À boca o velho amigo que o mata devagar
sob a fumaça e os encantos da droga diária
vence o silêncio em tragadas profundas
o cinzeiro sujo é como relógio, marca as horas
pode ouvir o estalar das folhas queimadas
exala pelo nariz nuvens embaçadas de confusão
a visão da corrente de ar atravessa os óculos
pensamentos vem e vão desordenados
bate o bastão para colher as cinzas mortas
ritual sem sentido que acolhe seu vazio
enquanto escreve sua existência
se aproxima mais de seu fim
onde está o isqueiro?
mais um capítulo
um novo processo velho
repetido angustiado
traga a vida pela boca
entre os dentes amarelados
corrói os pulmões e preenche os espaços
assim passa o tempo
que o detém ou que convém
vício antigo do homem
que não se incomoda
com a longevidade
vive apenas das baforadas
que exalam sua ausência
e marcam o sofá com queimaduras
os dedos com nicotina
as unhas com o rancor
de uma dor desconhecida
fumou aquela vida
como se fosse a última
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PoetryJá tenho um livro editado 'Noites em Claro' a venda na Kotter e Amazon. Aqui publico outros poemas não relacionados para divulgar meu trabalho. Espero que apreciem.