Capítulo 8

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- Como vocês se conheceram? Cristian não nos contou.


- Foi na inauguração da casa de festas de um amigo meu. E se não fosse pela Valéria acho que não teríamos nos conhecido. Eu não queria ir, mas ela foi a minha casa e não me deixou vacilar.


- É mesmo, eu sabia que alguma coisa boa ia acontecer naquele dia. Minha intuição não falha nunca!


- Engraçado... Eu não me lembro de termos sido convidados para esta inauguração. Todo mundo sabe que adoramos festas. Você também conhece o dono da casa de show? Quem é meu filho? Porque não nos levou? Eu e seu pai adoraríamos ir lá qualquer dia. Queremos conhecer o lugar onde você garimpou esta preciosidade.


- Eu fui convidado por um amigo do trabalho, o Marcelo. Vocês se lembram dele?


- Acho que não. Você já o trouxe aqui em casa?


- Sim mamãe. Com certeza você vai acabar se lembrando dele – Cristian teve medo que o nome de Alícia viesse a tona, pois sabia que os pais não gostavam nada dela, pra falar a verdade, eles a detestavam e nunca perdiam a oportunidade fazer um comentário mordaz sobre o passado dela ou o seu comportamento. Infelizmente Deca não sabia disso e acabou tocando no nome dela.


- Ele é casado com uma prima minha, a Alícia. Ela esta esperando um bebê agora. Nos estamos tão felizes com isso.

O rosto de seu Nelson, pai de Cristian, transformou-se imediatamente em uma máscara de pedra, e D. Wanda. Mãe de Cristian ficou totalmente sem graça. O clima pareceu esfriar de repente. Todos ficaram mudos por um tempo, até que o pai de Deca percebendo que havia acontecido fez o inesperado e contou toda a verdade sobre o que havia acontecido a Deca, e qual era a natureza da relação entre eles.

Quando seu pai começou a falar sobre aqueles acontecimentos tão dolorosos, Deca teve vontade de sumir, seus olhos ficaram cheios de lágrimas, e parecia que toda a dor tinha voltado e com muito mais intensidade. Ela não arriscava nem mesmo olhar para seus próprios pais que dirá pra os demais. Quando tentou levantar os olhos a primeira coisa que viu foi o rosto de Cristian e ele parecia totalmente confuso, como fosse impossível que Alícia tivesse tido aquela atitude, e aquilo doeu mais ainda, doeu tanto que ela saiu correndo pelo jardim em direção ao portão. Tudo que Deca mais queria era sumir.

Quando estivesse com seu pai ela iria deixar bem claro o que sentia, o quanto ele a tinha magoado.

Mas o pior foi ver que Cristian estava pronto para defender Alícia de tudo e de todos, mesmo sabendo o que ela havia feito. Naquele momento Deca parecia ter voltado literalmente no tempo, e teve a sensação que o fato estava se repetindo, ou seja, novamente sua prima a estava usando para esconder um caso, só que agora um caso extra-conjugal.

Deca já estava quase alcançando o portão quando uma mão enorme e forte a segurou com força pelo braço a fazendo parar.
Ela levou um choque ao perceber que era o pai de Cristian. Ele parecia extremamente irritado e ela teve medo.

- Onde você pensa que vai mocinha?


- Por favor, me deixe ir. Se eu soubesse que os senhores não gostam dela, ou mesmo que a conheciam, eu jamais teria vindo aqui. Diga para o Cristian não se preocupar que não vou mais procura-lo.


- Acho melhor você sentar um pouco. Por Deus, parece que vai desmaiar.


- Não! Eu preciso ir embora, por favor, eu vou ficar bem. Eu prometo que não vou incomoda-los mais. Eu juro!


- Calma! Sente-se aqui! – ele a levou até um banco de pedra que ficava no jardim bem perto do portão, e a fez sentar-se. A fragilidade da menina o deixou preocupado, a princípio ela lhe parecera uma pessoa forte, alegre. Agora parecia um coelho assustado, tremendo dos pés a cabeça. – Vamos, tenha calma. Respire fundo. Isso! Mais uma vez...

Por InstintoOnde histórias criam vida. Descubra agora