Capítulo 34

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Estava no trem,indo comprar batatas fritas para o Zouth na Casa das batatas fritas.Ele sempre me fazia ir lá quando o ano estava acabando,porque falava que lá tinham as melhores batatas.E todo ano eu vou porque não resisto aquela cara de cachorro pidão.

Sei,você deve estar pensando:Mas ele não tem carro? Boa pergunta.Sim,ele tem carro,mas não vem de carro pra esse lugar porque fica do outro lado da cidade e as ruas ficam lotadas de neve e o carro dele não aguenta.O único jeito é vir de trem.Ou de avião,se tiver dinheiro para isso.Eu e meu pai costumávamos ir juntos buscar as batatas,mas agora,vou ter que continuar a tradição sozinha.

Faltavam apenas umas 3 paradas antes de chegar no meu destino,e falava com Zouth no telefone,apoiada em uma barra de ferro.

-Tem certeza que você vai me fazer mesmo ir buscar as batatas? -perguntei.

- Não são só batatas.São as melhores batatas do mundo.-fez aquela voz animada que não resisto - Talvez eu até divide com você.

- Não,senhor.Se vou à esse fim de mundo,vou trazer dois sacos para mim.Tchaaau-antes que ele pudesse reclamar,desliguei.

De repente o trem deu uma mexida estranha,como se alguém tivesse o balançando.


Estávamos passando por um túnel e as luzes começaram a piscar.Então elas estouraram.

O trem parou,as portas se abriram e os passageiros saíram correndo descoordenados,mas quando eu ia sair,as portas se fecharam.

Ah meu Deus.Não sabia o que estava por vir.Só sabia que não podia ser coisa boa.


Senti o frio e sabia quem estava por perto.A fumaça negra,escuridão,sombra. Não sei direito do que chamar.Já estava ficando cansada daquilo.Abri os braços e então as luzes do trem voltaram,embora ele continuasse parado.

Podia ver a escuridão passando pelas janelas,rodando o lugar,como sempre. Mirei umas bolas de calor nela,mas ela desviava.Fui empurrada para uma janela e bati a cabeça,o que,não preciso dizer,não era bom.

Depois que caí,fui jogada em uma janela da frente e bati a cara no vidro,o que,novamente não preciso dizer,doeu pra caramba.

Sentia o sangue no meu rosto,escorrendo e podia sentir a raiva dentro de mim. Estava caída no corredor,o rosto todo cortado,meu coração batia tão rápido que parecia que podia explodir e ainda assim,me sentia forte.Levantei rapidamente e dessa vez deixei a raiva


me consumir.

Comecei a lançar bolas de fogo,de calor,de luz ,o que quer que fosse,mas dessa vez nem minhas emoções me ajudaram. Precisava de sorte. Mas acontece que sorte não é algo que


costumo ter.

O que poderia fazer pra sair dessa ? Tinha que fazer algo que a machucasse,mas não machucasse a mim.

Apagar as luzes não era uma boa opção,só ia ser mais fácil de ela me atacar.

Mas o que podia fazer? Não tive tempo para pensar nisso.

A escuridão me jogou numa barra de ferro,e eu caí.Quando levantei até passei as mãos nas costas pela dor.

Eu só estava tão cansada daquilo. Dessa escuridão sempre lutar,me derrotar,me vencer.


Estava na hora de revidar.

Concentrei todas as minhas forças em uma bola de luz,uma única e grande bola de luz.


Se a escuridão é minha fraqueza,então a fraqueza da escuridão é a luz. Estava na hora de mostrar isso.

Fiquei segurando a bola de luz nas mãos,esperando o próximo ataque. A escuridão é grande e sempre chega de frente.Talvez não fosse tão difícil. Fiquei olhando para os lados,esperando.

Quando ela finalmente apareceu na minha frente,dei um soco nela com


a bola de luz. Deve ter feito algum dano,pois ela recuou,com uma marca de indícios de faísca.

Achei que ela tivesse ido embora. Achei que estava tudo bem.


Mas como é típico,não estava tudo bem.

Ela tinha voltado. E parecia ainda com mais raiva. Fez todos os vidros se quebrarem de uma vez. Mas dessa vez me protegi com o domo.

Mas ela era insistente e ficava tentando penetrar meu domo,até que ele se quebrou.


Fiz outra bola de luz. Mas dessa vez ela foi mais rápida e escapou.

As luzes começaram a piscar de novo,mas então me ocorreu: a sombra não reagia bem à ataques de luz. Então o que acharia de uma chuva dela?

Fechei minhas mãos fortemente e nesse momento começaram a sair faíscas de todas as luzes,em todas as direções.

Me sentia fraca,como se fosse cair a qualquer instante,mas dessa vez permaneci de pé.

Estava fraca,com o rosto cortado e sangrando,em meio à uma chuva de faíscas,mas ainda assim estava de pé.

Finalmente a escuridão recuou.De vez. Soltei um suspiro,e acendi as luzes.

-Maquinista-gritei - Faça esse trem andar. Eu tenho que buscar umas batatas.

A garota iluminadaOnde histórias criam vida. Descubra agora