquanto dorme e derreter objetos, então percebe que na verdade não era mais apenas uma garota...