Minha madrasta pode ser legal às vezes.Ela vestiu um biquíni amarelo e me fez ir para a piscina como todos os jovens da redondeza faziam naquele verão. Ela realmente se sentia uma jovem, dando pulos na piscina e chamando as meninas para conversar sobre namorados.
Nona parecia ser a única pessoa daquele bairro a ter uma piscina grande, onde recebia todas as pessoas possíveis. Aquilo parecia até mesmo uma pousada, ou então, um clube. É claro que Richard estaria lá. Ele sempre estava. Ele vestia apenas de bermuda, seu corpo era lindo. Brincava com os outros rapazes de guerra de galo e sempre conseguia derrubá-los na água.
Eu nunca escondi que sou gay. Eu nunca neguei isso à mim mesmo (eu espero ler isso daqui a trinta anos e continuar assim). Eu nunca menti sobre isso, apenas omiti. Se alguém me perguntar eu direi: “Sim, sou gay. Não, não tenho AIDS”. Mas se não perguntarem, por que eu diria? Os héterossexuais nunca precisaram sair do armário.
Até porque eu nunca saberia esconder. Essa é a verdade. Eu não saberia esconder meus gestos femininos, meus shorts curtos, as secadas que eu dou em atores de novelas, o meu andar rebolado. Eu sempre fui aquela criança em que todos olhavam e diziam “Esse tem jeito…” ou então “Esse já é entendido” e coisas do gênero. Eu sou o tipo de pessoa que todos olham e me taxam como veado, bicha, boiola. E tudo bem, nada disse me mudará, eu não faço questão. Eu gosto pra caralho de homem.
Eu acho que eu nunca falei isso em voz alta, mas é bom poder escrever isso em algum lugar.
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1993, I miss you - Reddie
RomanceOnde Eddie vai com sua família passar o verão numa cidade do interior e acaba conhecendo um garoto que, futuramente, seria o protagonista dos seus desabafos num velho diário.