ㅡ 17 de junho de 1993.

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Hoje eu conheci Carl, ele é um cara de uns 30 e poucos anos que trabalha como caseiro. Ele usa roupas surradas, barba mal feita e tem um sotaque roceiro péssimo, mas é um cara muito legal com todos. Vive fazendo piadas e todos brincam dizendo que ele e Louise se pertencem.

Naquele dia eu estava sentado no jardim escrevendo coisas aleatórias na última página deste diário. O tédio me consumia vivo. Ele estava podando as árvores e me pediu ajuda para catar os frutos bons que caiam junto aos galhos mortos. 

Eu estava o ajudando no momento exato que Richard passou por nós. Ele vestia uma camiseta florida, usava seus óculos e carregava meu livro debaixo do braço. Ele deve ter reparado que eu o vi, pois no mesmo momento fez um aceno e sorriu. O sorriso dele era lindo. Ele era lindo. Parecia estar indo para a árvore ler.

Queria ter ido junto. Me sentado ao lado dele, em silêncio, com os joelhos encostados e vê-lo ler meu livro. Eu não gostaria de ler nada. Apenas assisti-lo enquanto ele passa os olhos pelas páginas do velho Hamlet. Ele leria minhas anotações feitas à lápis, as folhas de pontas dobradas e talvez conseguisse entender meus pensamentos e cada intervalo de tempo que eu tive que parar para processar a história. Talvez seus pensamentos se encaixassem nos meus. 

Carl me chamou a atenção, eu voltei a catar os frutos.

1993, I miss you - ReddieOnde histórias criam vida. Descubra agora