Queria ser Drummond
para saber das palavras, contar nossa história
em poesia ou prosa várias ventanias
sacudir teus cabelos e refrescar teu sorriso
mostrar apego, mas sem correntes
só massagem e química de pele e suor
um poeta certeiro, doce suave sem enjoo
sabor de bebidas e também tabaco
traduzir a força do dragão que me carrega
pelos céus deste mundão quando a tenho
o fogo todo que incendeia a alma, a vila
e a vida
trazer nos léxicos o conteúdo deste prazer
inexplicável do orgasmo que vivemos juntos
deleitar o corpo com passagens firmes
mãos ágeis e precisas, línguas safadas
ah os olhares na penumbra da noite fria
que contrastam com a pele quente friccionada
sob as tatuagens e os pelos, carne incandescente
da conjunção entre o rebelar e o sucumbir
talvez me negue as possibilidades de um jornal
fuja sim do cotidiano nefasto da era de aquário
mas me morda a carne em forma bissexta
abra a porta quando a quinzena chegar
criemos uma nova ortografia rebelde
fora dos padrões precisos da gramática
acentuada relação sem nexos ou réguas
borboletas em revoada breve no estômago aflito
sujeito e predicado em exclamação
queria ser Drummond!
teu autor dos acasos
o caso, teu caso
sempre quando for.
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PoesíaJá tenho um livro editado 'Noites em Claro' a venda na Kotter e Amazon. Aqui publico outros poemas não relacionados para divulgar meu trabalho. Espero que apreciem.